De 1990 para cá, o número de adultos com diabetes mais do que quadruplicou no mundo, superando 800 milhões de pessoas, conforme dados da revista “The Lancet”. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, esta é uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz. Para compreender o assunto, o blog Saúde e Você entrevistou o endocrinologista Dr. Guilherme Rollin, chefe do Serviço de Endocrinologia e Nutrologia do Hospital Moinhos de Vento.

De forma objetiva, o que é o diabetes?

Dr. Guilherme Rollin - O diabetes é caracterizado pelo aumento da glicose no sangue, ou seja, aumento da glicemia.

O que é o diabetes Tipo 1?

Dr. Guilherme Rollin - O diabetes Tipo 1 é uma doença autoimune caracterizada pela destruição das células beta, que são as células do pâncreas que produzem insulina. Por este motivo, os pacientes com diabetes Tipo 1 vão precisar de insulina para o resto da vida. Eles dependem da insulina para a sua sobrevivência. Como é uma doença autoimune, o próprio corpo produz anticorpos que vão destruir as células betas e esse indivíduo para de produzir insulina. Geralmente ocorre na infância e na adolescência e não tem associação com a obesidade. O pico de incidência normalmente é entre os sete ou nove anos de idade e, depois, mais perto dos vinte anos.

E o que é o diabetes Tipo 2?

Dr. Guilherme Rollin - O diabetes Tipo 2 é o mais comum e ocorre em 90% dos pacientes adultos (com  mais de 35 anos de idade) que apresentam a doença, estando associado à obesidade. É caracterizado por uma dificuldade na ação da insulina, que não consegue funcionar de maneira adequada. Ou seja, a insulina não consegue colocar a glicose para dentro da célula e com isso ocorre o aumento da glicemia. Para isso acontecer, a célula beta, que produz a insulina, também tem que ter um grau de distúrbio, de disfunção. Assim, o diabetes Tipo 2 é caracterizado por um estado de resistência à insulina associado a uma disfunção da célula beta. Isso quer dizer que o pâncreas daquele indivíduo não consegue produzir insulina suficiente para vencer essa resistência insulínica e com isso a glicose aumenta no sangue.

Uma criança pode nascer com diabetes?

Dr. Guilherme Rollin - É muito raro a criança nascer com diabetes. Existem causas genéticas ou síndromes genéticas de diabetes que cursam com hiperglicemia neonatal, ou seja, logo ao ao nascimento. Mas são situações muito raras e não são importantes do ponto de vista de saúde pública. 

Quais são os sinais e sintomas do diabetes?

Dr. Guilherme Rollin - Em relação às manifestações clínicas, realmente há uma diferença entre o diabetes Tipo 1 e o Tipo 2, lembrando que o diabetes Tipo 1 é mais comum em crianças e adolescentes e o Tipo 2 em adultos e mais idosos.

No diabetes Tipo 1, as manifestações clínicas são:

- Excesso de urina (chamada de poliúria);

- Excesso de sede (chamada de polidipsia);

- Excesso de fome (chamada de polifagia).

Como a hiperglicemia ocorre de uma maneira mais abrupta, mais aguda, essas crianças e adolescentes apresentam sintomas típicos. Também ocorrem fraqueza, cansaço, perda de peso, mesmo a criança se alimentando bem. E, em casos mais graves, pode evoluir até para o coma, após a perda de consciência.

No diabetes Tipo 2 (que é do adulto ou do idoso), a instalação da hiperglicemia, ou seja, do aumento da glicose é lento. É uma doença muito insidiosa. Essas pessoas, na grande maioria das vezes, são assintomáticas ou se adaptam aos sintomas leves e não percebem a doença. Por isso, é fundamental a realização do exame de sangue e dos exames preventivos ou check-up. 

Quais são os fatores de risco para o diabetes Tipo 2?

Dr. Guilherme Rollin - Os fatores de risco de ter diabetes tipo 2, são:

- Estar com mais de 35 anos de idade (quanto mais velho, maior a chance de desenvolver a doença);

- Ter sofrido aumento de peso;

- Estar com obesidade;

- Ser sedentário;

- Ter história familiar de diabetes (com pai, mãe ou irmão). 

Nestes casos, é preciso estar atento e não podemos esperar a ocorrência dos sinais e sintomas típicos do diabetes Tipo 1 para fazer um exame de sangue. A glicose sobe um pouco e não apresenta absolutamente nenhum sinal e nenhum sintoma. Por isso, a importância da realização do exame preventivo, exame de sangue, para dosar a glicose no sangue.

O diabetes tem cura?

Dr. Guilherme Rollin - A cura do diabetes é uma questão polêmica. Não existe consenso. Vamos primeiro falar em diabete Tipo 1. Uma vez que o pâncreas está destruído, ou seja, as células que produzem insulina estão destruídas, só vai ocorrer a cura do diabetes Tipo 1 quando ocorrer um transplante de pâncreas ou transplante das ilhotas, que são as células que produzem insulina. Mas os pacientes têm que ser muito bem selecionados.

Quando falamos em diabetes Tipo 2 talvez a palavra mais adequada não seja a “cura”, mas, sim, a “remissão da doença”. Ou seja, alcançar níveis de glicemia perto dos níveis normais. E existe um critério interessante que é a hemoglobina glicada. Trata-se de um exame que representa a média da glicose. Aqueles pacientes que atingem uma hemoglobina glicada menor do que 6,5 (na ausência da necessidade de usar algum antidiabético), podem ser considerados em remissão do diabetes. 

Nesse contexto, podemos dizer que aqueles indivíduos que conseguem reduzir o peso de maneira significativa e que não têm a doença há muito tempo, apresentam, realmente, a chance de entrar em remissão da doença. Esse emagrecimento pode ocorrer com uma dieta rigorosa associada com outros medicamentos que causam perda de peso ou com a cirurgia bariátrica. Mas se essa pessoa parar de se cuidar e recuperar o peso perdido, pode voltar a ter diabetes.

Como prevenir o diabetes Tipo 2?

Dr. Guilherme Rollin - O mais importante na prevenção do diabetes Tipo 2, que está associado à obesidade e a um estilo de vida não saudável, é justamente a necessidade de mudar esses hábitos. Então, aqueles indivíduos que praticam exercícios, consomem uma alimentação saudável e que evitam o aumento de peso, estarão prevenindo ou diminuindo o risco de vir a ter diabetes. Por enquanto, a gente não consegue mudar isso, pois é uma tendência genética. Depende da história familiar das pessoas com diabetes.

De que forma o Hospital Moinhos de Vento pode ajudar o paciente com diabetes?

Dr. Guilherme Rollin - No Hospital Moinhos de Vento temos o Ambulatório de Diabetes e o Ambulatório de Obesidade. São locais que oferecem um atendimento aos pacientes com obesidade e diabetes para melhorar o seu tratamento, com um atendimento multidisciplinar. No indivíduo com obesidade, visa a prevenção do diabetes e, nos que têm diabetes, objetiva o tratamento da doença para a prevenção das complicações crônicas do diabetes. Então, nós atendemos de maneira sistematizada e organizada no Ambulatório de Obesidade e no Ambulatório de Diabetes do Hospital Moinhos de Vento. 

Em relação ao diabetes, também contamos com o Ambulatório de Diabetes Infantil, voltado, especificamente, para pacientes que tenham diabetes Tipo 1 e que estão ainda na faixa etária da infância e adolescência, e com o Ambulatório do Pé Diabético, onde são prevenidas úlceras na pele provocadas pela doença. 

Fonte: O Dr. Guilherme Rollin (CRM 21.531) é chefe do Serviço de Endocrinologia e Nutrologia do Hospital Moinhos de Vento.

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Prêmios e Certificações

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