“Todo mundo quer viver muito tempo, mas ninguém quer ficar velho.” A frase, atribuída ao escritor anglo-irlandês Jonathan Swift, autor do romance “As Viagens de Gulliver”, tem cerca de 300 anos de idade e ainda é muito atual. Afinal, quem não quer viver bastante e com qualidade? Mas como chegar ou passar dos 100 anos com saúde? Para responder a esta questão, o blog Saúde e Você entrevistou o Dr. Alexander Welaussen Daudt, oncologista clínico e coordenador do Centro de Medicina de Estilo de Vida (MEV) do Hospital Moinhos de Vento.

“Blue Zones”

Segundo ele, documentários internacionais e entrevistas recentes têm chamado a atenção para as Zonas Azuis, chamadas de “Blue Zones” em inglês. São regiões do mundo que possuem um número maior de indivíduos com 90 anos ou mais. “A primeira “Blue Zone” descrita foi na Sardenha (Região de Barbagia), em 2004. Posteriormente, outras 4 regiões foram relatadas, incluindo Okinawa (no Japão), Nicoya (na Costa Rica), Ikaria (na Grécia) e Loma Linda (nos Estados Unidos)”, recorda.

Quais são os princípios que contribuem para a longevidade?

Dr. Alexander Welaussen Daudt ressalta que, entre os princípios comuns das Zonas Azuis que contribuem para a longevidade, estão: "mover-se naturalmente, comer com sabedoria, melhorar a resiliência ao estresse, dormir adequadamente, manter fortes laços familiares, estimular um forte apoio comunitário, respeito pelo planeta e ter um propósito na vida".

Entre as dicas, o oncologista clínico do Hospital Moinhos de Vento destaca:

1. A longevidade ideal é quando o tempo de vida é igual ao tempo com saúde;
2. A fórmula perfeita para viver bem e por muitos anos depende 10% dos genes (ou seja, da hereditariedade) e 90% do estilo de vida;
3. Ter bons relacionamentos contribui para o bem-estar e a felicidade, protegendo corpo, cérebro e memórias por mais tempo;
4. Adotar hábitos saudáveis pode prevenir cerca de 90% dos casos de diabetes, 80% de infartos do miocárdio, 50% dos AVCs (Acidentes Vasculares Cerebrais) e 35% de todos os tipos de câncer;
5. Cessar o tabagismo;
6. Evitar o álcool (devido à natureza viciante da substância e vários outros efeitos colaterais) e o consumo de sal, alimentos processados, doces, comidas ricas em ácidos graxos trans e carne vermelha;
7. Aumentar o consumo de frutas, verduras, cereais, castanhas, sementes, leguminosas e azeite de oliva e moderar a ingestão de laticínios;
8. Optar por peixes e carne de aves, que oferecem diversos benefícios à saúde, como proteção contra a obesidade, diabetes mellitus tipo 2, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares e diversos tipos de câncer;
9. Realizar atividades físicas. A meta da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê o mínimo de 150 minutos de exercícios na semana, o que pode ser uma caminhada de apenas 30 minutos por dia, 5 vezes por semana. Os moradores das Zonas Azuis, justamente preferem modalidades aeróbicas, como caminhar, cultivar uma horta e realizar tarefas domésticas. Ou seja, optam por "mover-se naturalmente", o que é muito recomendado;
10.  Estar junto à natureza. Idealmente, é indicado fazer estas atividades físicas em ambientes abertos, que podem ser parques, pracinhas ou no meio de árvores. Isto traz benefícios adicionais comprovados, como a melhora no humor, socialização e a diminuição da pressão arterial. Os resultados do chamado “banho de floresta” (ou shinrin-yoku) estão sendo estudados e já foram comprovados no Japão.

Ficou motivado? Então, dê uma lida nestas sugestões de leitura para sair do sedentarismo em 2024: “Diretrizes da OMS para atividade física e comportamento sedentário: num piscar de olhos” e o “Guia de Atividade Física para a População Brasileira”. Tem dicas bem acessíveis e para todas as idades!

Fonte: O Dr. Alexander Welaussen Daudt (CRM 10624) é oncologista clínico, coordenador do Centro de Medicina de Estilo de Vida (MEV) do Hospital Moinhos de Vento e preceptor da Residência Médica em Oncologia da instituição. Possui Certificação em MEV pelo ACLM (“American College of Lifestyle Medicine”) e pelo Colégio Brasileiro de Medicina Estilo de Vida.