Apesar dos altos índices no Brasil e no mundo, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) ainda gera muitas dúvidas na população. Pensando nisso, o blog Saúde e Você entrevistou a Dra. Sheila Martins, chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento e presidente da “World Stroke Organization”, que desvendou alguns mitos que cercam a doença.

 

1)    Em média, a cada seis segundos uma pessoa morre vítima de Acidente Vascular Cerebral (AVC), segundo a OMS.

Dra. Sheila Martins – Verdade. A cada seis segundos uma pessoa morre por AVC, no mundo. Ao ano, são treze milhões de casos em todo o planeta e, desses, 6,6 milhões são fatais. Se a gente não atuar agora, modificando o cuidado do AVC, em 2050 a estimativa é que nós teremos dez milhões de mortes, por ano, no mundo causadas por AVC.

 

2)    Com índices altos, o AVC é considerado uma das principais causas de morte no Brasil.

Dra. Sheila Martins - Por trinta anos, o AVC foi a primeira causa de morte no Brasil. Isso mudou em 2011, quando o AVC passou a ser a segunda causa de morte. Com a pandemia e desorganização dos serviços, o AVC voltou a ser a primeira causa de morte no Brasil. Então está correto. A afirmativa é verdadeira. O AVC é a primeira causa de morte no país hoje.

 

3)    A doença é 100% hereditária e NÃO pode ser evitada.

Dra. Sheila Martins – Mito. Cerca de 90% dos casos de AVC podem ser prevenidos se a gente atuar em 10 fatores de risco, que são:

- hipertensão;

- diabetes;

- colesterol elevado;

- fibrilação atrial (que é a principal arritmia cardíaca);

- fumo;

- sedentarismo;

- obesidade;

- alimentação inadequada;

- abuso de álcool;

- depressão e estresse.

 

4)    Os AVCs são classificados como hemorrágico ou isquêmico, sendo este último o mais frequente.

Dra. Sheila Martins – Verdade. Nós temos dois tipos de AVC. O isquêmico, quando entope a circulação e falta sangue em uma região do cérebro; que corresponde a 85% dos casos. E o hemorrágico, quando rompe um vaso sanguíneo cerebral e espalha sangue pelo cérebro; que equivale a 10/15% dos casos.

 

5)    Quanto mais rápido o tratamento, maior a chance de recuperação completa do paciente.

Dra. Sheila Martins – Verdade. Quanto mais rápido o tratamento, maior a chance do paciente se recuperar parcial ou completamente dos sintomas. Então, chegar rápido em um centro de AVC pode fazer uma enorme diferença na diminuição das sequelas.

 

6)    Entre os principais sinais de alerta, está a dor de cabeça súbita e sem causa aparente.

Dra. Sheila Martins – Verdade, a dor de cabeça súbita (sem causa aparente) é um sinal de AVC, mas, lembrando, que ela é muito mais comum em um AVC hemorrágico, que é a minoria dos casos. Então, não espere por dor de cabeça para pensar que a pessoa está tendo um AVC. Os outros sinais e sintomas são muito mais comuns.

O AVC ocorre sempre de maneira súbita, apresentando:

- perda de força ou dormência (geralmente em uma metade do corpo);

- dificuldade para falar ou compreender a fala;

- dificuldade para enxergar em um olho, dois olhos ou numa metade de cada olho;

- tontura que se manifesta com uma sensação rotatória, associada à falta de equilíbrio e coordenação;

- dor de cabeça súbita sem causa aparente.

Qualquer desses sinais - até provem contrário - o paciente tem que ir imediatamente para um centro de AVC.

 

7)    Apesar de graves, a hipertensão, o diabetes, o tabagismo, o consumo frequente de álcool, o estresse, o colesterol elevado, as doenças cardiovasculares e o sedentarismo NÃO são fatores de risco para o surgimento de um AVC.

Dra. Sheila Martins – Mito. Esses são os principais fatores de risco para o AVC. Como dito anteriormente, tratando esses fatores de risco, reduzimos em 90% das causas de AVC.

 

8)    Mesmo com índices altos, não há estudos recentes e nem novos tratamentos para a prevenção do AVC.

Dra. Sheila Martins – Mito. Hoje, nós temos tratamentos que podem mudar a história natural do AVC, diminuindo ou até evitando as sequelas. E também na prevenção. Hoje, sabemos o que temos que fazer para prevenir um AVC.

Então:

- identifique os seus próprios fatores de risco;

- trate-os para evitar um AVC;

- se o AVC acontecer, saiba que ele tem tratamento se o paciente chegar o mais rápido possível em um centro especializado - idealmente chamando o SAMU (192) que direciona o paciente para o hospital correto.

 

9)    Pacientes que tiveram AVC podem ser mais propensos a desenvolverem um quadro de declínio cognitivo ou demência.

Dra. Sheila Martins – Verdade. Dos pacientes que tiveram AVC, em torno de 30% dos casos têm demência em um ano ou declínio cognitivo (que é a perda de memória), o que faz com que a pessoa não consiga mais gerenciar a sua própria vida. Então, o principal remédio é a prevenção.

 

10)  Manter a pressão arterial e o colesterol baixos e ter um estilo de vida mais saudável podem reduzir o risco de um AVC e do declínio cognitivo.

Dra. Sheila Martins – Verdade. Manter a pressão arterial controlada, o colesterol baixo e ter um estilo de vida mais saudável, com alimentação sadia, atividades físicas, peso adequado, sem fumar e com diminuição do consumo de álcool pode reduzir, enormemente, o risco de AVC e o declínio cognitivo.

 

Caso queira saber mais, saiba que o Hospital Moinhos de Vento conta com o Núcleo de Acidente Vascular Cerebral (AVC). O local presta assistência integral ao paciente, contemplando a prevenção, o atendimento de emergência e a reabilitação. Além disso, desenvolve atividades de orientação e educação para pacientes, familiares e cuidadores, bem como projetos de pesquisa e atividades científicas para médicos e demais profissionais da saúde. Para mais informações, entre em contato pelo telefone: (51) 3314-3434.

 

Fonte: A Dra. Sheila Martins (CRM 20989) é chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento e presidente da “World Stroke Organization”.

 

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Prêmios e Certificações

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