No mês em que o Outubro Rosa é realizado no mundo, o Núcleo Mama Moinhos, do Hospital Moinhos de Vento, comemora a aquisição de um aparelho que deve agilizar e qualificar as cirurgias para a investigação do câncer de mama, especialmente em estágio inicial. E, neste ano, a campanha do Ministério da Saúde (MS) e do Instituto Nacional de Câncer (INCA) justamente tem como objetivo motivar e informar a população e os profissionais de saúde para as ações de controle e cuidado integral relativos aos câncer de mama e do colo do útero, com foco na prevenção e na detecção precoce.
Qual é a importância de falar sobre o câncer de mama no Brasil e no mundo?
Segundo o INCA, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres de todas as regiões do Brasil, com taxas mais altas nas regiões Sul e Sudeste. Para cada ano do triênio 2023-2025 são 73.610 casos novos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 41,89 casos por 100.000 mulheres.
Conforme estimativas do Observatório Mundial do Câncer, da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), da Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer de mama feminino é o segundo tipo mais comum em todo o mundo, somando 2,3 milhões de casos. A neoplasia fica atrás, apenas, do câncer de pulmão, com 2,5 milhões de novos casos.
Existe alguma boa notícia em relação ao câncer de mama?
A boa notícia é que, quando detectado em estágios iniciais e localizado, a taxa de sobrevida relativa de 5 anos do câncer de mama é de 95%. Por isso, a importância da prevenção primária e da detecção precoce, que contribuem para a redução dos números de incidência e mortalidade.
Afinal, como funciona o aparelho Faxitron?
A Dra. Maira Caleffi, mastologista e chefe do Núcleo Mama Moinhos, explica que o Faxitron, recentemente adquirido pelo Hospital, veio para aumentar a segurança da paciente que vai ser operada por microcalcificações ou localizar áreas com um tumor muito pequeno com clip metálico; sendo considerado um equipamento moderno e de qualidade.
“O aparelho fica dentro da sala cirúrgica, ao lado do cirurgião ou da cirurgiã, e a peça cirúrgica (contendo as microcalcificações ou o tecido mamário com o clip) previamente localizada pela mamografia é colocada exatamente no mesmo sentido em que estava na paciente. Após, realizamos uma nova espécie de mamografia de alta resolução. Ou seja, trata-se de um raio X que consegue identificar as margens cirúrgicas na própria sala de cirurgia, evitando o tempo de espera da paciente, durante o transoperatório. Antes, a peça normalmente era encaminhada até um aparelho de mamografia convencional que geralmente ficava longe do bloco cirúrgico. Agora, na mesma hora conseguimos avaliar as margens cirúrgicas para ver se todo o material desejado, contendo as microcalcificações ou o clip, estão na peça”, compara.
Quais são as outras vantagens deste novo equipamento adquirido pelo Hospital Moinhos?
“Assim que identificada pelo Faxitron, a peça contendo as microcalcificações ou o clip metálico pode ser colocada imediatamente dentro da solução de formalina a 10% (que é o líquido onde ela vai ser preservada), sem perder tempo. Isso é muito importante porque o tempo é um fator essencial para a preservação de todas as células e receptores hormonais, por exemplo, que vão servir para orientar sobre futuros tratamentos, no caso, de células malignas de câncer de mama”, esclarece a Dra. Maira Caleffi, que também é fundadora de duas instituições filantrópicas (IMAMA e Femama), do IGCC - Instituto de Governança e Controle do Câncer e do próprio Núcleo Mama Moinhos.
Por que a senhora fala em maior segurança com o uso deste novo aparelho?
“Falo em maior segurança, porque a peça não sai de dentro do bloco cirúrgico antes de ser analisada e colocada no fixador. Primeiro, nesse vai e vem, ela poderia ser perdida ou extraviada. Segundo, a análise por imunohistoquímica de receptores é tempo-sensível, então, esta é uma fase pré-analítica, ou seja, antes de uma análise feita pelo patologista que é essencial para identificar o perfil tumoral e o correto tratamento. E, como disse anteriormente, sabemos da importância de colocar a peça imediatamente em solução de formalina”, justifica.
Qual é a maior vantagem para a paciente?
“A maior vantagem para a paciente é que essa se tornou uma cirurgia muito mais rápida, diminuindo praticamente para 30 a 40 minutos de procedimento. Antes, era um vai e vem que dependia de transporte, de fazer uma mamografia da peça no departamento de radiologia, de comunicar o cirurgião e, no caso das microcalcificações tocarem as margens da cirurgia, ter que ampliar a sua abrangência para retirá-las por completo. E isso poderia levar mais de duas horas”, analisa.
“Outra vantagem é que a peça é colocada com o que chamamos de fios de reparo, que indicam qual era a sua localização original, seja superior ou lateral, por exemplo. Então, a patologista vai ter essa informação e uma cópia da radiografia, indicando exatamente o local de onde ela foi retirada da mama. É algo muito preciso, que vai ajudar na qualidade da cirurgia”, garante a médica mastologista.
E a senhora acredita que este tipo de operação veio para ficar e será rotina em um futuro próximo?
“Isso está acontecendo com muitos tipos de tecnologia para tornar as cirurgias mais seguras e precisas e, ao mesmo tempo, mais conservadoras. Então, vamos conseguir monitorar a retirada (da peça) em tempo real, por meio de um aparelho que está dentro da própria sala cirúrgica. É certo que isso veio para ficar e passa a ser uma rotina para todos nós, que realizamos esses procedimentos no Hospital Moinhos de Vento”, avalia a Dra. Maira Caleffi.
Como foi a primeira cirurgia realizada com o Faxitron no Hospital Moinhos?
“A nossa primeira cirurgia com o Faxitron foi realizada no dia 08 de outubro e podemos considerá-la um verdadeiro sucesso. Deu muito certo! Foi rápida! Nós conseguimos localizar as microcalcificações e ainda visualizamos que não havia margem comprometida. Assim, ao invés de demorarmos uma hora e meia no procedimento, levamos cerca de vinte minutos”, comemora.
E qual é o diferencial da equipe do Núcleo Mama?
“Tecnologia de ponta é essencial. Mas também é muito importante podermos contar com uma equipe multiprofissional para atender uma paciente com câncer de mama. E todos esses cuidados com a segurança e com a peça cirúrgica, com rigor científico em determinar o diagnóstico e o tratamento, fazem parte do nosso dia a dia há vinte e um anos dentro do Núcleo Mama Moinhos”, reconhece a médica.
Fonte: Dra. Maira Caleffi (CRM RS 11827) é médica mastologista e chefe do Núcleo Mama Moinhos, do Hospital Moinhos de Vento. Fundou e preside, voluntariamente, a Femama - Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama. Também estabeleceu e hoje é presidente de honra, fundadora, do IMAMA - Instituto da Mama do RS. Além disso, atua como presidente do Conselho de Diretores do IGCC - Instituto de Governança e Controle do Câncer e faz parte do “Board Internacional” da União Internacional de Controle do Câncer (UICC), em Genebra, na Suíça.