O tipo de câncer que mais acomete as mulheres no mundo é o de mama. Os dados são do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Para 2023, foram previstos 73.610 novos casos da doença apenas no Brasil. As maiores taxas de incidência e de mortalidade estão nas regiões Sul e Sudeste do país. Entretanto, se detectada em estágios iniciais, a neoplasia tem até 95% de chance de cura.
Para contribuir com estes índices de cura surgiu o Núcleo Mama, do Hospital Moinhos de Vento, que neste ano completa duas décadas de atividades, comemorando resultados positivos e indicadores semelhantes aos dos melhores centros internacionais do mundo. Assim, aproveitando o período de mais uma edição do Outubro Rosa, o blog Saúde e Você entrevistou a Dra. Maira Caleffi, chefe do Núcleo Mama, para compreender se o combate à doença progrediu, de fato, e quais são as novidades que podem contribuir para uma recuperação plena.
Houve evolução no tratamento do câncer de mama?
Dra. Maira Caleffi – O tratamento do câncer de mama evoluiu muito, especialmente nos últimos 10 anos. Hoje, ele precisa ser personalizado, tanto do ponto de vista da pessoa com o diagnóstico de câncer quanto do perfil do tumor; muito além do que já se sabia, como estágio e localização da doença. Por isso, é muito importante que uma equipe multiprofissional avalie todas as características do indivíduo com câncer e suas células tumorais.
Como contribuir com a confiança da paciente, após o diagnóstico de câncer de mama?
Dra. Maira Caleffi – O medo e a insegurança vão diminuindo conforme a pessoa vai conhecendo a sua jornada e a doença que possui, através de informações de qualidade fornecidas pela própria equipe profissional que está lhe assistindo. A internet e o “doutor Google” podem gerar muita ansiedade, pois os mesmos não conhecem detalhes de cada paciente e sua doença, como a equipe assistencial.
E sobre a idade? A neoplasia tem se manifestado em pacientes cada vez mais jovens? Em que faixa etária?
Dra. Maira Caleffi – Existe uma tendência (da qual ainda não se sabe o motivo) de mais diagnósticos estarem ocorrendo em pessoas com menos de 50 anos de idade, até porque temos muitas mulheres de 30 a 50 anos no Brasil, na pirâmide populacional. São quase 40% dos casos acontecendo nessa faixa etária.
O Colégio Brasileiro de Radiologia publicou recentemente um posicionamento baseado em evidências científicas brasileiras de que precisamos começar o rastreio sistemático do câncer de mama, anualmente, a partir dos 40 anos, corroborando com o que a Femama e Sociedades Médicas Brasileiras advogam.
O ultrassom (ou ecografia mamária) é um grande aliado à mamografia em mamas densas e mais jovens. Nódulos mamários que aparecem antes dos 40 anos precisam ser investigados e acompanhados pelo mastologista. Portanto, atualmente, não é mais considerado raridade ver casos acontecendo aos 25-35 anos e antes dos 40.
E quais foram os avanços em relação aos serviços oferecidos pelo Núcleo Mama?
Dra. Maira Caleffi – O Núcleo Mama teve vários avanços, como, por exemplo:
- Na área da biologia molecular, que estuda o perfil do tumor;
- No uso de tratamentos alvo específicos para atuarem dentro das células de câncer (tendo menos efeito nas sadias);
- Na agilidade do diagnóstico de precisão (que se faz tão necessário);
- Nas técnicas modernas de cirurgia do câncer e reconstrução mamária;
- No uso da radioterapia fracionada (com menos tempo de exposição);
- E, principalmente, ao ampliar o seu olhar para 360 graus, onde o paciente está no centro do cuidado.
Qual é o maior diferencial do Núcleo Mama e quais são os índices de cura?
Dra. Maira Caleffi – O Núcleo Mama Moinhos se preocupa com a agilidade e excelência em fazer o diagnóstico preciso para cada paciente, em particular. Também discute os casos em reunião multiprofissional e conta com um programa de navegação com enfermeiras treinadas para todas as pessoas com diagnóstico de câncer de mama, em toda a sua jornada. Temos indicadores de desfechos e índices de cura - em 5 e 10 anos - comparáveis com os melhores centros internacionais.
Fonte: Dra. Maira Caleffi (CRM RS 11827) é médica mastologista e chefe do Núcleo Mama do Hospital Moinhos de Vento. Fundou e preside, voluntariamente, a Femama - Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama. Também fundou e hoje é presidente de honra do IMAMA – Instituto da Mama do RS. Além disso, atua como presidente do Conselho de Diretores do IGCC - Instituto de Governança e Controle do Câncer.