Após seis meses de alegria com o nascimento da sua segunda filha, Rosemeire Lessi, teve que passar seu primeiro dia das mães na UTI Pediátrica. Com cinco meses de vida, Júlia tinha sido diagnosticada com bronquiolite viral aguda (BVA) e teve que ficar em observação. “O início foi muito sutil, uma tosse, mal-estar, noite mal dormida, até que começou um desconforto respiratório. Procurei a emergência do hospital e o médico falou que ia ter que internar para poder observar e fazer a coleta do vírus”, relata Rosemeire.  
O início foi muito sutil, uma tosse, mal-estar, noite mal dormida, até que começou um desconforto respiratório.
  Essa coleta revelaria o vírus sincicial respiratório (VSR) que, segundo a Dra. Tatiana Romanoff Simões, pediatra do Serviço de Pediatria do Hospital Moinhos de Vento, é o principal responsável por causar a bronquiolite viral aguda e pneumonia. “As infecções por VSR ocorrem principalmente nos primeiros dois anos de vida, com pico de incidência no primeiro semestre, sendo a média de pacientes internados entre três e quatro meses. Os quadros mais graves ocorrem em prematuros, cardiopatas, imunodeprimidos e pneumopatas”. De acordo com pesquisa do Brazilian Respiratory Virus Study (BREVI), o VSR é responsável por 66,7% dos casos de hospitalização de bebês prematuros. “Eles são mais atingidos por terem sistema imune imaturo, reduzida passagem de anticorpos maternos e menor calibre de vias aéreas. Além disso, podem ter outros fatores de risco associados como anemia, desmame precoce, infecções associadas, uso de corticosteróides e baixa reserva energética”, explica a pediatra. O tempo frio é o momento de maior circulação desse vírus. “A aquisição do VSR ocorre por contato direto com secreções respiratórias. A transmissão ocorre, em geral, por meio das mãos ou objetos contaminados com as conjuntivas e a mucosa nasal”, afirma. Rosemeire acredita que esse foi o caso com sua filha. “Seguramente foi por causa deste clima de outono com cara de inverno, além do contato com outras crianças no berçário. Já tinha ouvido falar de alguns casos ocorrendo, talvez algumas delas com o mesmo problema, mas na Júlia deve ter impactado mais”. A mãe lembra também que havia sido informada pela equipe médica no início da internação como seria a evolução do caso. “Ela entrou descompensada, houve um agravamento e depois começou a melhora. Nessa fase da piora, a equipe médica disse que seria mais seguro deixar na UTI Pediátrica, onde o monitoramento é maior. Apesar de ter entendido, ver que a minha filha precisava de um suporte de UTI foi um baque”.  
Esse foi o momento mais difícil de toda a minha vida, sem dúvida
  A fase em que ocorre o agravamento do caso é a mais delicada. Rosemeire lembra dos obstáculos que Júlia passou nesse momento. “A dificuldade de respirar era muito maior, ela começou a não ter forças para mamar e por conta desse esforço ela começou a ficar sonolenta. Esse foi o momento mais difícil de toda a minha vida, sem dúvida”.  

Cuidados continuam após a melhora

Passado o susto, Júlia voltou a se desenvolver normalmente e algumas atitudes mudaram na família para que esse fato não volte a acontecer. “Recebemos a orientação que toda a família tenha uma higienização sistemática das mãos. Se possível, que também se tome banho antes de pegá-la. Também optamos por mantê-la em casa nesse inverno e voltar apenas quando a primavera firmar”, diz, já aliviada, Rosemeire. E é exatamente isso que recomenda a Dra. Tatiana Romanoff Simões. Além da higienização e retirada de locais com muitas crianças, ela acrescenta que outros cuidados também devem ser tomados para ter uma melhor prevenção. “Evitar exposição passiva ao fumo, incentivar o aleitamento materno, evitar contato com pessoas com infecções respiratórias, vacinação contra Influenza”.  

Pressa no tratamento pode ser prejudicial

Na busca de uma melhora rápida do quadro, muitos pais acabam pedindo medicações no consultório. A pediatra conta que isso se deve a demora na evolução da BVA. “Eles querem uma medicação específica, um xarope e, às vezes, até um antibiótico, mas o tratamento é basicamente de suporte”. Rosemeire diz opor-se a essa prática. “Eu sou contra a automedicação, então, quando ligou o sinal de alerta, eu levei diretamente para a avaliação médica. Foi a melhor coisa que fiz, pois não se usa medicamento nesse caso. Se eu tivesse dado algum remédio, eu poderia ter tido um desfecho totalmente diferente. Essa atitude pode valer uma vida”.
Dra. Tatiana Romanoff Simões (CRM: 26354), pediatra do Serviço de Pediatria do Hospital Moinhos de Vento

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