Um estudo realizado pela Embrapa concluiu que mais de 80% da população brasileira vive em áreas urbanas do país. Pode-se dizer que cerca de 160 milhões de brasileiros convivem com pouco ou nenhum contato com a natureza. Nas grandes metrópoles, o cotidiano é, geralmente, turbulento, caótico, estressante e sem grandes possibilidades de contemplação da natureza e da sua forma tranquila. No entanto, a falta de ar puro e zonas verdes influenciam de maneira profunda no jeito que o nosso organismo funciona, sobretudo em períodos de recuperação de alguma enfermidade. De acordo com os resultados de um teste realizado em hospitais na Coreia do Sul, relacionando plantas e pessoas em processos de recuperação, pacientes hospitalizados em quartos com vegetação ou perto de janelas com vista para árvores apresentaram sentimentos mais positivos, menos dor, ansiedade e fadiga. Além disso, tiveram seus níveis de pressão sanguínea mais baixos, em relação àqueles que se encontravam em quartos mais fechados, com vista menos privilegiadas. Somado a isso, trabalhos científicos realizados por equipes do Reino Unido e Austrália confirmaram que pessoas que moram em centros urbanos, mas que frequentemente visitam áreas verdes, conseguem minimizar os níveis de estresse e evitar quadros de ansiedade e depressão. Elas também apresentaram menores chances de desenvolver pressão alta, devido à predisposição para realização de exercícios físicos, outro benefício fortemente associado ao contato com a natureza. De maneira geral, para além da saúde física, estar em contato com a natureza contribui com o humor e a sociabilidade.

Bosque Schwester Ires Spier

Neste Dia da Árvore, 21.09, o Hospital Moinhos de Vento reforça que o seu propósito é de cuidar de todas as formas de vida, sejam elas humanas, animais ou plantas. No centro da sua sede, encontra-se o Bosque Schwester Ires Spier. Um refúgio verde, com quase 90 anos de existência. O local possui uma extensão de três mil m², sendo 10% da área total do complexo. É formada por 746 árvores de 86 espécies diferentes, onde vivem 28 das 170 espécies de aves de Porto Alegre, ou seja, 16% do total de espécies de aves existentes na cidade. Segundo Rogério Almeida da Silva, Gestor Ambiental do Hospital, o Bosque tem um significado mais que especial, pois simboliza o cuidado e o respeito pelo meio ambiente. “Queremos que este legado se perpetue e sirva de aprendizado para as próximas gerações como exemplo de cuidado, dedicação e amor ao próximo”, afirma.

Um problema que é nosso

Entretanto, mesmo que muitas ações estejam sendo feitas para preservar a natureza, não se pode deixar de olhar e comentar sobre um cenário atual: a destruição do Pantanal pelas queimadas. O patrimônio nacional está sofrendo a maior devastação de sua história. O impacto desta tragédia é tão incerto que os cientistas ainda não conseguem dizer como, quando ou se o bioma da região poderá se regenerar. De acordo com o professor do Instituto de Biologia da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul) Geraldo Alves Damasceno Junior, a região possui uma enorme capacidade de absorção de carbono, o que a torna super relevante no contexto de mudanças climáticas. Ao absorver a grande quantidade de carbono emitida por veículos, fábricas, uso de combustíveis fósseis, entre outros, o Pantanal ajuda a reduzir os efeitos do gás na atmosfera. Perder parte do Pantanal significa perder uma rica biodiversidade. No Pantanal, já foram registradas pelo menos 3.500 espécies de plantas (árvores e vegetações aquáticas e terrestres), 656 aves, 325 peixes, 159 mamíferos, 98 répteis e 53 anfíbios. Devido a sua importância ambiental, o bioma foi decretado Patrimônio Nacional e Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera, pela Constituição de 1988 e pelas Nações Unidas em 2000, consecutivamente. “Lembre-se sempre de cuidar e apreciar a natureza ao seu redor. A data de hoje é apenas uma ótima desculpa para termos em mente o quanto as árvores são importantes para a nossa vida e das futuras gerações”, conclui Rogério.