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June 6, 2024 |Institucional
“As pessoas eram deixadas na porta por quem fazia os resgates na BR-116. Estavam devastadas e perdidas”. O relato de Jeniffer Lorenzi é mais um a se somar a outras centenas de narrativas dramáticas de profissionais da saúde que atuaram de forma voluntária no acolhimento à população afetada pelas enchentes no Rio Grande do Sul. A coordenadora da enfermagem da Pediatria do Hospital Moinhos de Vento participou da abertura de um abrigo no bairro São José, em Canoas, onde mora.
O espaço, que chegou a abrigar 230 pessoas, conseguiu se estruturar para oferecer atendimento aos desabrigados. Com apoio de enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos e acadêmicos voluntários, virou referência para o atendimento de 700 pessoas, acolhidas em três abrigos do bairro. O voluntariado foi prestado por duas semanas, até que o município reestruturasse seus serviços em saúde e assumisse a gestão dos locais. “Nessas horas é mais do que a habilidade de assistência exercida na profissão, é a consciência da missão que move todo profissional de saúde: a de cuidar de vidas” conclui Jeniffer.
Embora estejam habituados à rotina de plantões, a experiência vivenciada por esses profissionais ao longo de maio foi incomum. Enfermeiros e técnicos de enfermagem dobraram as horas de trabalho — parte em seus serviços e parte no voluntariado. E assim como Jeniffer, muitos outros trabalhadores do Hospital Moinhos de Vento dão seguimento às atividades voluntárias. A instituição, por meio do Instituto Moinhos Social (IMS), já prestou auxílio a mais de 60 abrigos e envolveu mais de 500 pessoas.
Espírito de cuidado
Ao perceber o cenário da catástrofe, no dia 4 de maio, a enfermeira Karina Martins não titubeou e se deslocou para o abrigo que estava se formando na Ulbra, em Canoas. Logo na entrada, recebeu um par de luvas e uma orientação: fazer o que pudesse ser feito. “A primeira função foi o acolhimento, ouvir pessoas que estavam desnorteadas com o que tinham acabado de viver. Eram crianças perdidas pedindo pelas mães, pais buscando filhos, pessoas agarradas em seus bichinhos de estimação, muitos completamente molhados”, relembra Karina.
Passada essa etapa, a profissional apoiou fazendo curativos e atendendo os desabrigados. Ao final daquela manhã, estima, foram atendidas 500 pessoas. “Não sou mais a mesma depois daquele dia”, resume a enfermeira.