Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), o sódio - presente na corrente sanguínea - é um dos elementos que mantém a quantidade ideal de água fora das células para não sobrecarregar os vasos. Esta função é chamada de equilíbrio hidroeletrolítico. Contudo, o consumo excessivo de sal aumenta o volume de sangue e, consequentemente, a força dele sobre os vasos sanguíneos que o transportam. Com isto, acontece o aumento da pressão arterial, que pode ocasionar problemas cardíacos e insuficiência renal.
Conforme dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), o número de doentes renais no Brasil dobrou na última década. Estima-se que 10 milhões de brasileiros sofram de alguma disfunção renal. Atualmente, cerca de 95 mil pessoas necessitam de diálise no país. Mas qual é a importância da alimentação saudável para o organismo? O que é considerada uma dieta equilibrada? Por que o sódio é essencial, mas deve ser consumido com moderação? E, afinal, quanto podemos consumir de sal por dia? Para responder a estas e outras questões, o Blog Saúde e Você entrevistou a nutricionista Flávia Fernanda Biehl, do Centro de Diálise do Hospital Moinhos de Vento. Acompanhe:
1) Quais são os principais benefícios de uma alimentação saudável para o corpo e a mente?
Flávia Biehl - Os benefícios de uma alimentação saudável são inúmeros, tais como:
- Energia e disposição para atividades diárias;
- Fortalecimento do sistema imunológico;
- Controle de peso;
- Prevenção de doenças
- Longevidade.
Além disso, quando falamos em saúde mental, manter o equilíbrio nutricional é indispensável. A ingestão de vitaminas e minerais também são necessários para reduzir o estresse, a ansiedade e aumentar a capacidade cognitiva.
2) Como a alimentação saudável pode influenciar na prevenção de doenças crônicas?
Flávia Biehl - A alimentação saudável desempenha um papel fundamental na prevenção de doenças crônicas, ajudando a reduzir os fatores de risco e promovendo mais saúde e qualidade de vida. Ao manter uma alimentação equilibrada, com a redução de alimentos processados e ultraprocessados, há redução do risco de desenvolver doenças cardiovasculares e outras, como diabetes e hipertensão. Além disso, a alimentação correta, aliada a hábitos saudáveis, como a prática regular de exercícios, tem um impacto positivo na qualidade de vida e no envelhecimento saudável.
3) Quais são os principais erros que as pessoas cometem ao tentar se alimentar melhor?
Flávia Biehl - O maior erro é buscar dietas consideradas “da moda”, na internet. É importante enfatizar que não existe uma “regime” específico para a população. O que é descrito na literatura é que uma alimentação baseada em frutas, verduras, proteínas magras, grãos integrais e gorduras de boa qualidade são protetoras e recomendadas. Entretanto, qualquer conduta nutricional precisa ser individualizada. Seguir dietas da moda apenas aumenta o risco de desenvolver carências nutricionais e piorar o estado de saúde do praticante.
4) Quais são os alimentos que não podem faltar em uma dieta equilibrada?
Flávia Biehl - Alimentos “in natura” e minimamente processados. Alimentos “in natura” são aqueles que estão em seu estado original, sem passar por processos industriais de transformação ou adição de substâncias artificiais. Eles são obtidos diretamente da natureza, como frutas, vegetais, legumes, sementes, castanhas, grãos e carnes frescas.
Já os alimentos minimamente processados são aqueles que passaram por alguns processos industriais, mas que ainda possuem grande parte de suas características originais, sem receberem aditivos químicos, conservantes ou substâncias artificiais em excesso. O objetivo destes processos é aumentar a durabilidade e a praticidade, sem comprometer de maneira significativa o valor nutricional ou a qualidade do alimento. Exemplo: arroz, feijão, frutas e verduras descascadas e cortadas, legumes congelados, entre outros.
5) Por que o sódio é essencial para o organismo, mas deve ser consumido com moderação?
Flávia Biehl - O sódio é um mineral essencial para o bom funcionamento do organismo (tendo relação com o equilíbrio de líquidos corporais e a contração muscular), mas, quando consumido em excesso, pode causar diversos distúrbios à saúde, como hipertensão, problemas renais e doenças cardiovasculares.
6) Quanto de sódio é recomendado consumir por dia? E como é possível observar essas quantidades?
Flávia Biehl - As recomendações para o consumo diário de sódio variam um pouco, dependendo da fonte. Todavia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras entidades médicas sugerem que o consumo de sódio seja mantido em níveis baixos, para prevenir problemas de saúde, como hipertensão e doenças cardíacas. A OMS recomenda que a ingestão diária de sódio não ultrapasse 2.000 mg, o que equivale a, aproximadamente, 5 gramas de sal (comum), ou seja, cerca de uma colher de chá. Sendo esta indicação prescrita para indivíduos saudáveis.
7) Como reduzir o consumo de sódio sem comprometer o sabor dos alimentos? Dá para mudar o tipo de "sal" consumido? Ou seja, existe diferença entre o sal refinado, o marinho e o rosa em termos de saúde?
Flávia Biehl - A indicação é utilizar a menor quantidade de sal durante as preparações e não acrescentar sal extra por cima dos alimentos e saladas. O sal é basicamente cloreto de sódio – então, na hora de comprar algum sal, sempre é preciso prestar atenção ao rótulo. Os “sais” da moda possuem um custo mais alto e são considerados sal da mesma forma. Assim, sempre recomendo aos meus pacientes:
- A exclusão de temperos artificiais;
- A inclusão de temperos naturais e/ou desidratados.
O mais importante é saber o que está sendo comprado. Então, quando for consumir um tempero descrito “para arroz” ou “para carnes”, que não contenha especificações (como alecrim, páprica, açafrão e manjericão, ou seja, sem o nome das ervas naturais que o compõe), fique atento: provavelmente é um tempero industrializado e rico em sódio. Então, a dica de ouro é: leia, atentamente, a lista de ingredientes.
8) E quais são as suas outras recomendações, em termos de alimentação, para manter a saúde dos rins?
Flávia Biehl - Tenho algumas recomendações básicas, mas essenciais para a saúde renal, como:
Fonte: Flávia Fernanda Biehl é nutricionista no Centro de Diálise do Hospital Moinhos de Vento.