O Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), foi pioneiro na utilização de uma prótese inovadora para tratar aneurismas de aorta complexos justa-renais. O dispositivo foi desenvolvido pelo cirurgião vascular Alexandre Araújo Pereira, coordenador do Núcleo de Doenças Arteriais da instituição, em parceria com a empresa brasileira Braile. A novidade pode ser usada em qualquer paciente sem a necessidade de customização.

Enquanto as opções convencionais cobrem toda a aorta na região abdominal e exigem a incorporação de stents para as artérias que vão para rins, intestino, baço e fígado, a novidade reduz a cobertura desse vaso. Dessa forma, requer a colocação desses dispositivos apenas para a artéria renal. Por reduzir também a cobertura da aorta torácica, diminui o risco de paraplegia (paralisia que afeta os membros inferiores e parte do tronco) associado ao procedimento. “Quando se cobre a aorta, aumenta a chance de paraplegia, pois a circulação que vai para a medula sai da dessa artéria. Então, cobrindo menos, diminui o risco de isquemia medular e de paraplegia”, explica o médico.

O material utilizado foi uma endoprótese, espécie de stent revestido – como se fosse um tubo de malha metálica recoberto com tecido. “Pensemos em um cano dilatado. Colocamos um ‘saudável’ por dentro para que o sangue continue a circular por esse tubo”, ilustra Pereira. O procedimento foi realizado por via transfemoral (virilha), o que diminui a manipulação próxima às saídas de sangue do coração para outras regiões, como o cérebro, reduzindo o risco de acidente vascular cerebral (AVC).

"Esse é possivelmente o maior avanço da indústria nacional em cirurgia vascular, com potencial de transformar o tratamento de aneurismas complexos de aorta em todo o mundo, pois é adaptável a qualquer pessoa", conclui Pereira. 

Aneurisma

Por definição, aneurisma é uma dilatação anormal de uma artéria. No caso dos aneurismas de aorta complexos justa-renais, o problema se localiza na aorta junto à origem das artérias que nutrem os rins. 

Conforme o especialista, tal condição afeta cerca de 4% da população adulta. Indivíduos com histórico de tabagismo ou desse problema na família são mais suscetíveis a desenvolvê-lo.