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July 23, 2025 |Institucional
Estudo com participação do Hospital Moinhos de Vento avaliou o desempenho de cinco testes sorológicos para o diagnóstico da sífilis. A pesquisa analisou os testes imunocromatográfico de fluxo lateral no ponto de cuidado (POC); teste Venereal Disease Research Laboratory (VDRL); Reagina Plasmática Rápida (RPR); Ensaio Imunoenzimático Ligado a Anticorpos (ELISA) ; e teste de hemaglutinação para Treponema pallidum (TPHA) - em uma amostra de 250 participantes. O estudo também avaliou fluxogramas diagnósticos baseados tanto no modelo tradicional quanto no algoritmo reverso.
A pesquisa concluiu que todos os métodos utilizados apresentaram ótimo desempenho, sendo que o teste ELISA apresenta maior taxa de detecção de casos de sífilis do que o teste TPHA , tradicionalmente usado como referência. Entre os indivíduos positivos no teste de triagem rápida (POC), 97,6% também testaram positivo com ELISA, enquanto apenas 85,6% foram confirmados pelo TPHA. Além disso, o ELISA demonstrou alta sensibilidade (97–98%) e especificidade (93–95%), com vantagem adicional de permitir interpretação automatizada e reduzir variações entre laboratórios.
O resultado reforça o potencial do ELISA como ferramenta preferencial em protocolos de triagem e diagnóstico, especialmente em um momento em que o Brasil enfrenta um crescimento expressivo nos casos de sífilis adquirida e congênita. Entre 2010 e junho de 2024, o país registrou 1.538.525 casos adquiridos, segundo o Boletim Epidemiológico de Sífilis.
“O teste sorológico é a principal ferramenta para diagnosticar a sífilis. Nosso estudo mostra que o ELISA não só é mais sensível como também mais consistente, o que pode aumentar o número de diagnósticos corretos e agilizar o início do tratamento”, afirma a médica epidemiologista Eliana Wendland, médica epidemiologista e uma das responsáveis pela pesquisa no Hospital Moinhos de Vento.
Além do ELISA, o estudo também analisou os testes VDRL, RPR e TPHA, com destaque para o VDRL, que demonstrou desempenho superior ao RPR entre os não treponêmicos, apresentando sensibilidade de 98% e especificidade de 95%.
O estudo reforça os benefícios do algoritmo reverso de testagem, no qual o primeiro teste realizado é treponêmico (como o ELISA), seguido de um teste não treponêmico em caso de resultado positivo. O modelo aumenta a sensibilidade na fase inicial da doença, quando testes como o VDRL ainda podem não detectar a infecção.
Segundo Eliana, a adoção do algoritmo reverso pode fazer diferença especialmente na identificação precoce de sífilis primária e sífilis em gestantes. “São infecções que podem passar despercebidas por anos, com impacto em populações vulneráveis e na transmissão da doença de uma mãe para um bebê. Por isso, é importante que continuemos avançando em protocolos mais sensíveis e efetivos”, completa.
A pesquisa utilizou amostras coletadas entre março de 2020 e maio de 2023 por meio do estudo SIM (Monitoramento de Saúde, Informação e Infecções Sexualmente Transmissíveis), com base em unidade móvel de testagem em Porto Alegre (RS). Foram aplicados dois testes padrão-ouro (um treponêmico e um não treponêmico), além de avaliação comparativa dos resultados para diferentes fluxogramas.