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April 13, 2024 |Institucional
O Rio Grande do Sul vivencia, nas últimas semanas, a maior tragédia climática da sua história. Para além das questões imediatas de salvamento e abrigo aos afetados pelas chuvas, devem aumentar, nos próximos dias, os problemas relacionados à exposição prolongada às águas contaminadas e aos ferimentos sofridos durante a evacuação às pressas dos locais invadidos pelas cheias. Com isso, é preciso atenção a doenças como leptospirose, tétano, hepatite A e febre tifoide.
O médico infectologista Paulo Ernesto Gewehr Filho, do Hospital Moinhos de Vento, destaca que, neste primeiro momento, é preciso garantir a segurança das pessoas, colocando-as em abrigos seguros. Posteriormente, reforça o especialista, que também é pesquisador do Centro de Pesquisa da instituição e diretor científico da Sociedade Gaúcha de Infectologia, é preciso fazer uma avaliação médica relacionada ao contato com água contaminada. “A leptospirose é uma bactéria que fica na urina dos ratos principalmente. Ela contamina o indivíduo ao penetrar a pele íntegra exposta por muito tempo a águas contaminadas, por feridas ou ainda pela ingestão de água”, explica.
O período de incubação é de sete a 14 dias, podendo atingir 30 dias – conforme o contato se prolonga, esse período se renova. Os sintomas da doença são semelhantes aos de outras enfermidades que estão circulando, como dengue, covid e gripe: febre, dor de cabeça, dor muscular, olhos vermelhos, náuseas, vômitos. Também pode haver tosse seca, tosse com sangue, cansaço, calafrio, diarreia e dor nas articulações, acrescenta Gewehr Filho."Chama atenção a dor nas panturrilhas e, também, a fotossensibilidade e a cor amarelada na pele", conclui o médico.
Para evitar a contaminação, as orientações são, na medida do possível, evitar o contato prolongado com essas águas das cheias e utilizar equipamentos de proteção, como botas e roupas impermeáveis, não utilizar utensílios que ficaram expostos às cheias sem higienização prévia e consumir água potável somente.
Hepatite, tétano e raiva exigem atenção
Em 6 de maio, as sociedades Gaúcha de Infectologia e Brasileira de Infectologia emitiram uma nota técnica com orientações para profilaxia em casos de exposição prolongada às águas. A medida, explica Gewehr Filho, que participou da elaboração do documento, deve ser utilizada apenas sob recomendação médica. "Não temos vacina para leptospirose, então, usamos antibióticos. Há estudos muito limitados sobre profilaxia, no entanto, eles indicam que haveria benefícios para esses indivíduos amplamente expostos, como socorristas, bombeiros, Defesa Civil", diz, sublinhando que o uso desses medicamentos não é indiscriminado. Essas mesmas drogas são usadas no tratamento da doença, que pode acometer com mais gravidade e, inclusive, letalidade, criança, idosos, imunodeprimidos e gestantes.
Além dessa enfermidade, a situação provocada pelas enchentes ainda pode provocar hepatite A e gastroenterites. Também preocupam o tétano – causado por ferimentos – e a raiva – geralmente associada a mordidas de cães e gatos que estão em situação de estresse. Todas essas situações exigem atendimento médico para avaliação de medidas profiláticas.