Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), apesar de ser altamente evitável, o câncer do colo do útero é a principal causa de morte entre mulheres na América Latina e no Caribe, somando 35,7 mil óbitos por ano, nas Américas. E a tendência é preocupante: estima-se que estes índices aumentem para mais de 51,5 mil em 2030. Mas como esta doença se desenvolve? E como a infecção pelo HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) leva ao câncer do colo do útero?

 

De acordo com a OPAS, embora grande parte das infecções por HPV se cure sozinha e as lesões pré-cancerosas sejam transitórias e se resolvam espontaneamente, em alguns casos a infecção se torna crônica. A partir de então, existe o risco de que ela evolua para um câncer invasivo do colo do útero. Em mulheres com sistema imunológico normal, são necessários de 10 a 20 anos para que a neoplasia se desenvolva. Nas que estão debilitadas (como as infectadas pelo vírus HIV e não fazem tratamento ou nas que usam imunossupressores), o desenvolvimento do câncer pode levar de 5 a 10 anos. 

 

Mas há como evitar o HPV?

Conforme a Dra. Liliane Diefenthaeler Herter, ginecologista infantojuvenil do Centro da Mulher do Hospital Moinhos de Vento, a infecção por HPV é extremamente comum. “Estima-se que 50% das pacientes na primeira relação são contaminadas por HPV. E, ao final da adolescência, de 80 a 90% terão sido infectadas. Então, o esperado é que adolescentes, na grande maioria, vão ter HPV. Obviamente que quanto mais parceiros ela tiver, maior será o risco”, esclarece. No entanto, pode-se fazer a prevenção usando a camisinha em todas as relações (mesmo com um companheiro fixo, pois o HPV não aparece no exame de sangue e, na maioria das vezes, não dá sintomas), evitando a troca frequente de parceiros e fazendo a vacina contra o HPV antes da primeira relação sexual.

 

Todos que têm HPV vão desenvolver o câncer?

“Felizmente, não é todo mundo que tem HPV que vai ter alguma doença grave. Muitas pacientes serão assintomáticas, outras só vão ter alguma alteração no exame citopatológico (apresentando a presença do HPV), mas sem uma lesão para tratar, e em torno de 1% pode ficar crônica, com lesões que têm um risco de evoluir para câncer de 20 a 40%, em dez anos”, explica a Dra. Liliane Diefenthaeler Herter.

 

Como evitar a contaminação por HPV?

A especialista pondera que o ideal é se proteger com a vacinação. “A vacina HPV quadrivalente está disponível no SUS - Sistema Único de Saúde e a nonavalente disponível na rede privada”, elucida.

 

Como as vacinas devem ser ministradas?

Qualquer uma das duas vacinas (seja a quadrivalente ou a nonavalente) é administrada em três doses em 6 meses após os 14 anos de idade (até os 14 anos podem ser administradas 2 doses em vez de 3). “Assim, o paciente faz uma dose e repete em dois meses e, após, em 4 meses, completando as três doses no decorrer de seis meses”, detalha a Dra. Liliane.

 

Em que idade é preciso tomar a vacina?

A vacina contra o HPV é preconizada dos 9 aos 14 anos de idade. “Exclusivamente nessa faixa etária, podemos usar apenas duas doses, com intervalo de seis meses entre ambas (seja a quadrivalente ou a nonavalente). Isso porque, a imunidade é melhor até os 14 anos e as vacinas têm maior resultado em crianças e adolescentes jovens e a maioria ainda não iniciou a vida sexual (lembrar que a primeira relação sexual sem camisinha e sem a vacina tem 50% de risco de se contaminar com HPV). Então, nessa faixa (de 9 a 14 anos) a eficácia em duas doses é igual a três. Já dos quinze anos de idade em diante, são recomendadas três doses, como está na bula”, observa a médica.

 

Meninos também devem se vacinar contra o HPV?

“Sim. Nosso esforço é para que meninos e meninas se vacinem, uma vez que o imunizante é para os dois. O sexo masculino tem a mesma prevalência de HPV, mas com menos risco de câncer. Mesmo que tenha aumentado bastante o câncer de pênis, ele ainda é muito raro e continua sendo pouco prevalente, diferentemente das meninas, em que o câncer de colo do útero é o segundo câncer ginecológico nas mulheres. Então, o maior objetivo é que toda a população, entre 9 e 14 anos de idade, seja vacinada, já que os meninos transmitem o HPV às suas parceiras, mas são as meninas que costumam ter as lesões pré-cancerosas e o câncer.”

 

É importante usar o preservativo para evitar o HPV?

O uso do preservativo também é importante, mas ele precisa ser usado em todas as relações sexuais e durante todo o tempo, desde o início do ato sexual. “Além disso, a camisinha só previne na área que está coberta pela camisinha. Então, se tiver lesão na base do pênis, no saco escrotal e no períneo, a paciente pega o vírus igual”, revela.

 

O que é melhor? A vacina ou a camisinha?

“É importante dizer que a vacina e a camisinha se completam. A primeira não exclui o risco de lesão mais grave. Já a camisinha reduz o risco, mas também não o exclui, pois não consegue cobrir toda a área genital”, adverte a ginecologista infantojuvenil.

 

E qual é o alerta a pais e responsáveis?

O alerta é para que pais e responsáveis não deixem para a última hora para levar crianças e adolescentes para se vacinarem contra o HPV, pois muitas vezes irão fazer a vacina após o início da vida sexual e isso reduz muito a proteção, já que vacinas devem ser usadas antes da exposição ao agente infeccioso e não depois. Dessa maneira, vai circular muito menos vírus nesta população e a multiplicação será muito menor”, projeta. 

Além disso, a vacina protege, mas em menor proporção, o câncer de vagina, de vulva, de região perianal e de cavidade oral”, afirma. 

 

Recomendação brasileira

O Brasil orienta a realização do exame preventivo para mulheres de 25 a 64 anos que já tiveram algum tipo de atividade sexual.

O Ministério da Saúde recomenda vacinar meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Pessoas que vivem com HIV, transplantadas e vítimas de violência sexual poderão fazer nos Postos de Saúde, dos 9 aos 45 anos. De qualquer maneira, a vacina pode ser utilizada até os 45 anos, conforme a bula. Ou seja, pacientes não vacinados, mesmo que com mais de 14 anos, poderão fazer a vacina, mas em clínicas privadas.

 

Fonte: Dra. Liliane Diefenthaeler Herter (CRM 15827), ginecologista infantojuvenil do Hospital Moinhos de Vento.

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