O guitarrista do grupo de rock Titãs, Tony Bellotto, revelou ter descoberto um tumor no pâncreas, durante um exame de rotina. O músico e escritor será submetido a uma cirurgia e deverá fazer uma pausa temporária na carreira. O anúncio deixou muitos fãs apreensivos: será que o artista, de 64 anos, está com câncer? Como são os sintomas desta doença? Como detectá-la de forma precoce? Para compreender mais sobre o assunto, o Blog Saúde e Você entrevistou o Dr. Rui Weschenfelder, coordenador do Núcleo de Oncologia Gastrointestinal do Hospital Moinhos de Vento.

Um tumor é necessariamente um câncer? Qual é a diferença? 

Dr. Rui Weschenfelder - Não, um tumor não é necessariamente um câncer. Tumor é um termo geral que se refere a qualquer crescimento anormal das células e ele pode ser:

- Benigno: quando não tem potencial de se espalhar para outros órgãos;

- Maligno: quando tem a capacidade de se expandir no organismo, sendo considerado câncer. 

Como saber se um tumor é benigno ou maligno?

Dr. Rui Weschenfelder - Para saber se um tumor é benigno ou maligno é necessário realizar um exame histológico (como uma biópsia), que analisa as células da lesão.

Afinal, o que é o câncer de pâncreas? Quais são as suas principais características?

Dr. Rui Weschenfelder - O câncer de pâncreas é um tipo de tumor maligno que se origina no pâncreas; um órgão fundamental para a digestão e o controle do açúcar no sangue. Ele pode se desenvolver a partir de diferentes células do órgão, sendo o adenocarcinoma pancreático o tipo mais comum. Geralmente, é uma doença silenciosa em seus estágios iniciais.

Dizem que o câncer de pâncreas costuma ser grave, pois não apresenta sintomas. É verdade?

Dr. Rui Weschenfelder - Sim, o câncer de pâncreas é frequentemente diagnosticado em estágios avançados, porque os sinais iniciais podem ser vagos ou inexistentes. Quando os sintomas aparecem, podem incluir:

- Dor abdominal;

- Perda de peso;

- Icterícia (pele e olhos amarelados);

- Náuseas;

- Alteração no apetite.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), esta neoplasia ocupa a 14ª posição entre os tipos de câncer mais frequentes; desconsiderando os tumores de pele não melanoma. Também é responsável por cerca de 1% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 5% do total de mortes causadas pela enfermidade.

A doença é rara antes dos 30 anos de idade, tornando-se mais comum a partir dos 60 anos. Condições associadas ao comportamento, como obesidade, diabetes tipo 2, tabagismo, consumo excessivo de álcool, baixo consumo de fibras, frutas, vegetais e carnes magras; além de condições genéticas ou hereditárias, como síndrome de Lynch, câncer pancreático familiar e pancreatite hereditária, aumentam o risco de desenvolvê-la.

Como detectar o câncer de pâncreas? Quais são os exames necessários?

Dr. Rui Weschenfelder - O diagnóstico pode envolver exames de imagem, como ultrassom, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Também pode ser necessário um exame chamado colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM) ou ecoendoscopia com biópsia, para confirmar o tipo do tumor.

Qual é o tratamento mais indicado para o câncer de pâncreas? O músico Tony Bellotto adiantou que passará por uma cirurgia.

Dr. Rui Weschenfelder - O tratamento depende do tipo, tamanho e estágio do tumor. Quando ele é localizado e pode ser removido, a cirurgia é a melhor opção. Em alguns casos, a quimioterapia e a radioterapia podem ser indicadas antes ou depois da cirurgia, para aumentar as chances de controle da doença. Quando o tumor não pode ser removido cirurgicamente, o tratamento costuma envolver quimioterapia e outras abordagens para controle da doença.

O que o Hospital Moinhos de Vento oferece ao paciente que enfrenta este diagnóstico? Quais são os tratamentos?

Dr. Rui Weschenfelder - O Hospital Moinhos de Vento conta com um Centro de Oncologia especializado, que oferece diagnóstico avançado, cirurgia de alta complexidade, quimioterapia, radioterapia e suporte multidisciplinar com nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas para garantir um atendimento integral ao paciente.

E qual é a mensagem que o senhor gostaria de deixar aos fãs de Tony Bellotto e aos nossos leitores em relação ao enfrentamento desta doença?

Dr. Rui Weschenfelder - O diagnóstico de um tumor sempre gera apreensão, mas é importante manter a calma e buscar todas as informações com a equipe médica. Cada caso é único e a Medicina tem avançado muito no tratamento do câncer de pâncreas. O apoio da família e dos amigos faz toda a diferença nesse processo.

Fonte: Dr. Rui Weschenfelder (CRM 26372) é coordenador do Núcleo de Oncologia Gastrointestinal do Hospital de Vento.