O câncer de ovário é uma neoplasia maligna que tem origem nas células que formam os ovários e trompas. A doença ocorre mais frequentemente após a menopausa, a partir dos 50 anos de idade e costuma ser identificada nas fases mais avançadas, pois não existe exame de rastreamento eficaz até momento. Por isso, é importante que a mulher esteja atenta às possíveis alterações como aumento do volume abdominal, sensação de distensão abdominal e má digestão, alterações intestinais e urinárias. A médica do Serviço de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento, Dra. Alessandra Morelle explica quais são as formas de tratamentos disponíveis e como a oncogenética pode ser fundamental no combate a doença.

Formas de tratamento disponíveis

Os ovários são órgãos que tem tamanho reduzido após a menopausa e é pouco provável identificar lesões precoces com os exames tradicionais disponíveis atualmente. Para essas situações, o tratamento cirúrgico é a forma mais eficaz de tratar a doença. Deve ser realizado por um cirurgião oncológico ou ginecologista oncológico habilitado e com experiência, pois é uma cirurgia de longe duração, em que várias estruturas devem ser removidas para que o resultado do tratamento seja o melhor possível. Casos onde não há possibilidade de se retirar todo o tumor, há indicação de tratamento quimioterápico antes da cirurgia (quimioterapia neoadjuvante). Nestes casos, se faz em torno de três a quatro ciclos de quimioterapia antes da cirurgia e três a quatro ciclos após a quimioterapia. Quando é possível remover toda doença cirurgicamente, deve se avaliar a paciente para tratamento adjuvante com quimioterapia que idealmente deve incluir os medicamentos paclitaxel e carboplatina. Para pacientes com doença avançada inoperável ou com recidiva de doença, a indicação de esquemas de quimioterapia com platinas são a primeira opção. Algumas pacientes podem ainda ter indicação de quimioterapia aplicada diretamente na cavidade abdominal durante a cirurgia de retirada do tumor. Chamamos este procedimento de quimioterapia hipertérmica ou HIPEC. As medicações são aquecidas a 40 e 43º graus e aplicadas através de um aparelho que faz o medicamento entrar e sair do abdômen. A temperatura elevada torna as células neoplásicas residuais mais suscetíveis aos efeitos da quimioterapia. Este procedimento comprovou aumento do tempo de vida das pacientes com câncer de ovário em um estudo recentemente publicado na revista científica New England of Journal Medicine (van Driel WJ, et al. 2018). Entretanto, não é isento de riscos e deve ser realizado em centros de referência, com equipes médicas e de enfermagem treinadas e com experiência neste procedimento. O Hospital Moinhos de Vento conta com estes profissionais incluindo a equipe de excelência de intensivistas da CTI, que participam do cuidado no pós-operatório destas pacientes.

A Oncogenética como aliada

Todas as pacientes com diagnóstico de câncer de ovário devem realizar avaliação genética. Cerca de 20% das pacientes com câncer de ovário apresentam mutações genéticas nos genes BRCA 1 e/ou BRCA 2. Estas alterações são herdadas do pai ou da mãe e podem ser transmitidas aos filhos. Nos casos em que se confirmam a mutação, as pacientes devem ser avaliadas quanto a indicação de tratamento com uma medicação específica para este tipo de câncer, chamado Olaparib. Esta medicação reduz a chance da doença progredir. O resultado do teste também é de fundamental importância para o aconselhamento genético dos familiares que poderão ser testados e cujas recomendações poderão evitar o surgimento da doença. É fundamental prestar atenção para as alterações relacionadas à doença. Além disso, fazer revisão ginecológica anualmente e/ou sempre que necessário. O ginecologista é o profissional que deve orientar as mulheres para avaliações regulares. Caso você tenha familiares com câncer de mama e ovário, informe seu médico para que possa encaminhar para uma avaliação genética.  

Fonte: Dra. Alessandra Morelle (CRM 22564), médica do Serviço de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento.