A penúltima edição do ano do Grand Round, no Hospital Moinhos de Vento, contou com a presença do palestrante Professor Titular do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Dr. Claudio Laks Eizirik, que dissertou sobre o sentimento de solidão versus a capacidade de estar só em situações em que a pessoa se sente em solidão. O evento voltado para o corpo clínico e colaboradores do Hospital teve a participação na mesa de discussão dos psiquiatras do Moinhos de Vento, Dr. André Campos Gross e Dr. Alexandre Schmidt. Na abertura da palestra, o coordenador médico do evento, Dr. Gabriel Dalla Costa, fez referência que “em muitos países europeus, uma a cada 10 pessoas são sós. Isto não é apenas uma questão que envolve os idosos, mas está aumentando entre os mais jovens. Algumas pessoas buscam isolamento, mas poucas escolhem ser sozinhas”, ressalta. Então, como encontrar o equilíbrio? Qual a medida certa da solidão? Para o convidado Dr. Claudio Eizirik, saber diferenciar a solidão da capacidade de estar só é o primeiro passo para a compreensão sobre o tema. Ele citou o psicanalista Winnicott, que em 1958 escreveu um artigo em que expõe sua constatação de que a capacidade de estar só é um dos sinais mais importantes de amadurecimento emocional. “Não se refere, absolutamente, a um confinamento solitário; trata-se, isto sim, de um fenômeno altamente sofisticado ao qual uma pessoa pode chegar depois de atingir o estágio triádico”, explica. Como exemplo dessa passagem, o Dr. Eizirik ilustra outra situação de Winnicott, que trata da relação diádica, que envolve o bebê e a mãe (ou substituta), que é seguida pela relação triádica, quando surge um pai diferenciado, haveria um estágio unipessoal, individual. “Sua proposta difere do que conhecemos de Freud sobre o narcisismo ou o autoerotismo, pois o que sugere é que a possibilidade de ficar só em estado tranquilo, condição a que ele chama de “solidão sofisticada”, que depende de uma experiência, enquanto lactante, de ter ficado só, mesmo na presença da mãe”, explica o ex-presidente da Associação Psicanalítica Internacional (fundada por Sigmund Freud, em Londres no ano de 1910). Ler, ouvir música, fazer planos são atividades solitárias e prazerosas, destaca o psicanalista. “Criamos também um mundo interno de pessoas amorosas (vivas ou mortas) com as lembranças de nossas vivencias. Mas quando as experiências são negativas o sentimento de solidão se sobrepõe sobre a capacidade de estar só”, explica o psicanalista. Ciclo vital Autor da obra O ciclo da vida humana: uma perspectiva psicodinâmica, Dr. Claudio Eizirik, ressalta que a solidão na velhice é uma das áreas mais bem estudadas e desenvolvidas da psicanalise, da psicoterapia e orientação analítica. Ele lembra que é possível abordar e elaborar as perdas e os lutos de forma eficaz nos idosos, entendendo seus significados inconscientes, examinando as fantasias ou ideias que a pessoa tem sobre o que causou tal perda, e estimulando saídas criativas e reparadoras, através de novos desafios, relacionamentos e realizações. Na visão do psiquiatra Dr. Alexandre Schmidt, hoje a solidão é fator de risco para mortalidade e pode ser intensificada na velhice com a depressão. O luto e a perda acompanham as várias etapas da vida conforme Dr. Eizirike trazem uma visão de que cada etapa deve ser vivida integralmente. “Quando o filho sai de casa os pais ficam sozinhos. É a etapa em que o casal precisa reaprender a viver a sós, um com o outro”. Outra situação levantada pelo especialista é a crise da meia-idade, que em geral ocorre na metade da vida, e faz o adulto perceber que não é mais “imortal” e se da conta que é a vida é finita. Essas situações podem gerar sentimentos de vazio, abandono que podem levar à depressão. O equilíbrio de acordo com o psicanalista está em viver sem deixar-se cair no desespero e nem sucumbir às pressões sociais. “Estar só consigo é conquistar a confiança de enfrentar a solidão”. No caso dos médicos, ele lembra que saber compreender seus próprios limites, como nos momentos de decisão em escolher um determinado tipo de tratamento ou dar a notícia a um familiar sobre o estado grave do paciente, é um momento muito solitário. “Surge a figura do interlocutor, do confidente e em saber compartilhar esse momento. “O paciente espera que tenhamos algum tempo para olhar o outro”, conclui Dr. Claudio Eizirik. Sobre o Grand Round O objetivo do programa é promover palestras para troca de conhecimento, na Medicina e demais áreas da Saúde, com a participação de profissionais de referência, tanto em nível nacional quanto internacional. Estimular discussão ampla e multidisciplinar de temas altamente prevalentes, procurando integrar conhecimento científico de ponta com estratégias práticas para pronta aplicação ao cuidado dos pacientes à beira do leito. O próximo encontro será realizado no dia 16 de dezembro. O endereço para conferir a programação é http://www.iepmoinhos.com.br/eventos/

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Prêmios e Certificações

Entrada 1 - Rua Ramiro Barcelos, 910 - Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS, 90035-000
Entrada 2 - Rua Tiradentes, 333
Av. João Wallig, 1800 - 3º andar - Shopping Iguatemi Porto Alegre
Avenida Cristóvão Colombo, 545 - Espaço Comercial P5-1