A trombose é uma doença caracterizada pela formação de coágulos (trombos) que podem impedir a circulação normal do sangue nos tecidos e acomete cerca de 180 mil pessoas por ano no Brasil. Durante a pandemia, um estudo realizado por pesquisadores holandeses e publicado pela editora científica Elsevier constatou um aumento no número de casos de trombose relacionados à evolução da Covid-19, além de forte associação com uma rotina mais sedentária em grande parte da população – um agravante para a doença. Além disso, já é de conhecimento que o coronavírus é um agente causador da trombose venosa cerebral, considerada como um dos sintomas mais graves quando se desenvolve em pacientes com a Covid-19. Por se tratar de uma doença que possui origens e desdobramentos diferentes, conversamos com a chefe do Serviço de Cardiologia, Dra. Carisi Anne Polanczyk, e com o chefe do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Dr. Edson Vieira da Cunha Filho, ambos da equipe do Hospital Moinhos de Vento, para esclarecer um pouco mais sobre este quadro patológico. Apesar de uma das formas mais conhecidas ser a trombose venosa profunda dos membros inferiores (pernas e coxas), ela pode se formar tanto nas artérias quanto nas veias, manifestando-se de maneiras diferentes de acordo com sua origem. Geralmente, o problema se revela em grupos onde há incidência de obesidade, sedentarismo e tabagismo – principais fatores de risco da doença. Desse modo, para a cardiologista, a redução das atividades físicas durante a quarentena contribuiu para o agravamento do quadro de trombose, “uma vez que as pessoas vêm se mantendo cada vez mais em repouso prolongado, existe um ganho de peso perceptível, somado à imobilidade das pernas/falta de movimento – um grande risco à doença”. Embora a enfermidade não seja identificada como unicamente feminina, a ocorrência de trombose é maior em mulheres, devido à maior exposição à condições que favorecem o seu surgimento. Especificamente no uso de contraceptivos orais, o aumento no risco da trombose acontece quando estes contêm a associação dos hormônios estrogênio e progesterona. Além das pílulas anticoncepcionais, existem outros fatores de risco característicos, como o puerpério, idade acima dos 40 anos, reposição hormonal e alterações hereditárias da coagulação que predispõem a ocorrência. De qualquer maneira, condições que fazem a pessoa ficar mais imóvel, como cirurgias no quadril, urológicas e ginecológicas, imobilização de membros, alguns tipos de câncer, insuficiência cardíaca e AVC prévio, também podem acarretar o desenvolvimento da trombose. Para identificar se o paciente está passando por um quadro da doença, observa-se, em um primeiro momento, a evidência dos principais sintomas da doença: dor local, calor, vermelhidão e inchaço na região em que se formou o trombo. O diagnóstico é feito a partir de exames físicos e de imagem. Dependendo do local de existência do trombo, uma ecografia com doppler também pode ser realizada para avaliar fluxo e presença de coágulos, ou uma angiotomografia, no caso dos pulmões e coração.

As complicações da trombose

Diversas complicações podem surgir caso a trombose não seja tratada de maneira correta e imediata. Dependendo da sua origem, ela pode causar um transtorno local, limitando-se à região onde se encontra ou evoluir de maneira que leve o paciente a óbito. Desta forma, quanto mais perto do coração o coágulo estiver, maior será a gravidade da trombose. Os exemplos mais graves de complicações da trombose são: . Infarto do miocárdio; . AVC (acidente vascular cerebral); . Embolia pulmonar – alto índice de mortalidade. Em casos de trombose venosa profunda das pernas, a má circulação e edema crônico são as principais sequelas da doença.

Formas de prevenção

Para o médico ginecologista, a redução de fatores de risco adquiridos e a revisão médica periódica são as melhores formas de prevenção contra a doença. Assim, as principais orientações são cessar o tabagismo, controlar o peso e a pressão arterial através de um estilo de vida saudável, com atividade física regular, além do uso de meias elásticas de compressão para melhorar a circulação sanguínea nos membros inferiores. No uso de métodos contraceptivos existem diversas opções que não oferecem riscos de trombose, como: . métodos contraceptivos comportamentais (tabelinha); . métodos de barreira (preservativos); . Dispositivo IntraUtirino (DIU); . métodos cirúrgicos definitivos (laqueadura tubária e a vasectomia). Para mulheres que optaram por usar a pílula, a orientação é priorizar contraceptivos que contêm apenas progesterona (DIU com progesterona, pílulas e injetáveis), pois estes não apresentam associação com a formação de coágulos no sangue, minimizando o risco da doença. Já aqueles que possuem uma predisposição genética e/ou já tiveram alguma trombose, medicamentos antitrombóticos podem ser indicados para prevenir a doença. Este texto não substitui uma consulta médica. Se você sente algum desses sintomas ou tem mais dúvidas em relação ao assunto, converse com seu médico e realize consultas periódicas em benefício da sua saúde.
Fontes: Chefe do Serviço de Cardiologia, Dra. Carisi Anne Polanczyk, e chefe do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Dr. Edson Vieira da Cunha Filho
Fontes adicionais: https://sbacvsp.com.br/trombose-venosa-profunda-tvp/ ; https://www.thrombosisresearch.com/article/S0049-3848(20)30120-1/pdf

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Prêmios e Certificações

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