O novo coronavírus continua surpreendendo profissionais da saúde de todo o mundo. Os sintomas mais recorrentes como tosse, febre alta, cansaço e dificuldades para respirar não são as únicas possíveis manifestações do vírus no organismo humano. Para falar mais especificamente sobre os acometimentos neurológicos, conversamos com a Dra. Sheila Cristina Ouriques Martins, chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento e vice-presidente da Organização Mundial de Acidentes Vasculares Cerebrais.

Sintomas neurológicos ligados à SARS-CoV-2

O sintoma neurológico mais comum associado ao novo coronavírus é a dor de cabeça (ocorre em 13% dos pacientes), seguido da perda do olfato, a anosmia. A perda do olfato ocorre porque o vírus entra pelo nariz, por meio do nervo olfatório, podendo causar uma perda temporária da capacidade de sentir odores. O mesmo ocorre com a perda do paladar (ageusia), esses são os sintomas relativamente comuns. Os pacientes podem ter outros sintomas neurológicos como fraqueza muscular por comprometimento dos músculos ou por nervos (neuropatia), meningite, apresentar sonolência, confusão mental, crises convulsivas, encefalite, trombose venosa cerebral e AVC (Acidente Vascular Cerebral), os últimos considerados como sintomas mais graves do ponto de vista neurológico.

Revelações globais acerca da Covid-19 e os impactos no cérebro

Os problemas neurológicos podem ocorrer em qualquer pessoa contaminada, mas, geralmente, acontecem nos pacientes que estão internados em UTI. Na China, a experiência reportada foi a presença desses sintomas em quadros graves. Já nos Estados Unidos, há pacientes jovens sem outros sintomas, nem mesmo manifestações respiratórias, chegando aos hospitais por AVC e com Covid-19 positivo, então é um novo perfil de pacientes. Conforme observa a Dra. Sheila, a cada dia, artigos internacionais abordam o impacto da Covid-19 no sistema nervoso. Muitos associando casos de encefalite (inflamação do cérebro) e de Guillain Barré (que é um quadro bem grave) ao vírus. A síndrome de Guillain Barré é um distúrbio em que o próprio sistema imunológico ataca parte do sistema nervoso, causando fraqueza muscular, redução ou ausência de reflexos e até comprometimento respiratório. Dessa forma, o paciente precisa de ventilação mecânica.

Relação do Covid-19 com o AVC, popularmente conhecido como derrame

Em quadros de Covid-19 há um comprometimento da circulação sanguínea nos pacientes. O sangue fica mais grosso, a coagulação fica mais difícil, formando trombos (coágulos pelo corpo inteiro), podendo esses coágulos entupir a circulação no pulmão, no coração, nas pernas e também no cérebro. Esse é o comprometimento maior nos casos do AVC isquêmico, causado por entupimento dos vasos sanguíneos cerebrais. Entre 30 a 35% dos casos são AVCs mais graves, que entopem grandes vasos da circulação cerebral. No caso do novo coronavírus, o que está acontecendo, especialmente nos Estados Unidos, é um maior número de pacientes chegando ao hospital com grandes vasos comprometidos, provavelmente, devido ao estado de coagulação alterada causada pela Covid-19.

Investigação e consequências neurológicas

A Dra. Sheila informa que os exames necessários para avaliar os possíveis acometimentos neurológicos da Covid-19 dependem dos sintomas do paciente. Pode ser realizada uma tomografia ou ressonância para avaliar alterações cerebrais, ver a obstrução da circulação, a angiotomografia. E no caso de Guillan Barré, que é o comprometimento dos nervos periféricos com uma fraqueza difusa, se faz o exame do líquido da espinha, uma punção lombar e adicionalmente uma eletroneuromiografia para avaliar a função dos nervos. As sequelas neurológicas podem acontecer em diferentes níveis nos pacientes após a recuperação da Covid-19. No caso de AVC, nos mais graves, os pacientes podem ficar com uma sequela bem importante, especialmente se demorarem para chegar ao hospital e não receberem tratamento rápido. No caso do Guillan Barré, os pacientes podem ficar com bastante sequela, com uma fraqueza difusa no corpo. Na encefalite, podem ficar confusos e não retornar ao normal. Nos casos mais leves, o músculo pode melhorar da fraqueza. Referente à perda de olfato e paladar, há melhora em duas a três semanas.
Fontes: Dra. Sheila Cristina Ouriques Martins, chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento Fontes adicionais: https://saude.gov.br/saude-de-a-z/guillain-barre

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