A hipertensão arterial, conhecida como pressão alta, é um dos principais fatores de risco para doenças graves, como infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral. O preocupante é que ela também pode ocorrer durante a gravidez. Segundo o Ministério da Saúde, as alterações hipertensivas da gestação estão associadas a complicações graves fetais e maternas, levando a um risco maior de internações e mortalidade. Já a Organização Pan-Americana da Saúde recentemente lançou uma campanha com outras entidades mundiais, alertando que a grande maioria das mortes maternas resulta de causas que poderiam ser controladas, como a própria hipertensão gestacional, e sugere: evitemos o evitável. Mas como? Para sanar várias dúvidas sobre este tema, conversamos com o Dr. Vítor Magnus Martins, médico do Serviço de Cardiologia do Hospital Moinhos de Vento:
1) Qual é a pressão considerada alta para uma gestante?
Durante a gravidez, a hipertensão é caracterizada por uma pressão arterial persistentemente maior ou igual a 140/90 mmHg.
Existem diferentes distúrbios hipertensivos da gravidez. A hipertensão crônica ocorre quando a pressão elevada está presente antes da gravidez ou antes de 20 semanas de gestação.
Já a hipertensão gestacional é definida pelo início da hipertensão após 20 semanas de gestação na ausência de proteinúria (que é a perda excessiva de proteínas através da urina) ou sinais de disfunção de órgãos.
A pré-eclâmpsia ocorre quando a hipertensão arterial surge após 20 semanas de gestação, associada à proteinúria ou sinais de disfunção de órgãos. Também pode ocorrer logo após o parto.
2) Quais são os primeiros sinais e sintomas para os quais a paciente e familiares devem ficar atentos?
A hipertensão é uma condição normalmente assintomática. Mesmo a pré-eclâmpsia, geralmente, não causa sintomas, a menos que seja grave. Sinais e sintomas de pré-eclâmpsia grave incluem:
● Uma forte dor de cabeça;
● Alterações na vista, como visão embaçada, flashes de luz ou manchas;
● Dor abdominal, especialmente na parte superior.
Se a gestante tiver algum destes sintomas, deve informar ao seu obstetra. Pode não ser pré-eclâmpsia, já que estes sintomas também podem ocorrer em gestações normais, mas é importante que o médico saiba sobre eles.
3) Existem causas já identificadas pela Medicina que podem contribuir para a hipertensão de uma paciente gestante?
A hipertensão é uma condição multifatorial. Dentre os vários fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, podemos citar: genética, idade, etnia, sobrepeso/obesidade, ingestão elevada de sódio, sedentarismo e álcool.
Em relação à gestação, qualquer mulher grávida pode desenvolver pré-eclâmpsia. No entanto, algumas mulheres correm maior risco do que outras. Gestantes com uma ou mais das seguintes características têm maior risco de desenvolver pré-eclâmpsia:
● Primeira gestação;
● Hipertensão crônica, doença renal, lúpus ou diabetes antes da gravidez;
● Uma história prévia de pré-eclâmpsia;
● Diabetes gestacional;
● Gestação múltipla;
● Uma história familiar de pré-eclâmpsia;
● Idade inferior a 20 anos;
● Obesidade.
Vale lembrar que, para hipertensão gestacional, os fatores de risco são semelhantes aos da pré-eclâmpsia.
4) E se a paciente já tiver histórico de hipertensão, como deve proceder? Os cuidados possivelmente aumentam, certo?
Correto. Os cuidados devem ser iniciados precocemente. Antes de tentar engravidar, a mulher deve conversar com seu médico. Se estiver tomando um medicamento para hipertensão, o especialista pode querer mudar para uma medicação diferente, que seja mais segura durante a gravidez.
A maioria das pacientes com pressão alta antes da gestação terá uma gravidez normal. Mas estas pessoas têm uma chance maior de ter certos problemas durante a gravidez, como pré-eclâmpsia, descolamento prematuro da placenta e crescimento fetal restrito.
5) Quais os tratamentos recomendados e de que forma o Hospital Moinhos de Vento pode contribuir com esta paciente?
O Hospital Moinhos de Vento possui ampla estrutura e conta com uma equipe altamente capacitada para o atendimento desta paciente. Durante a gestação, a equipe médica verificará a pressão arterial da paciente e o crescimento do feto. Também serão feitos exames para verificar a saúde do bebê, em diferentes momentos durante a gravidez. Dependendo dos níveis da pressão arterial, o médico pode recomendar um tratamento medicamentoso.
Em relação à pré-eclâmpsia, a melhor decisão quanto ao tratamento dependerá da gravidade da pré-eclâmpsia e de quantas semanas de gestação a paciente está. Embora o parto cure a pré-eclâmpsia, também é importante dar ao bebê o máximo de tempo possível para crescer e se desenvolver.
Após o parto, o médico continuará a monitorar a pressão arterial da paciente para avaliar a necessidade de manutenção ou mudança no tratamento.
6) E qual é o profissional que a paciente deve procurar?
O Serviço de Ginecologia e Obstetrícia e o Serviço de Cardiologia do Hospital Moinhos de Vento contam com equipe multidisciplinar capacitada para dar suporte à gestante com hipertensão nos diferentes momentos do processo de atendimento, do ambulatório à internação.
7) E quais são os conselhos para as gestantes que estão enfrentando ou temem enfrentar problemas de pressão alta durante a gravidez?
A prevenção baseia-se em cuidados com a alimentação e em hábitos saudáveis. Gestantes com hipertensão correm o risco de desenvolverem complicações maternas e fetais, algumas das quais podem ser atenuadas pelo acompanhamento do profissional de saúde. Idealmente, as pacientes com hipertensão crônica são avaliadas ainda antes da concepção. Por fim, cabe lembrar que a maioria das pacientes com hipertensão terá uma gestação normal, especialmente se a pressão arterial estiver sob controle durante a gravidez.
Fonte: Dr. Vítor Magnus Martins (CRM 31928) é médico do Serviço de Cardiologia do Hospital Moinhos de Vento.