Usar analgésicos em mais de 10 dias por mês, por três meses ou mais, leva a um círculo vicioso no qual o paciente toma mais analgésicos e isso acarreta a ocorrência de mais crisesSegundo a mesma pesquisa, 50% dos entrevistados reconheceram que aceitam indicação de remédios por não profissionais. O médico afirma que isso deve ao fato de as pessoas não sentirem necessidade de procurar um especialista para tratar suas crises, tentando resolver o problema sozinhas. “Estimulados pelas propagandas de analgésicos, terminam buscando a solução no balcão da farmácia, passando a utilizar analgésicos simples ou combinados com uma frequência muito alta”. O neurologista adverte que a má utilização desses medicamentos por pacientes com cefaleias primárias pode levar a um aumento acentuado da frequência das crises. “Usar analgésicos em mais de 10 dias por mês, por três meses ou mais, leva a um círculo vicioso no qual o paciente toma mais analgésicos e isso acarreta a ocorrência de mais crises”. Apesar de a cefaleia na maioria das vezes ser um sintoma benigno, em alguns casos ela pode ser sinal de alguma doença neurológica grave. “É importante estar alerta para situações como o início de dores de cabeça persistentes em pacientes com diagnóstico de câncer ou HIV, indivíduos com mais de 50 anos que não apresentavam dor de cabeça previamente, dor de cabeça iniciada após um traumatismo craniano ou dores que atingem o pico de intensidade rapidamente, em menos de um minuto”, explica.
O uso indiscriminado de analgésicos deve ser evitado a todo custo, pois pode perpetuar as dores ao invés de realmente combatê-lasAtitudes relacionadas ao estilo de vida são importantes para reduzir os gatilhos que podem desencadear crises de cefaleia. “Algumas medidas são a adoção de hábitos regulares em relação aos horários de sono e de alimentação, além do controle do estresse. A atividade aeróbica regular e a acupuntura também podem ajudar no tratamento preventivo da enxaqueca”. O neurologista finaliza afirmando que a ênfase para o tratamento das cefaleias primárias deve ser a prevenção. “O uso indiscriminado de analgésicos deve ser evitado a todo custo, pois pode perpetuar as dores ao invés de realmente combatê-las”.