Cada vez mais presente na vida das pessoas, pode-se dizer que a prática de atividades físicas já faz parte da rotina de boa parte da população brasileira. Para aqueles com idade a partir dos 60 anos, a realização de exercícios físicos cotidianamente já é considerada tão essencial quanto para as outras faixas etárias. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que 75% da população idosa possui alguma doença crônica, o que chama a atenção dos médicos especialistas e os fazem indicar e motivar a terceira idade a criar uma dinâmica de atividades físicas frequentes como forma de prevenção e também a fim de se ter mais qualidade de vida. Neste cenário, há um indicador positivo e que confirma que as atividades físicas podem estar associadas à prevenção dessas doenças. Atualmente, a expectativa de vida está em 75,5 anos e vem aumentando, conforme estudo do mesmo instituto divulgado em 2015.

“é um círculo virtuoso, que melhora capacidade física e possibilita uma maior participação dos idosos em atividades sociais e culturais, contribuindo de forma muito importante para a qualidade de vida”

Apesar da realidade apontada pelo IBGE, ainda não é  unanimidade a realização de exercícios pelos idosos. “Ao contrário do que muitos pensam, a atividade física na terceira idade é fundamental para a manutenção da funcionalidade e da qualidade de vida”, explica o Dr. Vitor Pelegrim, geriatra e médico clínico do Hospital Moinhos de Vento. O geriatra também destaca a melhora no cotidiano através dos exercícios: “é um círculo virtuoso, que melhora capacidade física e possibilita uma maior participação dos idosos em atividades sociais e culturais, contribuindo de forma muito importante para a qualidade de vida”. Dra. Laura Barcellos, geriatra do Hospital Moinhos de Vento, complementa afirmando que deve haver um cuidado maior com a capacidade da musculatura, que diminui com o avanço da idade: “Temos que estimular atividades com ênfase em reforço muscular, aprimorar capacidade aeróbica, flexibilidade e equilíbrio, adequando, sempre, os exercícios às condições de saúde do paciente”.

“Temos que estimular atividades com ênfase em reforço muscular, aprimorar capacidade aeróbica, flexibilidade e equilíbrio, adequando, sempre, os exercícios às condições de saúde do paciente”

Para isso, é fundamental o acompanhamento médico regular, a fim de avaliar os riscos e as necessidades de cada pessoa antes de iniciar um programa de atividades físicas. “É necessário a realização de uma avaliação médica completa, preferencialmente incluindo uma Avaliação Geriátrica Multidimensional, na qual é possível observar eventuais restrições e ainda quais tipos de exercícios são os mais indicados para aquele indivíduo de acordo com a situação clínica dele”, ressalta o médico. A rotina específica para cada um, além do acompanhamento devido de profissionais da área é outro cuidado importante. “O plano de atividade deve ser sempre individualizado e precisa identificar o tipo de exercício, a maneira que vai ser feito, a periodicidade e o local mais apropriado, geralmente prescrito com ajuda de um fisioterapeuta ou educador físico que tenha conhecimento das necessidades relacionadas à idade e às limitações de cada paciente”, aconselha a geriatra. Sabe-se que a atividade física é benéfica na maioria das condições crônicas, mas é importante lembrar que idosos que possuem múltiplas patologias precisam ter um cuidado maior na hora de realizar qualquer atividade. “Identificados estes pacientes, determinamos a necessidade de complementação diagnóstica antes do início do programa de exercícios como, por exemplo, exames de imagem e/ou exames laboratoriais específicos. E, uma vez iniciada a atividade física, devemos ficar sempre atentos para possíveis sintomas que possam surgir ou mesmo se agravar com a atividade”, esclarece Dra. Laura. Para quem busca uma vida mais ativa e saudável, Dr. Vitor recomenda: “combinar atividades de reforço muscular com exercícios aeróbicos. O ideal seria a realização de 3 a 4 horas de exercícios distribuídos ao longo da semana, entretanto a partir de 90 minutos semanais já é possível perceber os benefícios”.

Fontes:  Dr. Vitor Pelegrim, geriatra e médico clínico (CRM: 25261) e Dra. Laura Barcellos, geriatra (CRM:  25535)