Recentemente, uma participante de um reality show brasileiro disse estar sofrendo com a falta de seu vape, um tipo de cigarro eletrônico. Por terem a fama de não fazerem mal como os cigarros comuns, possuírem um design moderno e aromas mais agradáveis, como menta e chiclete, estes Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs) ganharam muitos adeptos, especialmente entre os mais jovens. Eles são aparelhos mecânico-eletrônicos, alimentados por bateria, que exalam um aerossol contendo nicotina e outras substâncias. Ganharam o rótulo de “inofensivos” junto à comunidade internacional, por passarem a imagem de que exalam apenas vapor. 

 

Mas será que isso é verdade? Ou os cigarros eletrônicos também podem viciar? Quais são os reais riscos que trazem à saúde da população? Para esclarecer o assunto, o Blog Saúde e Você entrevistou a Dra. Frances Kopplin Crespo, pneumologista do serviço de Pneumologia e Cirurgia Torácica do Hospital Moinhos de Vento e supervisora da residência de Pneumologia.

 

E então, Dra. Frances, os cigarros eletrônicos podem ser prejudiciais à saúde, assim como os convencionais?

Dra. Frances Kopplin Crespo - Existe a ideia de que o cigarro eletrônico seria um substituto menos prejudicial do que o cigarro convencional, mas isto não é verdade. Não só seus cartuchos possuem nicotina, que é o responsável direto pelo vício associado ao cigarro, como também contém uma quantidade de ingredientes perigosos e potencialmente maléficos para a saúde.

 

Que tipos de problemas os Dispositivos Eletrônicos para Fumar podem trazer?

Dra. Frances Kopplin Crespo - Os cartuchos utilizados no cigarro eletrônico possuem uma quantidade de elementos potencialmente tóxicos, inclusive que podem causar câncer. Existe descrição também de uma inflamação aguda no pulmão chamada EVALI (E-cigarette or Vaping use-associated Lung Injury, que significa, em português, “injúria pulmonar aguda associada ao cigarro eletrônico ou vape”). Esta pode se tornar uma complicação muito grave, potencialmente necessitando de internação em Centro de Terapia Intensiva (CTI) e uso de ventilação mecânica. Em alguns casos, pode levar a óbito. Além do mais, por ser um dispositivo novo, os riscos a longo prazo ainda não são bem conhecidos.

 

Afinal, os cigarros eletrônicos podem, mesmo, viciar quem os utiliza?

Dra. Frances Kopplin Crespo - Sim. Existe risco de vício associado ao uso de nicotina, que é a mesma substância viciante encontrada no cigarro.

 

Quais são as suas recomendações, especialmente para os jovens que acreditam que este tipo de dispositivo não faz mal à saúde, nem vicia?

Dra. Frances Kopplin Crespo - Não fume, tanto cigarro eletrônico como convencional. É comum a ideia de que não fará mal, mas o uso continuado pode facilmente levar à dependência deste dispositivo e a diversos problemas de saúde.

 

Quais são as dicas para quem quer parar de fumar cigarros eletrônicos ou convencionais?

Dra. Frances Kopplin Crespo - Procure a ajuda de um médico de sua confiança e converse sobre o assunto. Existem medicamentos disponíveis para tratamento que podem ser utilizados, mas nada substitui a vontade de parar de fumar. É importante procurar hábitos relacionados ao cigarro e tentar rompê-los, assim como ter hábitos de vida saudáveis, como a prática de exercício físico.

 

Alerta global

 O assunto é tão sério que, recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS), lançou um alerta para que todos os governos tomem medidas decisivas para conter os cigarros eletrônicos e proibir o uso dos dispositivos para inalar o vapor, alegando que tais produtos devem ser tratados como os seus semelhantes.

 

Segundo a OMS, houve um aumento preocupante entre crianças e jovens, com taxas que excedem as do uso por adultos, em muitos países. Da mesma forma, a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) ressalta que é necessário tomar medidas urgentes para proteger os menores de idade, os não fumantes e a população em geral dos efeitos “alarmantes” dos cigarros eletrônicos para a saúde.

          

 “Não caia nas modinhas”

Aqui no Brasil, o Ministério da Saúde vem fazendo campanhas para esclarecer a população sobre os efeitos nocivos destes artigos. Juntamente com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), salienta que os cigarros eletrônicos possuem "e-líquidos" que, em sua maioria, contêm aditivos com sabores, inúmeras substâncias tóxicas, e nicotina, que é a droga que causa dependência. De acordo com o INCA, eles contêm substâncias tóxicas que causam câncer, doenças respiratórias e cardiovasculares. E garante: “não se deixe enganar pelas novidades. Dispositivos eletrônicos para fumar também matam”. E complementa: “informe-se e não caia nas modinhas”. 

          

Substâncias tóxicas e perigosas

Segundo a Associação Médica Brasileira (AMB), muitos acreditam que os cigarros eletrônicos ajudam as pessoas a deixarem de fumar cigarros comuns. “Pensam também que eles são ‘saudáveis’ por exalar apenas ‘vapor de água’, não contendo substâncias tóxicas e perigosas. Mas, ao contrário do que a indústria do tabaco vem apregoando, os cigarros eletrônicos não trazem nenhuma vantagem.”

 

  • Eles contêm nicotina, droga que leva à dependência.
  • Contêm ainda mais de 80 substâncias químicas, incluindo cancerígenos comprovados.
  • O uso da nicotina aumenta o risco de trombose, AVC, hipertensão e infarto do miocárdio, entre outros.
  • Estudos também mostram que o cigarro eletrônico aumenta em cerca de três vezes as chances do usuário fumar também cigarros comuns.

 

 

Fonte: A Dra. Frances Kopplin Crespo (CRM 40749 RS) é pneumologista do Serviço de Pneumologia e Cirurgia Torácica do Hospital Moinhos de Vento e supervisora da residência de Pneumologia.

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