Nos últimos quinze anos, a hipertensão arterial (ou pressão alta) é cada vez mais frequente em pacientes com menos de 18 anos de idade. E este cenário só piorou com a pandemia de Covid-19 e o aumento do sedentarismo, da obesidade e da má alimentação. A percepção é da Dra. Patrícia Martins Moura Barrios, cardiologista pediátrica e fetal do Hospital Moinhos de Vento.

 Segundo ela, atualmente, tanto no consultório quanto nas diversas sociedades médicas de cardiologia, é observada uma tendência de acréscimo dos níveis de colesterol e de dislipidemia (que é a elevação anormal dos níveis de lipídios ou gorduras no sangue), que vão de 10% a 75%. Em nosso país, os estudos constataram uma ampliação de 8,2% até 22% nestes mesmos níveis, em crianças.

 Por sua vez, a hipertensão arterial, seguindo uma tendência mundial, apresentou um crescimento muito significativo, que chegou a 80%, nos últimos dez anos. Já a prevalência de hipertensão em menores de 18 anos de idade no Brasil varia de 0,5% a 3,24%. Outros artigos internacionais indicam uma prevalência global de hipertensão arterial de 4%, considerando esta mesma faixa etária, de pré-hipertensão de 9,7%, e de hipertensão mais grave (de estágio 2) de 0,2%.

 “Mas isto é diferente conforme a população. Por exemplo, em crianças obesas, a hipertensão varia de 7,5% até 25%, ou seja, um quarto delas são hipertensas. Cerca de 5% deste público (menor de 18 anos) com sobrepeso é hipertenso e, nos que têm o peso normal, a incidência de pressão alta é de 1,9% a 2%. Sendo que, aqui no país, se começa a aferir (ou medir) a pressão em crianças a partir de três anos de idade”, analisa.

 Quais são os fatores de risco para a hipertensão em menores de 18 anos de idade?

“A obesidade em menores de 18 anos é um fator de risco superimportante para a doença cardiovascular e para a hipertensão, que, por si só, pode desencadear uma doença cardiovascular em adultos. Assim, o que começa na infância tende a piorar na vida adulta”, adverte a Dra. Patrícia Barrios.

 “Outro fator muito importante é o sedentarismo. Ou seja, quando o indivíduo pratica menos de trinta minutos de exercício aeróbico, três vezes por semana. Aliás, alguns estudos constataram que até 40% das crianças brasileiras são sedentárias. Hoje em dia, elas passam de seis a oito horas na frente de uma telinha; do computador ou do celular. Elas também não têm uma dieta adequada e possuem alto consumo de fast-food e comidas processadas, com mais sal e gordura”, acrescenta a cardiologista pediátrica e fetal.

Causas modificáveis

Mas vale lembrar que a obesidade, o sedentarismo e a dieta inapropriada ou a má alimentação são causas modificáveis. E, neste sentido, a equipe do Hospital Moinhos de Vento pode contribuir. “Quando faz as consultas relacionadas à área cardiológica, o próprio pediatra pode dar orientações sobre dietas e também indicar que os jovens pacientes não fiquem mais de duas horas na frente de uma telinha”, exemplifica. “Também é bem importante que os pediatras saibam sobre a histórico familiar do indivíduo, como dislipidemia ou infarto, e procurem medir o colesterol, a partir dos cinco ou dez anos de idade, como uma medida preventiva”, recomenda.

 Tratamento

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, na maioria dos casos, o tratamento ocorre de maneira não medicamentosa, a partir de mudanças no estilo de vida, como novos hábitos alimentares e prática de atividades físicas. A redução do consumo de sal, carne vermelha, açúcares, gorduras saturadas e colesterol e gorduras totais são fundamentais para evitar o uso de fármacos e desenvolvimento da Hipertensão Arterial Sistêmica.

 Fonte: Dra. Patrícia Martins Moura Barrios (CRM 10411) é cardiologista pediátrica e fetal do Hospital Moinhos de Vento.

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Prêmios e Certificações

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