Faltam poucos dias para o verão, época em que há maior exposição ao sol e aumento do índice UV. Nesta estação, é importante redobrar os cuidados em relação ao câncer de pele. Por este motivo, a dermatologista do Hospital Moinhos de Vento, Dra. Sabrina Dequi Sanvido, que é especialista em oncologia cutânea, esclarece o assunto, de forma didática.
A médica, que coordena no Rio Grande do Sul a campanha “Dezembro Laranja”, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), ainda explica como usar a “Regra do ABCDE” para identificar possíveis lesões, de forma precoce. E o mais importante é buscar sempre por atendimento especializado, como no Moinhos, que possui uma equipe multidisciplinar para diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos pacientes.
Por que é importante prevenir e entender sobre o câncer de pele?
Dra. Sabrina Dequi Sanvido - O câncer de pele é a neoplasia maligna mais comum no nosso meio. Sua incidência gira em torno de 30% ao ano, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Apesar de ser maligno, a maioria dos tumores de pele não leva a óbito, mas demanda de inúmeras cirurgias para o tratamento, impactando significativamente na qualidade de vida dos pacientes. Entretanto, se diagnosticado precocemente, as chances de cura são acima de 90%.
Quais são os principais tipos de câncer de pele?
Dra. Sabrina Dequi Sanvido - Dividimos em câncer de pele do tipo não melanoma (que compreende o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular) e o tipo melanoma, considerado o mais grave, mais agressivo e com maior chance de metástases e óbitos. Sendo que este corresponde a 1% das neoplasias cutâneas.
Quando suspeitar?
Dra. Sabrina Dequi Sanvido - Lesões de carcinomas geralmente se apresentam numa faixa etária acima dos 40 anos. Podem ser vermelhas (com meses de evolução) ou se assemelham a machucados que não cicatrizam, principalmente em áreas expostas ao sol. Podem ter casquinhas e sangrar facilmente.
Como identificar as lesões?
Dra. Sabrina Dequi Sanvido - As lesões suspeitas de melanoma são aquelas manchas pretas ou castanhas que podemos tentar identificar através da “Regra do ABCDE”:
Lembrando que a maioria dos sinais não será um câncer de pele, mas acende um alerta para que o paciente procure, logo, por um atendimento especializado, no caso, com um dermatologista.
Quais exames podem ser feitos?
Dra. Sabrina Dequi Sanvido - Atualmente, os dermatologistas utilizam a dermatoscopia, um exame com uma lente de aumento que consegue ajudar a diferenciar lesões benignas de malignas. Caso haja suspeita, a lesão deve passar por uma biópsia e ser encaminhada para o laboratório de patologia, preferencialmente por um dermatopatologista. Para o futuro, assim como nas demais áreas da Medicina, a dermatologia pretende contar com o auxílio de algoritmos de inteligência artificial para diagnosticar as lesões de câncer.
O câncer de pele tem tratamento?
Dra. Sabrina Dequi Sanvido - Após o diagnóstico realizado através da biópsia, o tratamento consiste na cirurgia para a remoção total da lesão, com margens de segurança. Esta cirurgia é feita com excelência em Porto Alegre com o controle das margens do tumor no transoperatório. Chamamos de cirurgia com controle de margens ou cirurgia de Mohs. Casos avançados podem necessitar de radioterapia e/ou imunoterapia.
Mutirão da Sociedade Brasileira de Dermatologia
Dra. Sabrina Dequi Sanvido - Para chamar a atenção sobre a gravidade desta patologia, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) criou a campanha “Dezembro Laranja”, na qual palestras e informações estão focadas na prevenção e diagnóstico precoce de câncer de pele. Assim, no início do mês, dermatologistas de todo o Estado participaram de um mutirão de atendimentos gratuitos à população. Em Porto Alegre, foram realizados 262 atendimentos com a participação de dermatologistas voluntários do Moinhos de Vento.
Hospital Moinhos
Vale lembrar que o serviço de oncologia cutânea do Hospital conta com uma equipe multidisciplinar formada por dermatologistas, oncologistas e cirurgiões, para diagnóstico, tratamento e acompanhamento destes pacientes, com excelência e alto grau de conhecimento.
Mais informações podem ser obtidas junto à Sede Iguatemi, do Hospital Moinhos de Vento, que concentra a área de dermatologia, além de outros serviços, como Cardiologia, Gastroenterologia, Ginecologia, Núcleo Mama, Oftalmologia, Reumatologia, Radiologia e Centro da Mulher. O espaço conta com, ainda, com estrutura completa para exames Laboratoriais, Cardiológicos, Vasculares e de Diagnóstico por Imagem, além de disponibilizar o Núcleo de Vacinas. A unidade fica localizada no 3º andar do Shopping Iguatemi Porto Alegre. Telefones: (51) 3537-8400 ou (51) 3327-7000.
Mas, afinal, como prevenir o câncer de pele?
Dra. Sabrina Dequi Sanvido dá várias dicas importantes:
- O filtro usado para a proteção da pele deve ter, no mínimo, um Fator de Proteção Solar (FPS) 30;
- Este produto deve ser utilizado em todos os meses do ano, pois a exposição à radiação ultravioleta é o principal fator de risco. Nos meses de verão, pelo aumento do índice UV, esse cuidado deve ser redobrado;
- O uso de camisetas, óculos e chapéus podem e devem auxiliar na prevenção;
- O uso de roupas deve ser feito por todos, observando até a cor e o tipo de tecido utilizados;
- Estes acessórios de proteção não devem ser usados apenas quando estamos na praia ou na piscina, mas quando estamos trabalhando ou praticando atividades ao ar livre;
- A proteção com filtro solar deve iniciar na infância, a partir dos 6 meses, com o tipo de filtro solar indicado para cada faixa etária;
- É preciso evitar a exposição entre às 10h e 16h, quando a incidência da radiação UVB é maior;
- Se exposto ao sol, o filtro deve ser reaplicado 30 minutos antes da exposição e reaplicado a cada 2 horas ou após suor excessivo, banhos de mar e piscina;
- Pacientes com histórico de queimaduras solares na infância ou adolescência, pele clara, olhos claros ou com familiares acometidos pelo problema devem estar sempre atentos!
- Imunossuprimidos (como transplantados, portadores de doenças crônicas - como HIV - e usuários de medicamentos imunossupressores) apresentam risco maior de câncer de pele;
- Pacientes de pele morena e negra também podem ter câncer de pele.
Fonte:
Dra. Sabrina Dequi Sanvido é médica dermatologista do Hospital Moinhos de Vento, sendo especialista em oncologia cutânea e coordenadora no Rio Grande do Sul da campanha “Dezembro Laranja”, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).