O dia 09 de setembro é considerado o Dia Nacional e Latino-Americano de Conscientização sobre a Epilepsia. A data é muito importante, uma vez que a doença é fonte de muitos preconceitos, e ainda provoca muitas dúvidas na população. A Organização Mundial da Saúde (OMS) esclarece que a epilepsia é uma doença cerebral crônica, considerada a mais comum no globo terrestre. Afeta homens e mulheres de todas as idades. Mais de 50 milhões de pessoas têm epilepsia no mundo, e cerca de 2,5 milhões no Brasil.

A OMS também estima que 70% das pessoas com epilepsia podem ficar livres de crises quando diagnosticadas e tratadas adequadamente. O médico do Ambulatório da Epilepsia do Hospital Moinhos de Vento, Dr. José Augusto Bragatti, observa que o paciente já diagnosticado deve manter uma disciplina, tanto em termos de uso da medicação (dentro do horário prescrito pelo médico) quanto em seus hábitos de vida, sobretudo com relação ao sono e ao consumo de bebida alcoólica, que precisa ser evitado.

“É importante que o indivíduo mantenha uma média de oito horas de sono por dia, porque, no caso de uma redução do sono, isso pode ser um desencadeante de crise. Além disso, é importante manter uma atividade física regular. Não precisa ser nada tão ‘atlético’, apenas que garanta que o estresse seja combatido”, indica. “Sabemos que a melhor forma de combater o estresse é pelo exercício físico, e é importante lembrar que o estresse também é um grande desencadeante de crises epiléticas”, salienta Dr. Bragatti.         

E como explicar essa doença?

Esclarecer sobre a epilepsia realmente é uma situação bastante delicada, ainda mais para um paciente jovem. “Para o adolescente, que tem uma prevalência de início de crises bastante alta, é sempre um desafio para o médico explicar este quadro sem baixar a autoestima do paciente ou tirar suas perspectivas de uma vida com melhor qualidade, que é o objetivo do tratamento”, avalia o médico.

“É preciso elucidar que há uma alteração no funcionamento do cérebro, devido a diversas causas”, garante. O especialista sugere que, se o médico já tem esse motivo definido, pode detalhá-lo para o paciente. Por exemplo, se for uma malformação congênita, a pessoa já nasceu com esse problema ou, se for hereditário, ela, então, recebeu uma mutação genética.

Mas a epilepsia também pode decorrer de outra doença adquirida ao longo da vida, como meningite, tumor ou AVC. “Então, explicado o porquê dessa disfunção, desse mau funcionamento, é preciso deixar claro que isso predispõe ao surgimento de crises epiléticas, que são eventos súbitos, que podem ser evitados através de um tratamento, inicialmente medicamentoso, mas com várias outras opções.”

Limitações que devem ser respeitadas

Segundo o médico do Ambulatório da Epilepsia do Hospital Moinhos de Vento, a questão das limitações ao estilo de vida do paciente talvez seja o principal problema relacionado ao diagnóstico de epilepsia. Conforme a Associação Brasileira de Epilepsia (ABE), a permissão para dirigir veículos, ou a renovação da habilitação para pessoas com epilepsia, é um processo que envolve médicos peritos examinadores, consultores das autoridades de trânsito, bem como, aqueles que promovem o tratamento destes pacientes. “Pessoas com intervalos curtos entre as crises não devem dirigir e aquelas com longos intervalos entre suas crises podem ser consideradas capazes de dirigir com segurança”, recomenda a nota de esclarecimento da ABE sobre o tema, que tentou dirimir uma polêmica em 2018. Na ocasião, um motorista atropelou um grupo de pessoas na praia de Copacabana (no Rio de Janeiro) e alegou, segundo a imprensa, ter epilepsia.

A ABE ressalta que, para se habilitar como motorista, o candidato deverá submeter-se ao exame de aptidão física e mental (artigo 147 da Lei nº. 9.503 de 23 de setembro de 1997). Dr. Bragatti informa que as crises têm que estar controladas há pelo menos um ano e o indivíduo deve ter um esquema medicamentoso regular e ser confiável nas suas informações. “Todos os dados vão ser preenchidos pelo médico em um relatório específico, fornecido pelo CONTRAN ou nos DETRAN’s regionais. A partir daí, ele será liberado para dirigir ou não”, pondera.

“O mais prudente é o paciente ficar longe da direção do automóvel, já que (as crises epilépticas) são eventos imprevisíveis e potencialmente fatais. Assim como fazer escaladas, subir em altura, mergulhar, nadar ou entrar na água, pois são situações em que, se a pessoa tiver uma crise, pode sofrer um acidente fatal. Então, devem ser evitadas”, aconselha.

Novidades no Tratamento

Entretanto, apesar das restrições, quem convive com a doença já pode comemorar alguns avanços importantes. Dr. José Augusto Bragatti destaca que há inovações no tratamento da epilepsia, inclusive, que contam com o apoio da tecnologia. Os chamados dispositivos vestíveis (que podem ser usados como acessórios ou que podemos vestir; em inglês “wearable”) estão em pleno desenvolvimento.

“São pequenos aparelhos adaptados ao corpo, seja na forma de um relógio inteligente, pulseiras, tiaras (que abraçam o crânio do paciente) ou braceletes. Eles contêm biossensores que servem para alertar o usuário e seus cuidadores ou familiares de uma crise iminente. Dessa forma, podem tomar providências e fazer com que a crise seja menos traumática”, analisa. Esses biossensores detectam alterações de frequência cardíaca, saturação do oxigênio, temperatura da pele, ou, no caso da tiara, da atividade elétrica cerebral.

Medicamentos Promissores

Dr. Bragatti também adianta que há uma grande expectativa em relação a fármacos que serão lançados em breve no Brasil e estão em fase de desenvolvimento e aprovação, por órgãos legisladores internacionais e nacionais. São eles: o Perampanel, Brivaracetam, Eslicarbazepina, Estiripentol e a Fenfluramina. “Cada um deles tem indicações próprias para determinados tipos de epilepsia, mas viriam reforçar - e muito bem - o nosso arsenal de medicações para combater essa doença”, projeta.

“Temos, ainda, o canabidiol já aprovado e em uso aqui no Brasil para as Síndrome de Lennox-Gastaut e Dravet, que são duas epilepsias graves da infância, para as quais pode-se obter um melhor controle de crises, através do uso desta medicação”, considera.

Já para casos mais graves, quando a epilepsia não está sendo controlada com nenhum tipo de medicação, existe a estimulação do nervo vago. O procedimento vem sendo realizado, inclusive, por profissionais do Hospital Moinhos de Vento. Trata-se de uma estimulação elétrica aplicada a partir de um marca-passo que é alojado no tórax do paciente.

“Os cabos desse marca-passo ‘abraçam’ o nervo vago, que fica no pescoço, e essa estimulação fina pode ser regulada em termos de frequência, de duração do pulso, de tempo de duração da estimulação comparada ao tempo de repouso do aparelho, e vai, indiretamente, diminuir a atividade elétrica anormal da epilepsia”, explana. Mas este é um dispositivo indicado, apenas, para pacientes com epilepsia refratária aos medicamentos, ou que não são candidatos ao tratamento cirúrgico (por terem lesões inacessíveis ou próximas de áreas importantes que não podem ser retiradas) ou, mesmo, para aqueles que optam por não operar. Ainda tem dúvidas ? Não perca tempo e marque já a sua consulta com a equipe médica do Hospital Moinhos.

Fonte: Dr. José Augusto Bragatti (CRM 13234) do Ambulatório da Epilepsia do Hospital Moinhos de Vento

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