A epilepsia é uma condição neurológica em que o cérebro do paciente apresenta sensibilidade extrema, podendo gerar crises epilépticas espontaneamente. Inclusive, pode-se dizer que a epilepsia é uma doença dentro de outra no sistema nervoso central, pois é uma complicação derivada de uma disfunção cerebral já existente. As mais frequentes são malformações congênitas do cérebro, malformações vasculares, infecções no sistema nervoso central, tumores, traumatismos cranianos e doenças cerebrovasculares. Logo, qualquer indivíduo que tenha o cérebro afetado por alguma destas condições pode desenvolver a epilepsia.
O principal fator desencadeante em crianças é o aparecimento de febre, já nos adultos é o estresse emocional. Condições de desequilíbrio metabólico também podem provocar uma crise epiléptica como a hipoglicemia, hipóxia ou hiponatremia – baixo açúcar no sangue, baixa concentração de oxigênio no sangue e baixo nível de sódio no sangue, respectivamente. As manifestações clínicas das crises epilépticas variam de acordo com a localização da descarga elétrica no cérebro. Conforme a função exercida pela região afetada na crise, podem surgir manifestações motoras (abalos num lado do corpo), autonômicas (salivação e taquicardia), psíquicas (medo e ansiedade), auditivas (zumbidos e ruídos diversos), olfatórias (sensação de cheiro ruim) ou visuais (alucinações).
“A característica comum a todas essas formas de manifestação é que são sintomas de início abrupto, evoluindo e frequentemente culminando numa crise generalizada, devido à propagação da descarga de uma região para todo o cérebro. Outra característica importante é que são episódios de breve duração, quase nunca superiores a dois minutos, seguidos muitas vezes de confusão mental e dificuldade para se comunicar”, explica José Augusto Bragatti, médico do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento.
O principal fator desencadeante em crianças é o aparecimento de febre, já nos adultos é o estresse emocional.
Durante uma crise epiléptica é importante, primeiramente, manter a calma e ajudar o indivíduo, cuidando especificamente para que ele não se machuque. “Deve-se proteger, sobretudo a cabeça de choques com superfícies duras e virar o rosto do paciente para o lado, evitando que possa aspirar um eventual vômito. Nunca se deve introduzir objetos na boca do indivíduo. Ao término do evento, é importante falar com calma, explicar o ocorrido e aguardar que o paciente recobra sua consciência normal”, esclarece o profissional.
Caso seja a primeira crise do paciente, a equipe médica precisa ser procurada para que se possa fazer um diagnóstico assertivo. Esta definição é feita através de uma combinação de elementos obtidos no histórico clínico, eletroencefalograma e, eventualmente, ressonância magnética do encéfalo – centro do sistema nervoso. A partir disso, os tratamentos disponíveis para o indivíduo com epilepsia são medicamentos anticonvulsivantes, cirurgia em casos selecionados, estimulação do nervo vago – que passa por todos os órgãos e tem papel fundamental no sistema – e dieta cetogênica – ingestão mínima de carboidratos e rica em gordura – também em casos selecionados e que não responderam aos medicamentos.
Despontam como fundamentais na prevenção da epilepsia a diminuição das complicações de parto, a prevenção de doenças infecciosas, a prevenção de acidentes sobretudo no trânsito e a prevenção do AVC. “Todas essas condições constituem-se em fatores de risco para o desenvolvimento de epilepsia em um indivíduo previamente sadio, e devem ser combatidas pela sociedade como um todo visando à melhora da qualidade de vida do paciente”, reforça o médico.
Jose Augusto Bragatti (CRM: 13234), médico do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento. (LINK: https://www.hospitalmoinhos.org.br/servico-medico/neurologia-e-neurocirurgia-2/)