A Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) explica que 1 em cada 10 mulheres sofre com endometriose no Brasil. Cerca de 57% das pacientes têm dores crônicas e mais de 30% dos casos levam à infertilidade. Já a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), observa que a adenomiose tem prevalência entre 31% a 61,5% do público feminino. Em geral, acomete pessoas entre 40 e 50 anos e também tem relação com a infertilidade e para resultados negativos, quando se empregam técnicas de reprodução assistida. Mas você já ouviu falar nestas duas enfermidades? A Dra. Raquel Papandreus Dibi, ginecologista do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Moinhos de Vento, nos ajuda a compreender o que são e como cuidar destas duas doenças.

Quais são as diferenças entre a endometriose e a adenomiose?

“Tanto a adenomiose quanto à endometriose são doenças que se caracterizam pela presença do endométrio e de células endometriais em tecidos específicos. O que as diferencia? A adenomiose consiste em células endometriais restritas ao útero. Por sua vez, na endometriose encontramos estes focos de células endometriais em outros tecidos, que podem estar próximos do útero ou até mesmo em órgãos um pouco mais distantes, como bexiga ou perto do ureter e intestino.

Então, o que as difere é a localização da doença. Ambas são consideradas enfermidades benignas, mas a adenomiose é restrita ao útero (à parede uterina ou musculatura uterina) e a endometriose está em outros tecidos do peritônio e outros órgãos na cavidade abdominal.”

Quais são as causas da endometriose e da adenomiose?

“Não existe uma causa ainda completamente esclarecida sobre a endometriose e a adenomiose. Existe, sim, uma relação com a produção estrogênica (ou de estrógeno, que é um hormônio sexual feminino). Também sabemos que a endometriose pode começar a se manifestar desde os primeiros ciclos menstruais. Assim, devemos prestar muita atenção para as queixas de cólica menstrual nas meninas, no início dos seus ciclos. E a adenomiose tende a acontecer um pouco mais tarde, na fase adulta e reprodutiva, em mulheres que ainda menstruam.”

Quais são os principais sintomas da endometriose e da adenomiose?

“Em relação a sintomas, o que caracteriza a endometriose é a cólica menstrual. E a adenomiose pode, também, apresentar cólica, mas se caracteriza, principalmente, por um sangramento uterino aumentado. Então, quando a queixa é referente a um sangramento volumoso associado à dor e à cólica menstrual, pensamos em adenomiose. A endometriose, por sua vez, não é de causar tanto aumento no sangramento. 

Entretanto, vale lembrar que há uma maior prevalência de endometriose em mulheres que sangram bastante, o que é um sinal da doença, durante o ciclo menstrual. Mas a paciente também pode apresentar outros sintomas que não são encontrados na adenomiose, como dor evacuatória ou para urinar, associadas à menstruação. Já a dor pélvica ou o desconforto abdominal pode acontecer nas duas patologias.”

Quais são os principais tratamentos para a endometriose e para a adenomiose?

“Os tratamentos precisam ser individualizados e, em mulheres com endometriose, por exemplo, nós precisamos esclarecer se a queixa principal é a dor ou a infertilidade ou, ainda, se ambas estão associadas. Também é preciso verificar se existe massa tumoral presente em outros órgãos, quando a doença está mais avançada e chamamos de endometriose profunda. Isto é fundamental.

Mas o básico do tratamento da endometriose é fazer um mapeamento e saber onde está a enfermidade. Ainda precisamos tratar a dor, que começa com orientações sobre o sono, a alimentação e exercícios físicos, associados à acupuntura e fisioterapia e também com o bloqueio menstrual, que é um grande aliado, porque o sintoma se caracteriza muito durante a menstruação, como a própria cólica menstrual.

Com a adenomiose é preciso fazer o mesmo. Individualizar as recomendações e saber se existe, ou não, o desejo gestacional por parte da paciente. Se for uma mulher com prole completa, o tratamento definitivo é a histerectomia, que consiste em um procedimento cirúrgico que remove todo ou parte do útero. Entretanto, se a paciente deseja engravidar não se deve fazer este procedimento, então, outras alternativas são buscadas. Às vezes, é preciso compensar o sangramento, que pode estar relacionado à anemia. Então, é indicado tratar o sangramento e a dor e tentar acelerar este processo reprodutivo, porque o tratamento definitivo é, mesmo, a histerectomia. Também existem outros tratamentos hormonais, como o DIU hormonal, que também é sugerido, desde que não haja o desejo de engravidar.”

Quais são os tratamentos cirúrgicos indicados?

“O tratamento cirúrgico da endometriose pode ser feito por laparoscopia e/ou cirurgia robótica, que são procedimentos minimamente invasivos. Assim, é possível realizar uma cirurgia com recuperação mais rápida e com uma efetividade melhor, porque se enxerga bem a localização dos focos da doença. Geralmente, ela é feita baseada nesta localização e correlacionada com os sintomas apresentados. 

Para a adenomiose, quando o tratamento indicado é a histerectomia, ela pode ser feita tanto por cirurgia laparoscópica ou robótica ou cirurgia vaginal e, em alguns casos, também com a cirurgia abdominal não minimamente invasiva (que é a histerectomia aberta abdominal). Isto é muito individualizado e a escolha passa pela avaliação da paciente junto ao médico assistente.”

O que a senhora recomenda às leitoras?

“É importante que toda a mulher que tenha cólica ou sangramento uterino aumentado e que, muitas vezes, também possa ter infertilidade, procure por um médico especialista, porque pode estar com alguma destas alterações e isso precisa ser investigado, o mais breve possível.”

Ficou com dúvidas? Ou tem algum sintoma, como cólica ou sangramento, e quer saber mais sobre possíveis tratamentos? Agende uma consulta com os especialistas do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Moinhos de Vento. Mais informações pelo telefone (51) 3314-3434.

Fonte: Dra. Raquel Papandreus Dibi (CRM 25433 RS) é ginecologista do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Moinhos de Vento e coordenadora associada do fellow de cirurgia pélvica avançada do Moinhos.

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