A cantora Anitta, de 29 anos, acaba de agitar as redes sociais e os principais sites de notícias ao declarar que tem endometriose e fará uma cirurgia, em breve. Ao expor no Twitter que há nove anos tem sintomas e sente dores horríveis, a artista usou a sua popularidade para alertar sobre a doença e incentivar pesquisas na área. E a mensagem chegou em uma boa hora. No Brasil e no resto do mundo ainda demoram de sete a dez anos para confirmar o diagnóstico de endometriose.

Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), a enfermidade atinge uma em cada dez mulheres no planeta. No país, devem ser mais de 8 milhões com esta enfermidade, que causa muito desconforto e grandes dúvidas em relação à possibilidade da maternidade.

Recados da Pop Star

"Pesquisem, galera. A endometriose é muito comum entre as mulheres. Tem vários efeitos colaterais, em cada corpo de um jeito. Podem se estender até a bexiga e causar dores terríveis ao urinar. Existem vários tratamentos. O meu terá que ser cirurgia", afirmou a artista, que está em turnê internacional. "Enfim... minha cirurgia ‘tá’ marcada e aqui fica meu apelo por mais informações para as mulheres. Mais acesso, mais interesse geral em cuidar do corpo feminino para que a gente possa ser livre e conseguir se cuidar", declarou em seu perfil. Anitta ressaltou que, em quase dez anos, esta foi a primeira vez que pediram um exame de ressonância, com o qual chegaram ao seu diagnóstico. Além disso, observou que nunca leu nada a respeito de uma das suas principais queixas. “Nenhuma matéria, artigo, site etc cogita a cistite de repetição como um possível sintoma de endometriose”, reclamou.

O que é a endometriose?

De acordo com a Dra. Raquel Papandreus Dibi, ginecologista do Hospital Moinhos de Vento, a endometriose é uma doença benigna, que, geralmente, acomete as mulheres em um período de idade fértil. Assim, uma das grandes preocupações de quem tem o diagnóstico comprovado é o receio em ter dificuldade para conseguir engravidar. “A infertilidade é um sintoma comum na endometriose, mas nem todas as pacientes vão tê-la”, esclarece a médica, que também é coordenadora associada do “fellow” de cirurgia pélvica avançada do Hospital Moinhos de Vento.

Quais são os principais sintomas?

De acordo com a Dra. Raquel, a cólica menstrual sempre tem que ser considerada em uma consulta com o médico ginecologista, que é o especialista em atender casos de endometriose. “A mulher que, no período da menstruação, refere ter uma dor progressiva, que está ficando cada vez pior, deve ser avaliada”, recomenda. Os principais sintomas, além da cólica, são dores e dificuldade ao urinar e evacuar, que geralmente pioram durante o período menstrual. Ainda podem ser percebidas alterações no funcionamento do intestino, como constipação ou diarreia.

Dores na relação sexual

Se a pessoa reclamar que sente dores na relação sexual, como Anitta declarou em suas postagens, também deve ser observada. “Por isso, a busca por um ginecologista é indispensável para boa anamnese (que é uma entrevista entre médico e paciente) e para definir quais os exames serão necessários para seguir com a investigação e posterior programação do tratamento”, garante.

Diagnóstico

O diagnóstico começa com a realização das perguntas, no atendimento médico, que é complementado por exames de imagem, como uma ecografia normal. “Como ela não vê a doença é necessário solicitar uma ecografia com preparo para pesquisa ou, dependendo do exame físico feito durante a consulta ginecológica, é pedida uma ressonância para uma avaliação mais aprofundada desta doença”, explica.

Tratamento

Para diminuir ou acabar com a dor de quem tem endometriose são indicados medicamentos hormonais que bloqueiam a menstruação. “Depois do diagnóstico é importante pensar no tratamento, que passa por várias etapas. A principal é tentar expor (a paciente) à menstruação por um tempo mínimo. Só vai manter o ciclo menstrual aquela que deseja engravidar”, esclarece. Também existem outras terapêuticas, como a fisioterapia pélvica e o uso da acupuntura, que podem atenuar os sintomas. A prática de atividade física regular e a orientação dietética também são importantes no tratamento desta doença que é considerada cronica. E, em algumas situações como a da cantora, também é indicado passar por uma cirurgia.

Quando operar?

A intervenção é indicada em casos de infertilidade, em casos de doença avançada com risco de obstrução de algum órgão como intestino, e para os quais os tratamentos clínicos não estáo funcionando na melhora da dor. “Devem ser discutidos outros aspectos, como o fator tubário ou o fator masculino, mas se estiver tudo normal, mesmo que esta paciente tenha endometriose, pode vir a ter mais chances de engravidar, após o procedimento”, relata.

Preferencialmente, a cirurgia deve ser minimamente invasiva, por laparoscopia ou via robótica. “As duas têm a mesma função, de ter menor dano e melhor resolução no tratamento dos focos. Às vezes, é necessário o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, incluindo proctologista e urologista, sempre apoiados no diagnóstico e no acompanhamento do ginecologista”, detalha. Aliás, esta é uma tendência mundial: operar uma única vez e tratar todos os focos. “Com isso a gente diminui a chance de complicações, aderências e até impactos na fertilidade futura da paciente”, pondera a Dra. Raquel Dibi.

Centros de saúde

O ideal é que as pacientes com endometriose mais severas sejam acompanhadas em centros especializados, como o do Hospital Moinhos de Vento. “A gente orienta que todo ginecologista investigue, mas que as doenças mais sérias sejam encaminhadas para as equipes que têm um treinamento maior do ponto de vista clínico e cirúrgico para o trato dessa doença, que ainda é um grande desafio na saúde feminina e que deve ser muito investigada”, avalia.

Conselho médico

“Recomendamos que as mulheres que têm esses sinais (que falamos anteriormente) ou têm infertilidade como sintoma isolado, que procurem ajuda e, sim, até que se prove o contrário mulheres com cólica menstrual importante têm endometriose”, define. “Isto faz com que a gente diminua o tempo do diagnóstico e inicie logo o tratamento”, garante.

Fonte: Dra. Raquel Papandreus Dibi (CRM 25433 RS) é ginecologista do Hospital Moinhos de Vento e coordenadora associada do fellow de cirurgia pélvica avançada do HMV
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