É comum que haja um enfoque maior nas consequências físicas ocasionadas por essa doença. Entretanto, o quadro clínico também acarreta em fatores psicológicos e emocionais que precisam ser observados e cuidados pelos profissionais envolvidos no caso.
Assim como em outras doenças, o suporte emocional é muito importante para a mulher que convive com a endometriose. Para a paciente, é importante que a família entenda que se trata de uma doença que causa dores fortes, desconforto e que pode deixar a mulher desanimada e até mesmo sem interesse nas suas atividades diárias.
Embora não seja uma doença fatal, a endometriose pode acarretar em diversos efeitos psicológicos negativos, sendo extremamente necessário para o seu tratamento a compreensão de seu aspecto emocional, como uma abordagem mais humanizada e realizada por uma equipe multidisciplinar. Estudos mostraram que a prevalência de quadros de depressão é maior em pacientes com doenças crônicas, sendo que mais de 80% das mulheres portadoras de endometriose com dores frequentes e regulares haviam desenvolvido um quadro de depressão.
A endometriose é uma doença crônica onde os fragmentos do tecido endometrial, que são encontrados somente no revestimento interno uterino (endométrio), começam a crescer para fora do útero, geralmente nos ovários. Durante todo o ciclo menstrual, o endométrio fica mais espesso para que o óvulo que foi fecundado possa se implantar nele. Quando não há a fecundação do óvulo, ele se descama, sendo excretado durante o período menstrual. Ainda não há um consenso sobre o que desencadeia a endometriose, apenas algumas teorias, sendo que a mais aceita é de que uma pequena quantidade de sangue vai em sentido oposto e acaba caindo nos ovários, causando uma lesão endometriótica. O risco de desenvolver endometriose aumenta caso a mulher tenha uma mãe ou irmã com endometriose.
Os principais sintomas emocionais podem ser notados após o diagnóstico da doença, e geralmente são:
Toda doença pode ser agravada por efeitos psicológicos, interferindo negativamente no tratamento da doença. No caso da endometriose não é diferente. Mulheres que estão com a saúde mental prejudicada por causa da doença acabam tendo menor adesão ao tratamento e demoram mais para buscar um médico especialista. Além disso, a mulher que recebe atendimento psicológico se sente mais segura para buscar ajuda e realizar o tratamento, tendo mais segurança para enfrentar dificuldades e possíveis consequências da doença.
É importante também lembrar que uma paciente é mais do que apenas um quadro clínico com uma doença, precisando de um tratamento que aborda também suas questões emocionais e psicológicas.
Um dos principais fatores que dificultam a busca por um profissional de maneira precoce, é que muitas ignoram os sintomas e consideram as dores pélvicas como cólicas menstruais normais. Entretanto, é importante que as mulheres sejam incentivadas a procurar profissionais da área da saúde e fazer exames de rotina sempre, e caso seja constatada a endometriose, continuar indo a consultas tanto para o tratamento da doença em si, quanto para o tratamento das consequências psicológicas causadas pela doença.
O tratamento adequado deve abordar todos os aspectos da doença, nesse caso com um enfoque maior para os aspectos fisiológicos e emocionais. É necessário que as mulheres que apresentem os sintomas citados anteriormente busquem ajuda médica, para que o diagnóstico possa ser efetuado e os males emocionais possam ser cuidados. Somente com profissionais especializados a mulher poderá ter um tratamento adequado e não acabar com quadros de problemas psicológicos desencadeados pela doença.
Fonte: Instituto Crispi