Ao lado de problemas como obesidade, sedentarismo, tabagismo, diabetes e hipertensão arterial, o nível elevado de colesterol na corrente sanguínea é um dos principais motivadores das doenças cardiovasculares – incluindo infarto e acidente vascular cerebral. E, em um cenário no qual, conforme a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), em torno de 40% dos brasileiros adultos têm altos índices de colesterol ruim (LDL) no sangue, o problema assume proporções realmente preocupantes. Para falar mais sobre ele e a importância do acompanhamento precoce para os níveis de colesterol, convidamos Débora Hoffmann Loro, cardiologista no Hospital Moinhos de Vento. Acompanhe as dicas da especialista a seguir.

Qual é o nível de colesterol considerado ideal?

De modo geral, o valor considerado ideal varia conforme a classificação de risco cardiovascular de cada paciente, que geralmente é baseada em fatores como idade, sexo, níveis basais de LDL, níveis de pressão arterial, presença ou não de diabetes e tabagismo. Conforme a Dra. Débora, “a sociedade brasileira de cardiologia recomenda para adultos que o colesterol total não exceda 190mg/dl, os triglicerídeos 150mg/dl, e que o HDL (‘colesterol bom’) seja maior do que 40mg/dl. Já o LDL (o ‘colesterol ruim’) não deve ser maior do que 130mg/dl em indivíduos com baixo risco e, para os pacientes com risco muito alto, o valor recomendado é de, no máximo, 50mg/dl. A última diretriz europeia de 2019 já propõe valores ainda menores, isso porque os estudos têm demonstrado que quanto menor o LDL, menor é o risco de eventos cardiovasculares, principalmente em quem já teve um infarto cardíaco ou acidente vascular cerebral (AVC)”.

Quais os principais perigos que corremos ao não sabermos se nossos níveis de colesterol estão dentro dos limites recomendados?

Como vimos, o colesterol alto está associado a uma série de problemas que afetam nossa saúde e causam risco de morte. Apesar disso, muitas pessoas desconhecem qual é o seu nível de colesterol. Conforme uma pesquisa realizada pela SBC, 67% dos brasileiros não sabem quais são suas taxas de colesterol. Ainda, 65% só faz os exames depois dos 45 anos de idade, sendo que 11% dos participantes nunca mediram seus níveis de colesterol. Esses números são preocupantes e representam um aumento dos riscos que poderiam ser evitados a partir de um comportamento proativo. Entre esses riscos está a doença aterosclerótica, “que é o deposito de colesterol ruim na parede das artérias. Essa é uma doença silenciosa, que evolui por muitos anos sem sintomas, e que confere ao indivíduo um alto risco de apresentar um evento cardiovascular grave, seja por obstrução do fluxo sanguíneo em placas muito grandes, ou seja pela ruptura de placas leves, com consequente trombose e isquemia. Ela está intimamente relacionada aos níveis de colesterol circulante e, quanto mais elevado for o colesterol, maior será a chance de desenvolver placas ateroscleróticas”, esclarece a cardiologista.

Qual é a importância do acompanhamento precoce dos níveis de colesterol?

A recomendação de especialistas, a partir de novos estudos, é de que se faça o acompanhamento das taxas de colesterol a partir dos 25 anos de idade. Quando se realiza o exame, de acordo com os níveis de LDL e o risco cardiovascular, mesmo antes da manifestação dos sintomas, já é possível iniciar o tratamento para reduzir o risco de um infarto ou AVC. Ainda, conforme esclarece a Dra. Débora, “a partir do momento em que dosamos o colesterol e determinamos a categoria de risco individual, em qualquer idade, podemos fornecer as orientações necessárias para manter níveis adequados. Além disso, quando há um histórico familiar de doenças cardiovasculares, é importante que o colesterol seja dosado o mais precocemente possível, idealmente quando crianças (quando os pais tiveram algum evento). Isso porque a doença genética conhecida como hipercolesterolemia familiar, na qual os níveis de LDL são muito altos desde a infância, confere um risco bastante elevado de eventos cardiovasculares em jovens devido ao processo de aterosclerose iniciar muito cedo. Nesses casos, quanto mais precoce o tratamento, melhores os resultados”. É importante ressaltar que juntamente a esse acompanhamento precoce da taxa de colesterol, também é importante o paciente adotar melhores hábitos de vida – como a prática regular de exercícios físicos, uma alimentação equilibrada e não fumar -, a fim de evitar doenças cardiovasculares e outros problemas de saúde. E você, já conhece suas taxas atuais de colesterol? Se ainda não, entre em contato conosco para fazer um checkup para prevenir ou tratar desse e de outros problemas.