No Dia Mundial da Saúde Digestiva, celebrado em 29 de maio, a Organização Mundial de Gastroenterologia (WGO) chama a atenção neste ano para o que considera uma “pandemia contínua de obesidade”. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019 um em cada quatro adultos estava obeso no Brasil. Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que as Américas apresentam as taxas mais altas de sobrepeso ou obesidade no mundo, afetando 64% dos homens e 61% das mulheres.  

O médico endocrinologista e Supervisor do Programa de Residência Médica em Endocrinologia e Metabologia do Hospital Moinhos de Vento, Dr. Rogério Friedman, alerta que a obesidade é multifatorial e, tirando algumas causas genéticas extremamente raras, geralmente se deve a um desequilíbrio entre o que a pessoa come e a energia que  gasta: “Quando essa equação tende pro lado da comida, o excedente de energia vai ser armazenado no corpo em forma de gordura”, afirma. Segundo ele, hábitos alimentares e culturais adquiridos ao longo do tempo, transtornos alimentares e comportamentos alimentares podem predispor à obesidade: “Um exemplo é o comer emocional, quando a pessoa responde a sentimentos de tristeza ou alegria com a alimentação, como se fosse recompensa ou punição”, afirma. Friedman ressalta a importância de identificar esses comportamentos e também os transtornos alimentares, pois, quanto antes forem tratados, maiores são as chances de prevenir um quadro de obesidade.

A obesidade pode acabar levando a outras doenças, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e apneia do sono, além de ser fator de risco para alguns tipos de câncer. O médico explica que a obesidade é um estado inflamatório subclínico crônico, como se a pessoa tivesse uma inflamação sistêmica crônica de baixo grau em todo o organismo. Por isso, em tempos de pandemia de Covid-19, o cuidado deve ser redobrado: “Esse estado inflamatório pode ser o arcabouço de uma resposta imunológica muito negativa  em pacientes com Covid-19”, afirma. Além disso, ele lembra que indivíduos com obesidade podem ter consequências mais sérias após a infecção pelo vírus Sars-CoV-2, pois normalmente já têm uma certa disfunção respiratória ocasionada pela massa de peso, o que dificulta a respiração: “Agregando a isso uma disfunção respiratória causada pela Covid-19, a situação pode ficar ainda mais grave”, pontua Friedman. 

Estilo de vida saudável é a chave para a prevenção

A nutricionista do Ambulatório de Nutrição do Hospital Moinhos de Vento Bárbara Christ lembra que mudanças simples relacionadas ao estilo de vida podem ajudar a prevenir a obesidade, como reeducação alimentar e atividade física: “A mudança deve ser feita de forma gradual e saudável, pois as dietas que prometem um emagrecimento muito rápido, geralmente, não trazem efeitos duradouros ou são maléficas para a saúde”, alerta a nutricionista. O acompanhamento médico é fundamental. Bárbara lembra que existe uma relação direta entre nutrição, saúde e bem-estar físico e mental do indivíduo: “As pesquisas comprovam que a boa alimentação tem um papel fundamental na prevenção e no tratamento de doenças. “

Confira as dicas da nutricionista para, além de prevenir a obesidade, garantir também mais qualidade de vida: 

• Tenha o hábito de consumir alimentos in natura e minimamente processados, como verduras, legumes, frutas, castanhas e sementes, batata, mandioca, cereais e grãos integrais, leite e iogurte sem adição de açúcar, carnes brancas e vermelhas e ovos.
• Limite o consumo de alimentos ultraprocessados, pois possuem muito sal, açúcar, óleos, gorduras e aditivos. 
• Planeje e organize suas compras da semana: a maioria das pessoas tem o dia muito corrido e, se você não encontra o alimento à disposição, corre o risco de fazer opções não tão nutritivas; 
• Cozinhe sempre que possível e congele: Se você não consegue cozinhar todos os dias, prepare uma quantidade de alimentos que dê para mais de uma refeição ou até congele algumas porções para facilitar o seu dia a dia;
• Esteja com a mente presente para escolher o seu alimento, reconhecer e saber lidar com a fome que está sentindo sem distrações. Observar a sua saciedade durante a refeição e, principalmente, comer sem culpa e sem julgamento, mas com atenção àquele momento. 
• Tenha uma vida mais ativa:  Além de praticar exercícios físicos regularmente, procure manter-se mais ativo no dia a dia. Desça do ônibus um ponto antes, suba mais escadas, use menos o carro e tente realizar atividades a pé, caso não tenha nenhuma contraindicação.
• Cuidado com as fake news ou notícias falsas:  Algumas pessoas buscam estratégias ou alimentos milagrosos para perder peso e isso acaba induzindo e propagando modismos. Por isso, é importante checar a fonte da informação antes de colocá-la em prática ou repassá-la. Procure seguir entidades que divulgam informações confiáveis, baseadas em evidências científicas. 

Atendimento nutricional em consultas virtuais

O Hospital Moinhos de Vento conta com um Ambulatório Digital de Nutrição que realiza consultas de maneira virtual. O local reúne profissionais especializados nas áreas materno- infantil, adulto, cirúrgico e oncológico. “Os atendimentos virtuais ocorrem da seguinte forma: no primeiro encontro, o nutricionista realiza uma entrevista com o paciente, para conhecer seu histórico de vida, hábitos, peso e objetivos. Em um segundo momento, o profissional fornece o plano alimentar personalizado e indica a periodicidade de acompanhamento” explica a coordenadora do Ambulatório, Paula Oliveira. 

Fontes: 

Barbara Christ, nutricionista do Ambulatório de Nutrição do Hospital Moinhos de Vento.

Paula Oliveira, nutricionista e coordenadora do Ambulatório de Nutrição do Hospital Moinhos de Vento.

Dr. Rogério Friedman, médico endocrinologista e Supervisor do Programa de Residência Médica em Endocrinologia e Metabologia do Hospital Moinhos de Vento.