O combate à Insuficiência Cardíaca tem um novo aliado. A Anvisa liberou o medicamento sacubitril/valsartana. “Trata-se de medicamento com mecanismo de ação inovador. A molécula sacubitril inibe a degradação do hormônio benéfico ao funcionamento cardíaco, o BNP (Peptideo Natriurético Cerebral, em inglês)”, explica Dr. Luís Beck da Silva Neto, cardiologista do Serviço de Cardiologia do Hospital Moinhos de Vento.

Segundo o médico, a associação de sacubitril com valsartana se mostrou superior ao enalapril, tratamento convencional usado atualmente, em testes com mais de 8 mil pacientes. “A comunidade médica tem visto esta inovação com entusiasmo, pois progressos dessa magnitude não ocorrem com frequência”, enfatiza.

A insuficiência cardíaca é caracterizada pela falha do coração em bombear sangue para o organismo, uma condição com incidência crescente na população. Segundo o estudo do 1º Registro Brasileiro de Insuficiência Cardíaca (BREATHE, do inglês Brazilian Registry of Acute Heart Failure) – realizado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) – esta doença é a principal causa de internação hospitalar. Além disso, há uma projeção de aumento de 46% na prevalência da Insuficiência Cardíaca entre os anos de 2012 e 2030. “Isto se deve a um conjunto de fatores que envolvem o incremento da eficácia das terapias cardiovasculares, com resultante aumento da expectativa de vida e envelhecimento da população. Mas essa aparente boa notícia traz o ônus para a população mais idosa, que tem chance e tempo maiores de desenvolver insuficiência”, avalia o cardiologista. Múltiplas condições podem culminar na Insuficiência Cardíaca. Dados da mesma pesquisa indicaram que as principais causas desta doença são a hipertensão arterial (70,8%), dislipidemia (36,7%) e diabetes (34%). O especialista afirma que o tratamento desses distúrbios também é recomendado para prevenir a ocorrência da IC. “Pode-se dizer que as doenças cardiovasculares pertencem a uma sequência que começa na hipertensão, diabetes e demais fatores de risco e culminam com a Insuficiência Cardíaca na outra ponta do espectro”. Apesar disso, o médico explica que os tratamentos contra a Insuficiência Cardíaca têm tido resultados positivos. “É confirmado que estes medicamentos prolongam a sobrevida e melhoram a qualidade de vida dos pacientes. A mortalidade pela doença reduziu de forma muito significativa nos últimos 30 anos”.

Fonte: Dr. Luís Beck da Silva Neto (CRM: 20999), cardiologista do Serviço de Cardiologia do Hospital Moinhos de Vento.