As festas de Final de Ano se aproximam e, com elas, vêm a possibilidade de fugir da dieta e aproveitar todas as delícias gastronômicas que a época oferece. Entretanto, como esta também é uma fase de fazer planos para o próximo ano e, muitas vezes, projetar uma vida mais saudável, nada melhor do que falar sobre um problema que está acometendo muitas pessoas no mundo, especialmente, brasileiros: a gordura no fígado ou esteatose hepática. 

Para falar sobre o assunto, sem desencorajar a ceia de ninguém, a Dra. Silvia Coelho Borges, que é uma das coordenadoras do Ambulatório de Esteatose do Hospital Moinhos de Vento, explica o tema e fala da importância de fazer check-ups anuais. A esteatose é silenciosa e costuma não causar problemas. Entretanto, é um indicador importante de doenças metabólicas e pode evoluir para uma cirrose, câncer e até problemas cardíacos graves.

Mas o que significa a esteatose hepática?

Dra. Silvia Coelho Borges - A esteatose significa gordura no fígado em excesso. Pode ser encontrada em uma biópsia, quando tem mais de 5% dos hepatócitos (que são as células hepáticas infiltradas com gordura) ou também no exame de ressonância magnética do abdômen, quando tem mais do que 5,6% de gordura.

Check-ups de rotina

Dra. Silvia Coelho Borges - O exame que mais alerta sobre a gordura no fígado é a ecografia (ou ultrassonografia) abdominal, comumente solicitada em check-ups de rotina, anuais. A ecografia não é tão sensível quanto à ressonância magnética, pois o paciente precisa ter entre 18% e 20% de gordura no fígado para que seja detectada, mas lança um alerta importante e é recomendada. Posteriormente, o indivíduo é encaminhado a um especialista, como os do Hospital Moinhos de Vento, que possui um Ambulatório de Esteatose.

O que essa gordura no fígado pode ocasionar?

Dra. Silvia Coelho Borges - Essa gordura pode ser só uma esteatose simples ou pode provocar uma inflamação crônica. Ou seja, essa “gordurinha” vai irritando a célula hepática e começa a fazer uma inflamação, que é, na verdade, uma hepatite crônica gordurosa. E a causa mais comum é a ingesta abusiva de álcool, além do consumo inadequado e excessivo de açúcares e carboidratos. Aliado a isso, estão os fatores genéticos e ambientais (como sedentarismo e pouca atividade física).

Mas, nas últimas décadas, uma outra síndrome está chamando a atenção. Trata-se da esteato hepatite não alcoólica ou doença gordurosa hepática não alcoólica, que está ficando extremamente comum. Ela afeta em torno de 25% da população em geral; mais de 50% dos pacientes com diabetes mellitus tipo 2 e mais de 80% dos indivíduos com obesidade. Isso porque, a maioria dos obesos vai ter gordura visceral, abdominal e hepática também. E essa prevalência aumentou bastante com a pandemia porque também ampliou a obesidade mundial, neste período.

Quando é preciso se preocupar com a esteatose hepática? 

Dra. Silvia Coelho Borges - O fígado com esteatose, em geral, funciona muito bem. Ele não tem um “defeito” na sua função hepática, por um longo período de tempo. Entretanto, ele pode desenvolver uma hepatite crônica, doença totalmente assintomática, descoberta apenas nos exames de check-up. E se ela seguir sem ser detectada nem tratada, por longo prazo, pode se transformar em doenças crônicas mais graves, tais como cirrose e câncer.

Então, o que acontece dentro do fígado? 

Dra. Silvia Coelho Borges - Com hepatite crônica, o fígado passa por um período cíclico de inflamação e regeneração. E, neste processo, alguns pacientes começam a desenvolver fibrose, que são “traves” ou “pontes” de colágeno dentro do órgão. E essa fibrose pode adquirir uma anatomia mais circular e ir formando nódulos. Então, existe uma pequena porcentagem de pacientes que têm esteatose e podem vir a desenvolver uma cirrose, que é uma doença hepática mais avançada, sem nunca ter bebido ou ter tido uma ingesta abusiva de álcool; simplesmente por ter gordura no fígado.

A importância do diagnóstico precoce

Dra. Silvia Coelho Borges - O principal significado da doença é o que ela pode ocasionar no futuro. Em algumas pessoas, ela não tem sintoma nenhum e o indivíduo pode passar a vida inteira com uma esteatose simples, sem ter absolutamente nada no fígado. Entretanto, em uma pequena porcentagem de pacientes, a enfermidade evolui e permanece sem sintomas, mas pode se transformar em uma cirrose, que é uma doença que aumenta a chance de ter câncer primário de fígado e de outros tipos de câncer também, em especial do cólon (intestino grosso) e da mama. Além de doenças renais. Portanto, sempre é melhor encontrar a esteatose antes, para evitar uma evolução ruim do paciente, que, depois, poderá necessitar de um tratamento mais complexo e difícil. 

Além disso, ela é um sinal de que há um problema metabólico naquele indivíduo, pois geralmente faz parte da chamada Síndrome Metabólica e pode estar associada a diabetes mellitus tipo 2 (que dá no paciente com sobrepeso, geralmente acima dos 35 anos de idade). Também pode indicar que há gordura nas artérias (ou placa de aterosclerose), sendo um marcador indireto de doença cardiovascular. Então, ela é multifatorial e pode afetar a pessoa de uma forma mais global, atingindo não só o fígado, mas também o coração e outros órgãos.

Portanto, fica o alerta! Em caso de dúvidas, agende uma consulta com o Ambulatório de Esteatose, que atua às quintas-feiras à tarde, no Bloco A do Hospital Moinhos (Rua Ramiro Barcelos, 910, salas 805 e 803). Telefone para agendamento de consultas e exames (51) 3314-3434 ou e-mail gorduranofigado.hmv@gmail.com.

Fonte: Dra Silvia Coelho Borges (CRM 15.725) é preceptora da Residência Médica de Gastroenterologia do Moinhos de Vento e uma das coordenadoras do Ambulatório de Esteatose do Hospital. 

Agradeçemos pela sua inscrição!

Prêmios e Certificações

Entrada 1 - Rua Ramiro Barcelos, 910 - Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS, 90035-000
Entrada 2 - Rua Tiradentes, 333
Av. João Wallig, 1800 - 3º andar - Shopping Iguatemi Porto Alegre
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