Você sabia que a Síndrome de Asperger e o Autismo hoje são considerados condições clínicas que estão juntas dentro da categoria dos Transtornos do Espectro Autista (TEA)? 

Para esclarecer esse assunto, o Dr. Thiago Botter Maio Rocha, médico psiquiatra da infância e adolescência, coordenador do Centro Especializado em Neurodesenvolvimento Infantil (CENI) do Hospital Moinhos de Vento, esclarece algumas questões relevantes sobre esse tema:

 Embora a síndrome de Asperger não seja mais considerada um diagnóstico separado na última edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), os sintomas e características desse quadro hoje estão incluídos na categoria mais ampla chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA). No entanto, o termo "Asperger" segue sendo ainda comumente usado na linguagem popular ou por algumas pessoas que foram diagnosticadas com a condição antes do DSM-5.

A síndrome de Asperger, também conhecido como transtorno de Asperger, é um transtorno neurodesenvolvimental que é considerado como um quadro de menor gravidade dentro do autismo, com nível mais elevado de funcionamento e menor comprometimento do desenvolvimento da linguagem.

É caracterizado por dificuldades nas interações sociais e na comunicação, além de comportamentos ou interesses repetitivos. Indivíduos com síndrome de Asperger muitas vezes têm dificuldade em entender as pistas não verbais, como expressões faciais ou linguagem corporal, e podem ter problemas em fazer amigos e formar relacionamentos significativos. Eles também podem ter interesses altamente focados e rotinas ou rituais mais rígidos.

A síndrome de Asperger era classificada como um quadro de menor gravidade dentro do autismo, com sintomas mais suaves na área da comunicação e com nível mais elevado de funcionamento. Hoje, por não haver mais a distinção entre os diagnósticos, sendo todos classificados como sendo dentro do TEA, não costuma-se mais falar em semelhanças e diferenças entre esses quadros clínicos.

Porém, para fins didáticos, descrevemos algumas semelhanças e diferenças usualmente identificadas:

Principais semelhanças entre a Síndrome de Asperger e o autismo

 - Dificuldades na comunicação social: as pessoas com Síndrome de Asperger e autismo podem ter dificuldades para se comunicar de forma efetiva com outras pessoas, incluindo compreender nuances sociais e expressar seus próprios sentimentos.

 - Problemas com interações sociais: os portadores da Síndrome de Asperger e autismo podem ter dificuldades para compreender e se envolver em interações sociais apropriadas, como compartilhar interesses e brincar com outras crianças.

 - Comportamentos repetitivos: tanto os indivíduos com Síndrome de Asperger quanto com autismo podem ter comportamentos repetitivos, como se balançar, girar objetos ou repetir frases de forma mecânica.

 Diferenças entre a Síndrome de Asperger e o autismo

 - Gravidade: a Síndrome de Asperger é considerada uma forma mais suave de TEA, enquanto o autismo pode ser mais grave e afetar, significativamente, a capacidade da pessoa se comunicar e se envolver socialmente.

 - Comunicação: as crianças com Síndrome de Asperger geralmente desenvolvem habilidades de linguagem apropriadas para sua idade, enquanto que as com autismo podem ter dificuldades para falar ou apresentar atrasos no desenvolvimento da linguagem.

  É importante notar que indivíduos com síndrome de Asperger, como todos os indivíduos no espectro autista, apresentam sintomas e dificuldades altamente variáveis, além de poder experimentar os sintomas de maneira diferentes. Alguns indivíduos com síndrome de Asperger podem se destacar em certas áreas, como matemática ou ciência, enquanto têm dificuldade em outras, como situações sociais. Não há cura conhecida para a síndrome de Asperger, mas o diagnóstico precoce e intervenções apropriadas, como terapia comportamental e treinamento em habilidades sociais, podem ajudar os indivíduos com a condição a levar uma vida satisfatória e bem-sucedida.

 Quais são os sinais de alerta para os Transtornos do Espectro Autista (TEA)?

 - Dificuldades na comunicação social: especialmente para estabelecer contato visual, compreender ou usar gestos sociais, além de se comunicar com outras pessoas.

 - Problemas com interações sociais: incluindo dificuldades para brincar com outras crianças, compartilhar interesses e compreender a perspectiva dos outros.

 - Comportamentos repetitivos: como se balançar, girar itens ou se fixar em objetos ou atividades.

 Conheça o Centro Especializado em Neurodesenvolvimento Infantil (CENI)

A identificação precoce dos casos de TEA é fundamental para que a criança possa receber o apoio necessário o quanto antes, para assim poder retomar seu desenvolvimento esperado. Em caso de suspeita de TEA, ou dúvidas sobre o desenvolvimento da criança, é muito importante que a criança possa ser avaliada por profissionais qualificados.

O Centro Especializado em Neurodesenvolvimento Infantil (CENI), que funciona no Hospital Moinhos de Vento, conta com uma equipe multiprofissional, com profissionais da psiquiatria da infância e adolescência, neuropediatria, psicologia, neuropsicologia, terapia ocupacional e fonoaudiologia. As avaliações são realizadas por toda a equipe de forma integrada, garantindo um olhar amplo e atento às situações de cada família. 

O CENI fica na Rua Ramiro Barcelos, 910, Bloco A, 4º andar, do Hospital. Avaliações podem ser agendadas por esse link. Os atendimentos são realizados para crianças de até 6 anos.

Fonte: Dr. Thiago Botter Maio Rocha (CRM-RS 31966) é psiquiatra da infância e adolescência e coordena o Centro Especializado em Neurodesenvolvimento Infantil (CENI) do Hospital Moinhos de Vento.