De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são esperados para 2023 um total de 7.310 novos casos de câncer de ovário, a cada 100 mil mulheres. Mas como identificá-lo? Quais são os sintomas mais frequentes? E existe alguma forma de preservar a fertilidade feminina, mesmo após o diagnóstico da doença? Para sanar estas e outras dúvidas, o blog Saúde e Você conversou com médicos do Hospital Moinhos de Vento: o Dr. José Roberto Rossari, oncologista clínico e coordenador do grupo de Onco-Ginecologia, e a Dra. Isabel de Almeida, coordenadora técnica do Centro de Fertilidade do Hospital Moinhos de Vento.

 

Então, como identificar o câncer de ovário?

Conforme o Dr. Rossari, o grande problema do câncer de ovário é que ele não possui um sintoma específico. “Geralmente, pacientes após a menopausa ou a partir dos cinquenta anos, mais comumente, podem sentir sintomas inespecíficos, como peso abdominal ou estufamento, inchaço ou algum desconforto. Elas também podem ter cólica abdominal ou pélvica, alteração do hábito intestinal, como um pouco mais de constipação. Mas estes não são sintomas específicos de câncer de ovário, pois podem acontecer em diversas condições clínicas, inclusive, benignas”, explica.

 

É difícil fazer o diagnóstico precoce do câncer de ovário?

O oncologista clínico do Moinhos admite que o diagnóstico precoce ainda é um problema, por isso, a grande maioria dos tumores de ovário são detectados em uma fase mais avançada da doença. “Infelizmente, não temos um exame preventivo, como o do câncer de colo uterino, por exemplo, ou como a mamografia, para o câncer de mama”, reconhece. “De uma forma geral, apesar de termos exames de imagem, como a ecografia transvaginal ou a ecografia abdominal, nenhum é tão fidedigno para ser utilizado como rastreamento”, avalia.

 

Quais são os tratamentos recomendados para o câncer de ovário?

“Em relação ao tratamento, a cirurgia está sempre no plano terapêutico do câncer de ovário. A não ser que a paciente tenha alguma condição clínica impeditiva ou que a doença esteja numa fase tão avançada que a cirurgia não tenha um potencial de contribuir para o controle da doença”, esclarece. “Na maioria das vezes, é necessário complementar o tratamento com quimioterapia. E, juntamente, podemos associar alguns tratamentos biológicos, dependendo das características da doença e da paciente”, acrescenta.

“Atualmente, cerca de 50% das pacientes são candidatas a um tratamento de manutenção após um procedimento cirúrgico e quimioterápico, com uma medicação que atua no DNA (os chamados inibidores de PARP). Ou seja, metade das pacientes apresentam uma condição genômica que favorece o uso desta medicação e, nestes casos, isso faz muita diferença em relação ao desfecho final”, garante o médico.

 

De que forma o Hospital Moinhos de Vento pode ajudar as pacientes com câncer de ovário?

Segundo o Dr. José Roberto Rossari, o câncer de ovário é uma doença de alta complexidade e necessita de uma estrutura hospitalar muito completa para que seja possível oferecer o melhor tratamento cirúrgico e pós-cirúrgico, em UTI, com uma equipe multidisciplinar integrada.

“No Moinhos, temos um grupo de onco-ginecologia dedicado a tumores ginecológicos, que conta com oncologistas clínicos, cirurgiões oncológicos, radio-oncologistas, patologistas e radiologistas especializados. Esta estrutura está sempre integrada e em contato, discutindo os casos clínicos, o que é fundamental para que as pacientes sejam bem avaliadas, desde o início, e para que o tratamento recomendado possa ser seguido dentro dos padrões de excelência, com o que há de melhor do ponto de vista terapêutico”, analisa o Dr. Rossari.

 

E como preservar a fertilidade da paciente com câncer de ovário?

A Dra. Isabel de Almeida, coordenadora técnica do Centro de Fertilidade e Reprodução Assistida do Hospital, lembra que a maioria dos cânceres de ovário ocorrem na pós-menopausa, mas cerca de 12% das pacientes com este tipo de tumor têm menos de 44 anos.

“Dentro deste grupo, algumas pessoas irão se preocupar com a preservação da sua fertilidade, por não terem tido filhos ainda ou por terem desejo de outras gestações. E sabemos que os tratamentos para câncer de ovário podem, de fato, comprometer a fertilidade e o futuro reprodutivo destas mulheres, de forma irreversível. Tanto pelo planejamento cirúrgico (que pode implicar na retirada de um ou dos dois ovários), quanto pela quimioterapia, cujas medicações podem determinar falência ovariana”, constata a Dra. Isabel, que também coordena o projeto “Valorize a sua Fertilidade”.

 

Quais as opções de tratamento que contribuem para preservar a fertilidade da paciente com câncer de ovário?

Segundo a médica, as opções de tratamento para preservar a fertilidade, em geral, incluem cirurgia com preservação dos órgãos reprodutores, congelamento de óvulos, congelamento de embriões ou congelamento de tecido ovariano. “No caso específico do câncer de ovário, os tratamentos de preservação da fertilidade também têm de considerar os riscos que essas técnicas podem trazer para a paciente, evitando a disseminação desta doença maligna”, alerta.

 

Quais são os riscos que precisam ser considerados, em relação às pacientes com câncer de ovário?

“O congelamento de óvulos, por exemplo, que se faz através da punção do ovário para a aspiração dos mesmos, não poderá ser realizado desta forma, pelo risco de romper a cápsula do órgão (acometido pelo câncer) e espalhar células malignas na cavidade abdominal, disseminando a doença. Neste caso, a paciente receberá as medicações para estimular o crescimento dos óvulos e, quando a cirurgia for realizada e o ovário retirado, os óvulos serão aspirados já fora do corpo, para que o risco de disseminação de células malignas não aconteça. Uma vez retirados os óvulos, eles poderão ser congelados ou fertilizados, possibilitando que óvulos ou embriões possam ser guardados para o futuro”, elucida.

“Já o congelamento do tecido ovariano para reimplante posterior não é uma técnica utilizada em mulheres com câncer de ovário, pelo risco de reintroduzir o câncer na paciente quando este ovário for reimplantado, tempos depois”, adverte.

 

Mas é possível preservar a fertilidade da paciente com câncer de ovário?

A Dra. Isabel de Almeida observa que as técnicas de preservação da fertilidade em pacientes com câncer de ovário apresentam mais limitações. “Entretanto, elas podem ser realizadas após a avaliação do tipo de tumor e do seu estágio de desenvolvimento, em uma ampla discussão que envolva a paciente, o oncologista, a equipe cirúrgica e a equipe de fertilidade, possibilitando oportunizar o melhor tratamento, tanto em termos de segurança quanto de possibilidade de poder gestar com seu próprio material biológico, no futuro”, pondera.

 

É importante ressaltar que todas estas técnicas de preservação da fertilidade são oferecidas pelo Centro de Fertilidade do Hospital Moinhos de Vento. Mais informações, podem ser adquiridas pelos telefones: (51) 3314-3434, (51) 3537-8476 ou (51) 99896-3090.

 

 

Fontes: Dr. José Roberto Rossari (CRM 23975) é oncologista clínico e coordenador do grupo de Onco-Ginecologia do Hospital Moinhos de Vento e a Dra. Isabel de Almeida (CRM 16091) é coordenadora técnica do Centro de Fertilidade e Reprodução Assistida e coordena o projeto “Valorize a sua Fertilidade”.

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