Os dados de 2018 da Organização Mundial de Saúde alertam para o números de casos de suicídio entre jovens. Com o objetivo de auxiliar os pais a estarem atentos à saúde mental dos filhos, o psiquiatra da infância e adolescência do Serviço de Psiquiatria do Hospital Moinhos de Vento, Dr. Thiago Rocha traz algumas orientações importantes e ressalta a necessidade de se estabelecer uma conversa que permita o compartilhamento dos sentimentos.

Depressão

A depressão é o transtorno mais associado ao suicídio. Dados internacionais e nacionais sugerem que cerca de 13% dos jovens já passaram por um episódio depressivo até completar 18 anos, além disso os números sugerem que essas taxas vêm aumentando ao longo dos anos. A frequência dos quadros depressivos costuma aumentar muito a partir da puberdade (entre 10 e 14 anos), sendo mais frequente no sexo feminino, que também apresenta as maiores taxas de tentativas de suicídio. O sexo masculino, por sua vez, têm índices mais elevados de morte por suicídio, sugerindo que apesar de tentarem menos, os homens acabam usando métodos mais letais.

Comportamento

Podemos dizer que o sofrimento que muitas vezes acompanha as ideias e comportamentos suicidas estão muito relacionados a uma série de conflitos frequentes e comuns no período da adolescência. Mudanças no padrão de comportamento podem ser indícios de que algo não está bem: sentimentos de tristeza ou irritabilidade mais intensos e frequentes, redução do ânimo ou prazer para atividades que costumava gostar, maior retraimento ou isolamento social. Uso de álcool ou outras drogas pode ser um fator de risco importante, pois se sabe que essas substâncias podem aumentar o risco de comportamentos impulsivos ou oscilações maiores do humor. Outro comportamento que é bastante sugestivo de sofrimento são os comportamentos auto-lesivos, também conhecidos como cutting, quando o adolescente busca alívio do sofrimento provocando machucados na própria pele principalmente com cortes, arranhões, mordidas, beliscões ou queimaduras.

Estimulando seus filhos

Conversar sobre sentimentos é fundamental para o desenvolvimento saudável das crianças. Crianças que conseguem identificar melhor seus sentimentos e emoções parecem ter melhores recursos para lidar com momentos de maior angústia. Sugere-se que pais estimulem seus filhos não apenas a identificar seus sentimentos, sejam positivos ou negativos, mas também a relacionar essas emoções com o comportamento (quando você está brava você briga mais com seus amigos; quando você está triste você conversa menos conosco), já que isso pode ajudar a criança a desenvolver melhores estratégias para lidar com esses sentimentos. Em relação aos sintomas depressivos e as ideias sobre morte e suicídio, muitos pais ficam muito angustiados pois não sabem o que dizer a seus filhos, muito relacionado ao mito que falar sobre esse assunto pode “dar ideias” e aumentar o risco. A experiência clínica sugere, e os dados científicos comprovam, que, muito mais importante do que saber exatamente o que dizer, é estar realmente disposto e disponível para ouvir o que o filho tem a dizer sobre suas angústias.

Sugestões do que fazer

  • Crie um ambiente confortável e seguro para iniciar uma conversa.
  • Controle sua vontade de dar sua opinião ou contar a própria experiência.
  • Valorize o que está sendo dito, sem fazer comparações com vivências de outras pessoas ou minimizar a gravidade do problema que o adolescente está vivendo.
 
Fonte: Dr. Thiago Rocha (CRM 31966) psiquiatra da infância e adolescência do Serviço de Psiquiatria do Hospital Moinhos de Vento.

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Prêmios e Certificações

Entrada 1 - Rua Ramiro Barcelos, 910 - Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS, 90035-000
Entrada 2 - Rua Tiradentes, 333
Av. João Wallig, 1800 - 3º andar - Shopping Iguatemi Porto Alegre
Avenida Cristóvão Colombo, 545 - Espaço Comercial P5-1