Desde que apareceram no mercado chinês, em 2004, os cigarros eletrônicos têm feito bastante sucesso, sobretudo entre o público jovem. Nos Estados Unidos, inclusive, essa já é a forma mais popular de uso do tabaco entre adolescentes, conforme dados do Medical News Today. Por isso, em 2016, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA começou a aplicar regras sobre a venda, o marketing e a produção desses itens. Apesar dos apelos comerciais, é importante saber que seus efeitos ainda não são totalmente conhecidos, porém já há comprovação de que eles apresentam, sim, riscos à nossa saúde. Recentemente o Inca (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva) emitiu um alerta sobre o tema, reforçando os riscos do uso do cigarro eletrônico, tendo em vista os casos já comprovados de doença pulmonar grave relacionada ao cigarro eletrônico – chamada Evali. Para ajudar a deixar essas e outras questões sobre o tema mais claras, convidamos o Dr. Marcelo Basso Gazzana, Chefe do Serviço de Pneumologia e Cirurgia Torácica do Hospital Moinhos de Vento, para esclarecer alguns mitos e verdades sobre o cigarro eletrônico. Confira a seguir.

O que é o cigarro eletrônico?

O cigarro eletrônico, também conhecido como vaporizador, é um sistema eletrônico de liberação de nicotina composto por um tubo longo que geralmente se assemelha a um cigarro, um charuto, um cachimbo ou uma caneta. Assim, ao invés da combustão característica do cigarro comum, o eletrônico apresenta a vaporização, com dosagem variável de nicotina – podendo atingir o equivalente à quantidade de 18 cigarros tradicionais. A primeira patente para um “cigarro sem fumo e sem tabaco” foi solicitada por Herbert A. Gilbert, em 1963, mas o dispositivo atual surgiu apenas nos anos 2000. O cigarro eletrônico como o conhecemos hoje foi inventado por Hon Lik, um farmacêutico chinês, trabalhando para a Golden Dragon Holdings, agora conhecida como Ruyan. Atualmente, existem mais de 460 marcas diferentes no mercado.

Riscos e cuidados com o cigarro eletrônico

Primeiramente, é importante ressaltar que a venda, a importação e a propaganda desses produtos é proibida pela ANVISA no Brasil, assim como ocorre em outros países, como Canadá e Austrália. Porém, ocorre no país o contrabando do cigarro eletrônico, o que o faz chegar às mais diversas localidades brasileiras. A composição desses produtos gera preocupações, já que ela não é totalmente conhecida e pode levar até mesmo a casos de envenenamento. No entanto, há alguns estudos já realizados, como o da Universidade de Portland, nos EUA, que demonstrou que, em razão de uma substância presente nesse produto chamada formaldeído, ele pode ser até 15 vezes mais cancerígeno do que a fumaça do cigarro tradicional. A falta de normas técnicas e de um controle abrangente da produção do cigarro eletrônico torna sua utilização arriscada, sobretudo no longo prazo. Mulheres grávidas ou em processo de amamentação, pessoas com problema cardíaco e idosos, em especial, devem evitar totalmente o cigarro eletrônico. O Dr. Gazzana alerta sobre os principais riscos associados ao uso desse produto: “o cigarro eletrônico tem substâncias que podem ser danosas para os pulmões, assim como tende a manter a dependência à nicotina e a dependência psicológica do cigarro. Em Agosto de 2019, o CDC (Center for Disease Control) dos EUA fez um relato de mais de 200 casos de lesões pulmonares graves secundárias ao VAPING, que é uma moda atual nos EUA. Inclusive, ocorreram mortes. Depois disso, há diversas publicações sobre o tema que abordam a nocividade do produto”. Recentemente, uma síndrome respiratória levou a óbito de dez pessoas nos Estados Unidos e outros tantos têm sido internados com outros problemas relacionados ao uso do cigarro eletrônico.

Cigarro eletrônico é menos prejudicial do que o tradicional: mito ou verdade?

Muitas pessoas estão recorrendo à versão eletrônica com o intuito de deixar o tabagismo convencional que, acreditam, é mais nocivo à saúde. Entretanto, conforme esclarece o Dr. Gazzana, os dados a respeito da segurança do uso do cigarro eletrônico são limitados, portanto, não se pode afirmar que ele seja menos prejudicial, pelo contrário. “Os danos relacionados ao cigarro eletrônico não são bem conhecidos, já que é um produto mais novo em relação ao tabaco tradicional. Mas os estudos já estão evidenciando que há danos graves ao usuário”, afirma o especialista. Desse modo, se você quer parar de fumar o cigarro tradicional, há outros caminhos para isso, evite o cigarro eletrônico. Para saber mais sobre o tratamento para tabagismo, confira o conteúdo que preparamos para você.

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Prêmios e Certificações

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