“Uma definição comumente usada para saúde mental seria o estado de bem-estar, no qual o indivíduo reconhece a sua própria capacidade, pode lidar com estresses corriqueiros da vida, pode produzir no trabalho e é capaz de contribuir socialmente”, reforça a psiquiatra.Poder reconhecer que há uma série de fatores de risco para a saúde mental e que manifestações psicoemocionais podem aparecer em todos os estágios da vida, desde a mais tenra infância até a velhice, é importante para o início do enfrentamento da situação. “O uso de substâncias psicoativas durante a gestação, desnutrição, maus tratos, traumas, dificuldades escolares, violência doméstica, baixa autoestima, dificuldades econômicas, discriminação, desemprego, criminalidade, doença física, um luto. Todos são fatores de risco para a saúde mental”, explica. Nesse sentido, completa Dra. Aletéia, o bem-estar mental ou psicológico é influenciado não apenas pelos atributos ou características individuais, mas também pelas circunstâncias socioeconômicas e o meio ambiente em que o indivíduo vive. “É importante salientar que essas determinantes interagem entre si de forma dinâmica e tanto podem favorecer quanto piorar o estado da saúde mental”. Questionada sobre o porquê das manifestações de tristeza e a própria depressão ficarem mais latentes nesta época do ano para algumas pessoas, em que as circunstâncias são festivas e de reflexão, a psiquiatra diz que no Natal e fim de ano é um período no qual recebemos muita informação, de diversas fontes, a respeito de família, comunhão, união, amizades. É um momento em que, muitas vezes, podemos nos deparar com perdas e expectativas frustradas ao longo do ano. “Este período também pode ser propício para um balanço a respeito do ano que passou e, nem sempre, o resultado será positivo. Um indivíduo com mais riscos para desenvolver um transtorno depressivo, ou que já esteja passando por um episódio depressivo, poderá sentir esta fase de forma muito mais intensa, inclusive com muita dor e sofrimento”. Mais do que nunca, portanto, o apoio familiar é fundamental, tanto no sentido de estímulo para o tratamento, como para evitar que esta pessoa fique sozinha e isolada, o que poderia agravar o quadro. “Para este indivíduo, o recomendado é tratamento psicológico ou psiquiátrico, dependendo da situação. Recebendo o recurso e a abordagem terapêutica adequada, com acolhimento e espaço de escuta profissional, este paciente poderá atravessar esta situação com menos sofrimento e buscar novas perspectivas”, finaliza.