Estudo divulgado no periódico científico British Medical Journal desaconselha dieta sem glúten para prevenção de doenças cardiovasculares a pessoas que não sofrem da doença celíaca (reação do sistema imunológico ao glúten, proteína encontrada em cereais como o trigo, o centeio, a cevada e o malte). A pesquisa observa, ainda, que a restrição ao glúten pode resultar em uma baixa ingestão de grãos integrais, os quais estão associados a benefícios cardiovasculares. Segundo o Dr. Guilherme Rollin, endocrinologista e coordenador do Ambulatório de Diabetes do Hospital Moinhos de Vento, existem evidências científicas consistentes sobre os benefícios que a dieta sem glúten traz para os portadores de doença celíaca. “Nesta situação, evitar o consumo do glúten, reduz a inflamação e lesão intestinal e protege estes indivíduos da doença coronariana. Porém, extrapolar esta conduta para outras populações, ainda requer maiores mais comprovações”, afirma.

O glúten se popularizou nos últimos anos, devido ao aumento dos casos de doença celíaca, inflamação no intestino delgado causado pela ingestão desta substância. Isso fez com que muitas pessoas optassem por retirá-lo das refeições.

“Em tempos que a obesidade é considerada uma epidemia mundial, frequentemente surgem recomendações não científicas de diversos tipos de dieta, as quais, muitas vezes, acabam se popularizando”, acrescenta o especialista. No estudo foram avaliados cerca de 110 mil indivíduos entre os anos de 1986 e 2010, que responderam a um questionário detalhado sobre sua alimentação, atualizado a cada quatro anos. Após o levantamento, essas pessoas foram divididas em cinco grupos, determinados por seu nível de consumo estimado de glúten. O objetivo era relacionar a ocorrência de infartos (fatais ou não) entre os grupos. Os autores advertem, no entanto, que se trata de um estudo observacional e, por isso, não podem tirar conclusões “de causa e efeito”.