Ansiedade e depressão. Estes dois termos, antes menosprezados, hoje fazem parte do cotidiano e do diagnóstico de milhões de pessoas no mundo. De crianças a idosos. Homens e mulheres. E as estatísticas comprovam isso. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os casos de ansiedade e depressão aumentaram 25% em nível global no primeiro ano da pandemia de COVID-19. Por este motivo, a OMS fez um alerta para que todos os países prestem mais atenção na saúde mental de suas populações e planejem ações para modificar este cenário. E essas recomendações precisam ser levadas a sério, para evitar desfechos irreversíveis como o suicídio, que já aparece como uma das 20 principais causas de morte no mundo. 

Atualmente, o “Setembro Amarelo” - que é uma iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM),  é considerado a maior campanha anti estigma do mundo. Neste ano, em que vivenciamos um período ainda de tantas incertezas para a humanidade, o lema indica uma direção segura, garantindo: “A vida é a melhor escolha!”.

De acordo com a ABP e o CFM, o suicídio é uma triste realidade que atinge o mundo todo e gera grandes prejuízos à sociedade. E o pior: já foi comprovado que praticamente 90% de todos os casos estavam relacionados a doenças ou transtornos mentais, principalmente não diagnosticados ou tratados incorretamente. Isso significa que a maioria desses pacientes poderia ter tido uma outra experiência se tivesse acesso a um tratamento psiquiátrico. Entre as principais causas observadas, está a depressão, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias.

“A pandemia de COVID-19 está cobrando um enorme preço à saúde mental. Provavelmente, devido à mudança brusca de rotina e na vida das pessoas, associado a, muitas vezes, falta de disponibilidade e acesso a serviços de saúde”, avalia a médica psiquiatra, Dra. Márcia Surdo Pereira, do Serviço de Psiquiatria do Hospital Moinhos de Vento.

Matar a dor e não a vida

“Cada morte é uma tragédia para a família, amigos e colegas. Devemos aprender a falar de forma mais aberta e direcionada. Muitas pessoas que pensam em suicídio, querem matar a dor e não a vida, mas só conseguem pensar em uma solução para resolver seus problemas”, analisa a especialista.

Como ajudar?

Mas de que forma podemos auxiliar alguém que apresente tendências a desistir da própria vida? Segundo a médica psiquiatra, é preciso criar esperança e dar amparo através da ação. “Assim, estaremos sinalizando às pessoas que experimentam pensamentos suicidas que há esperança e que nos importamos com elas e queremos apoiá-las”, esclarece. “Não é normal sentir dor ou deixar que nos magoem. Portanto, compartilhar experiências e ajudar a buscar soluções (para a vida de outros indivíduos) fazem parte de uma atitude empática. Nossas ações, não importa quão grandes ou pequenas, podem fornecer esperança àqueles que estão lutando”, salienta.

E se for com você?

Caso você esteja passando por uma situação semelhante, não sofra sozinho. “Não tenha vergonha de dividir o seu problema e pedir ajuda. Todos temos nossas ‘pedras no caminho’. E, principalmente, lembre-se: você tem pessoas que gostam de você, vão sentir sua falta e isto é extremamente relevante”, ressalta a Dra. Márcia. “Toda vida perdida representa um parceiro, um filho, um pai, um amigo ou um colega de alguém e, para cada suicídio, aproximadamente 135 pessoas sofrem intensamente”, revela.

Como mudar esses índices? 

“Com respeito e empatia, todos podemos ajudar quem precisa de auxílio. Ao sermos assim, podemos perceber um amigo, uma pessoa que não está bem emocionalmente, e chamá-lo para conversar. Também é importante ter a mente aberta para o problema do outro e convidá-lo a buscar ajuda com um profissional especializado (seja um psicólogo ou um psiquiatra) ou com alguém que seja uma referência sobre o tema na comunidade”, recomenda. Esta referência pode ser um assistente social, um padre, um pastor e até um integrante do Corpo de Bombeiros local. 

Como ser ajudado?

No Hospital Moinhos de Vento, por exemplo, atendemos consultoria psiquiátrica nas unidades de internações clínicas e pacientes psiquiátricos que chegam no serviço de urgência. “Nosso serviço de ambulatório fica no 11° andar, no Centro de Infusões. No local, podemos realizar intervenção com aplicações do fármaco Cetamina, indicado para quem tem critério de depressão resistente e ideias de suicídio”, acrescenta a médica.

“Ter alguns números de telefone salvos, como o do Centro de Valorização da Vida (CVV) - telefone 188 - e ligar para conversar pode fazer toda a diferença na prevenção do suicídio”, exemplifica a psiquiatra. “O tratamento ajuda a refletir sobre a sua situação”, esclarece. 

“Este também é um aspecto pelo qual as pessoas devem lutar. Fazer terapia não pode ser um privilégio de poucos”, destaca. Se o paciente não tiver condições financeiras, pode buscar apoio no  CVV ou Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e até mesmo no Pronto-Socorro de hospitais ou em ambulatórios de Universidades. 

Reconheça alguns sintomas: 

-   tristeza profunda;

– distúrbios do sono;

– pensamentos negativos;

– desinteresse e apatia;

– baixa autoestima;

– desleixo com a aparência;

– dores físicas;

– rejeição;

– irritabilidade;

– choro frequente;

– falta de vontade de fazer atividades simples;

– mudanças comportamentais bruscas;

– rejeição a determinados assuntos;

– pensamentos e planos negativos;

– uso de drogas.

Conscientização 

Conforme a psiquiatra, o comportamento de querer deixar de viver tem determinantes multifatoriais, resultado de uma complexa interação de fatores psicológicos e biológicos, inclusive genéticos, culturais e socioambientais. “Dessa forma, deve ser considerado como o desfecho de uma série de fatores que se acumulam na história do indivíduo, não podendo ser atribuído, de forma causal e simplista, apenas a determinados acontecimentos pontuais da vida do sujeito”, pondera. 

“Então, ao falar abertamente sobre o tema, a esperança ressurge e, ao mesmo tempo, aumentamos a conscientização para o problema. Reconhecê-lo, falar sobre e incentivar a busca por apoio psicológico pode, sim, evitar o suicídio”, reitera. “Isto quer dizer que todos nós podemos desempenhar um papel no apoio para aqueles que estão passando por uma crise. Tal tabu, assim como a dificuldade em buscar ajuda, a falta de conhecimento e de atenção sobre o assunto por parte dos profissionais de saúde e a ideia errônea de que o comportamento suicida não é uma situação frequente, condicionam barreiras para sua prevenção”, adverte.

Vale lembrar que, no Moinhos, também é possível encontrar uma gama de profissionais aptos a realizar o acompanhamento psiquiátrico necessário e a identificar, com brevidade, possíveis sinais de agravamento do caso.

O Hospital Moinhos possui um serviço especial que promove  a Campanha Setembro Amarelo nas empresas através de palestras com especialistas sobre o suicídio. Proporcionar momentos assim para seu time é uma excelente oportunidade para promover a conscientização e prevenção do suicídio, para mais informações: gruponegociacao@hmv.com.br ou (51) 9 9718-3751| (51) 3314 2804.

Fonte: Márcia Surdo Pereira (CRMRS 19379), é médica psiquiatra do Serviço de Psiquiatria do Hospital Moinhos de Vento.

Agradeçemos pela sua inscrição!

Prêmios e Certificações

Entrada 1 - Rua Ramiro Barcelos, 910 - Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS, 90035-000
Entrada 2 - Rua Tiradentes, 333
Av. João Wallig, 1800 - 3º andar - Shopping Iguatemi Porto Alegre
Avenida Cristóvão Colombo, 545 - Espaço Comercial P5-1