Em maio o alerta é roxo! Isso porque, o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal é celebrado em 19 de maio e, durante o mês inteiro, é realizada a campanha “Maio Roxo” para conscientizar e falar da importância do diagnóstico e tratamento precoce. Mas o que são as Doenças Inflamatórias Intestinais (DII)? Quais são os principais sintomas? Como tratar? Para esclarecer sobre o tema, o blog Saúde e Você conversou com o Dr. Jonathas Stifft, gastroenterologista do Núcleo de Doença Inflamatória Intestinal do Hospital Moinhos de Vento. E, para compreender como é ter uma DII, ouvimos um paciente do Hospital, que, com novas terapias, hoje recuperou a qualidade de vida.

O que são as Doenças Inflamatórias Intestinais (DII)?

As Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) são patologias que afetam alguma parte do sistema digestório, causando feridas internas nos tecidos e órgãos, como no intestino delgado, intestino grosso e reto. Segundo estimativas recentes, cerca de 5 milhões de pessoas sofrem com alguma das DII, no mundo. No país, 13 a cada 100 mil indivíduos apresentam alguma destas enfermidades.

Dr. Jonathas Stifft explica que as DII são patologias autoimunes do sistema digestivo, chamadas de Doença de Crohn ou Retocolite Ulcerativa, que geram uma inflamação crônica ao longo de todo o trato gastrointestinal. Se não tratadas a tempo, elas também podem causar danos irreversíveis no tubo digestório (como estenoses, que são estreitamentos ao longo do intestino, dificultando o trânsito intestinal) do paciente e causando uma perda na qualidade de vida, como restrição social, receio de engravidar e prejuízo ao exercício do trabalho. Além disso, há risco dos efeitos colaterais, pelo uso exagerado de medicações, como os corticosteroides.

O que causam as Doenças Inflamatórias Intestinais (DII)?

O gastroenterologista do Moinhos observa que as causas das DII ainda são desconhecidas. “No entanto, já sabemos que alguns pacientes apresentam uma predisposição genética e/ou desequilíbrio no sistema imunológico e uma alteração na microbiota intestinal (bactérias, fungos, protozoários e até vírus que vivem em nosso intestino), conhecida como disbiose. 

Quais são os principais sintomas? E as DII causam dor ou desconforto aos pacientes?

Conforme o Dr. Jonathas Stifft, os pacientes podem ter desde sintomas leves, como desconforto abdominal recorrente e digestão difícil, fadiga crônica, aftas orais frequentes, até quadros de diarreia, emagrecimento, anemia, sangramento nas fezes, fístulas perianais e obstrução intestinal, com necessidade de cirurgia de urgência. “Além disto, sabemos que cerca de 25% das pessoas apresentam manifestações extra-intestinais antes do surgimento das manifestações clássicas intestinais, como, por exemplo, dores e inflamação nas articulações, surgimento de feridas ou lesões na pele e problemas recorrentes de inflamação nos olhos (como a uveíte, que é uma inflamação que causa vermelhidão, dor, sensibilidade à luz e visão turva ocular).

A tendência é de que o paciente engorde ou emagreça?

O médico do Núcleo de Doença Inflamatória Intestinal do Hospital Moinhos de Vento confirma que, a tendência, principalmente na Doença de Crohn, é que o paciente emagreça. “Porque ele não consegue se alimentar adequadamente pela inflamação crônica (traduzida por úlceras ao longo do trato gastrointestinal, causando a diminuição da absorção de nutrientes e micronutrientes). Além disto, pela diarreia, há uma diminuição da ingesta pelo indivíduo afetado”, relata. No entanto, pode não haver variação no peso, principalmente em pacientes com doença mais leve. 

Em que fase da vida estas doenças costumam aparecer?

Dr. Stifft elucida que as DII podem se desenvolver em qualquer idade, mas são mais comumente diagnosticadas entre a segunda e a terceira década de vida.

Quem tem maior predisposição a ter alguma DII?

“Indivíduos que têm familiares de primeiro grau afetados com a Doença de Crohn ou Retocolite Ulcerativa, ou que já possuem outra doença autoimune, têm maior predisposição a desenvolverem alguma Doença Inflamatória Intestinal”, pondera.

A que especialista é preciso recorrer e de que forma o Núcleo de Doenças Inflamatórias Intestinais do Hospital Moinhos de Vento pode contribuir?

Segundo o especialista, os interessados podem iniciar uma investigação procurando por um Gastroenterologista. “O Núcleo de Doenças Inflamatórias Intestinais do Hospital Moinhos de Vento conta com uma equipe multidisciplinar especializada e um ambulatório específico para atender estes pacientes com diagnóstico ou suspeita de Doença Inflamatória Intestinal”, salienta.

“Caso seja necessário, o Hospital Moinhos de Vento ainda pode realizar a internação de indivíduos com diagnóstico de Doença Inflamatória Intestinal, como Doença de Crohn ou Retocolite Ulcerativa. O Serviço de Gastroenterologia, em parceria com o Serviço de Coloproctologia, ainda presta uma assistência qualificada e desenvolve pesquisa clínica específica para esta área”, esclarece.

Quais são os tratamentos mais indicados?

O gastroenterologista ressalta que, nos últimos anos, surgiram várias moléculas novas para combater a inflamação e ainda outras estarão disponíveis, futuramente. “O tipo de tratamento que o paciente vai receber dependerá do grau de envolvimento da sua doença. Quanto mais grave e maior for a sua extensão, mais potente será o tipo de medicação que usaremos. Por exemplo, um paciente com Doença de Crohn com fístulas perianais, vai receber medicações que vão agir no seu sistema imunológico para reduzir a carga inflamatória e diminuir a ação do sistema imune, que está exacerbado. Estes remédios são chamados de Terapias Biológicas”, complementa.

“Mas é importante salientar que, hoje, sabemos que há uma janela terapêutica. Ou seja, quanto mais precoce for o diagnóstico, mais rápido iniciaremos o tratamento e maior será a chance do paciente entrar em remissão da sua doença. Por isto, a importância de campanhas, como o “Maio Roxo”, que visa conscientizar sobre a existência destas doenças e a necessidade de buscar ajuda, sem demora”, argumenta.

O paciente precisa seguir alguma dieta alimentar?

“Todos os pacientes querem saber sobre isto. O que falávamos, até um tempo atrás, é que não há nenhuma dieta específica para a Doença Inflamatória Intestinal. Retirar o glúten, por exemplo, não reduz a inflamação. Pode até reduzir os sintomas, mas não interfere na inflamação e no curso da enfermidade. Estudos recentes mostraram, claramente, que uma dieta rica em alimentos processados e ultraprocessados é fator de risco para Crohn. Outro levantamento atual mostrou que obesos têm maior risco para o desenvolvimento da mesma doença”, alerta.

“O que sabemos é que uma dieta rica em fibras, ou que contenha baixas quantidades de produtos de origem animal e altas quantidades de produtos vegetais, como frutas, grãos integrais, legumes, nozes e sementes, por exemplo, ou a dieta do Mediterrâneo fazem bem e podem reduzir os sintomas em pacientes com DII”, acrescenta. “Entretanto, não existem alimentos proibidos, porque, diferentemente da doença celíaca - que é uma inflamação autoimune causada especificamente pelo glúten -, a Doença Inflamatória Intestinal é multifatorial”, compara.

Como é conviver com uma Doença Inflamatória Intestinal?

Diego Grasel é um paciente de 34 anos, que mora em Montenegro, no interior gaúcho. Em 2012, começou a ter cólica, crises de diarreia, urgência para evacuar e muitas dores abdominais, inapetência e começou a perder peso. Entretanto, o diagnóstico de Doença de Crohn só veio cinco anos depois. Foi a partir de uma crise grave, com uma perfuração no intestino que necessitou de uma cirurgia (chamada de colectomia), para a retirada de parte do órgão.

Depois disso, Diego ficou um ano ostomizado, ou seja, usando uma bolsa coletora que recebe as fezes. Passado este período, ele pode fazer uma nova cirurgia (chamada de anastomose), para normalizar o intestino. “De 2012 a 2021, eu tinha melhoras, mas não ficava totalmente assintomático, sem dor ou desconforto, e com peso estável. Estava sempre com altos e baixos”, recorda.

 Novos tratamentos para uma vida plena

“Em março de 2020, por indicação de um amigo, fiz a minha primeira consulta com o Dr. Jonathas (Stifft) e vim para o Hospital Moinhos de Vento para tentar buscar um tratamento diferente para a minha Doença de Crohn”, lembra. Em 2021, com uma nova terapia recomendada pelo Dr. Jonathas e pela proctologista Dra. Daniela Koppe, o cenário começou a melhorar.

“Conseguimos chegar na situação em que estou hoje: totalmente assintomático, sem dor e com vida normal. Só para quem eu falo que tenho a doença sabe que eu tenho Crohn. Senão, não saberia”, comemora. “Quando cheguei no consultório do Dr. Jonathas tinha 68 quilos. Hoje, estou com 80 quilos, na minha melhor condição física. Sou casado, tenho dois filhinhos (um de cinco e outro de dois anos) e consigo brincar, me divertir e levá-los para passear. Tenho uma vida plena, normal, graças ao tratamento e à boa assistência”, analisa.

Reconhecimento médico

Por sua vez, o Dr. Jonathas Stifft observa que o Diego é um típico paciente da DII com fenótipo grave. “Ele é jovem, com carga inflamatória importante e sofreu bastante até alcançar a remissão da doença. Hoje, ele vive com excelente qualidade de vida e melhora do processo inflamatório. O atendimento multidisciplinar, com uma equipe especializada em Crohn e empatia, fez a diferença neste caso”, avalia.

Núcleo de Doença Inflamatória Intestinal do Moinhos

Caso queira saber mais, o Núcleo de Doença Inflamatória Intestinal do Hospital Moinhos de Vento funciona nas sextas-feiras, das 9h às 12h, na Rua Ramiro Barcelos, 910 – Bloco A, salas 803/805. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone: (51) 3314-3434.

Fonte: Dr. Jonathas Stifft (CRM 28089) é gastroenterologista e preceptor da residência de gastroenterologia do HMV.

Agradeçemos pela sua inscrição!

Prêmios e Certificações

Entrada 1 - Rua Ramiro Barcelos, 910 - Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS, 90035-000
Entrada 2 - Rua Tiradentes, 333
Av. João Wallig, 1800 - 3º andar - Shopping Iguatemi Porto Alegre
Avenida Cristóvão Colombo, 545 - Espaço Comercial P5-1