O que pode influenciar no declínio do desejo sexual das mulheres? Problemas de relacionamento, de saúde psicológica ou alterações hormonais, como a menopausa, poderiam provocar estas alterações? E como reverter este quadro? Mulheres na menopausa conseguiriam reativar a sua vida sexual e ainda sentir prazer? Aliás, é verdade que a mulher pode ter vários tipos de orgasmo, até se exercitando? Para esclarecer estas e outras dúvidas, o blog Saúde e Você entrevistou a Dra. Nadiessa Dorneles Almeida, médica ginecologista do Centro da Mulher e do Homem do Hospital Moinhos de Vento. Acompanhe:

 

Quais são os fatores que podem influenciar, negativamente, no desejo sexual feminino?

Dra. Nadiessa Dorneles Almeida: O desejo sexual feminino é multifatorial, ou seja, várias são as causas que podem interferir, diminuindo a libido da mulher, tais como:

  • Medicações;
  • Conflitos ou insatisfações no relacionamento;
  • Violência doméstica ou abuso sexual;
  • Enfermidades, como anemia ou problemas de tireoide;
  • Doenças psiquiátricas, especialmente a depressão ou a ansiedade;
  • Imposições e impactos religiosos ou culturais;
  • Fases da vida em que há alguma alteração hormonal, como durante o puerpério (no pós-parto) e o climatério (que engloba o período anterior e posterior à menopausa).

 

          O desejo sexual da mulher diminui durante a menopausa?

Dra. Nadiessa Dorneles Almeida: Em algumas mulheres este desejo tende a abrandar com o tempo, principalmente, na menopausa. Neste estágio, há uma queda na produção de hormônios no corpo da mulher, que vai provocar alguns efeitos no cérebro (no Sistema Nervoso Central) e nos órgãos genitais. Sendo assim, temos três hipóteses para a diminuição da libido feminina durante a menopausa:

  • A redução de hormônios, que são importantes ao longo da vida da mulher e atuam diretamente no cérebro, em regiões relacionadas com o desejo sexual;
  • Estes mesmos hormônios também são muito importantes para a manutenção saudável dos tecidos da vulva e da vagina. Com a sua diminuição, o tecido destes órgãos tende a ficar mais “fininho”, menos elástico e mais ressecado. Portanto, ao ter relação, ela poderá sentir uma menor lubrificação. A partir daí, a tendência é de que passe a associar o ato sexual como algo doloroso, o que terá um impacto negativo no seu desejo;
  • Além disso, nesta fase também pode haver o surgimento e/ou  aumento de distúrbios psiquiátricos, com quadros de ansiedade ou depressão; o que também influencia de forma negativa na libido.

 

          Mas depois de chegar neste período da vida, a mulher pode reativar o seu desejo sexual?

Dra. Nadiessa Dorneles Almeida: Com certeza. Todavia, é sempre importante ter uma conversa com a paciente, para tentar identificar o que ela está vivenciando e de que forma ajudá-la. Então, podemos abordar:

  • Algumas questões de relacionamento;
  • As suas fantasias;
  • O tempo que tem dedicado à vida sexual;
  • A necessidade de consultar com algum profissional treinado para a terapia sexual;
  • A importância de tratar, primeiro, das condições clínicas de pacientes que apresentam depressão e/ou ansiedade, pois, muitas vezes, ao ajustar isso, já melhora o desejo e a pessoa retoma a vida sexual ativa. 

 

          E como melhorar sintomas, como o ressecamento vaginal?

Dra. Nadiessa Dorneles Almeida: Atualmente, contamos com opções hormonais e não hormonais para a melhora da questão vaginal, como o ressecamento e outros sintomas. Além disso, a paciente pode procurar atendimento médico para fazer uma reposição de hormônio no próprio órgão ou utilizar um hidratante específico ou outro produto (com indicação de um especialista), que contribua para melhorar esse tecido e a sexualidade. Tendo conforto, a mulher irá reduzir a associação do sexo com a dor, o que pode auxiliar, positivamente, na sua libido. 

 

É possível ter uma vida sexual ativa na terceira idade?

Dra. Nadiessa Dorneles Almeida: Com certeza absoluta é possível ter uma vida sexual ativa, prazerosa e muito satisfatória nesta fase”, considerada a partir dos 60 anos. Para tanto, é importante:

  • Manter hábitos saudáveis, como se alimentar bem e, se for possível, fazer atividades físicas. Assim, a pessoa terá corpo e mente com saúde;
  • Controlar doenças, como hipertensão e diabetes;
  • Perceber que, com o envelhecimento, ocorrem modificações corporais e psíquicas. Então, é preciso acompanhar isso e se reinventar, mudando as práticas e estímulos, ao longo dos anos;
  • Apostar em tudo que faça sentido e explorar outras formas de sexualidade, como toques, beijos, carinhos e afeto.

 

É verdade que a mulher pode ter vários tipos de orgasmo?

Dra. Nadiessa Dorneles Almeida: Sim, é possível, ainda, que a mulher tenha orgasmo até sem ter relação sexual. Então, ela pode sentir grande prazer:

  • Com estímulo na região genital, como clitóris e vagina;
  • Por estímulo, mas não na região genital, mas no mamilo, ânus ou outra região do corpo que seja sensível;
  • Sem o estímulo sexual, até dormindo e sonhando com uma fantasia erótica, por exemplo; 
  • Fazendo exercícios que mobilizam os músculos da região abdominal (chamada de “core”) e que podem culminar no “coreorgasmo”.

 

Que conselhos a senhora daria a pacientes que estão sentindo uma queda na libido e  que acham que nunca mais sentirão prazer?

Dra. Nadiessa Dorneles Almeida: Diria para estas mulheres procurarem ajuda, caso tenham vontade de retomar a vida sexual e o desejo de sentir prazer. Que elas procurem leitura sobre o tema e marquem uma consulta com uma profissional que seja treinada neste atendimento. Que esclareçam suas dúvidas, que conheçam a sua anatomia e entendam as modificações corporais e genitais pelas quais passaram. E que percebam que existe tratamento para muitas dessas condições.

 

As pacientes precisam compreender que a vida sexual, a saúde sexual ou a sexualidade são reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma parte da nossa qualidade de vida. E isto não exclui a terceira idade. Muito pelo contrário. Desta forma, enquanto houver saúde a pessoa vai poder manter a sua vida sexual ativa. Existem inúmeros benefícios relacionados a isto.

 

Assim, a minha dica para essas pacientes que acham que nunca mais vão sentir prazer, com ou sem uma parceria sexual, é que não desistam. Que elas procurem informação, autoconhecimento e ajuda, para que possam curtir, aproveitar e vivenciar uma vida sexual plena, feliz e satisfatória. Porque é possível.

 

Fonte: Dra. Nadiessa Dorneles Almeida (CRM 38687) é médica ginecologista do Centro da Mulher e do Homem do Hospital Moinhos de Vento.

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