De acordo com a Revista Brasileira de Cancerologia, as leucemias são caracterizadas pela presença de células imaturas na corrente sanguínea (blastos), vindas de células neoplásicas na medula óssea, as quais substituem as células sanguíneas saudáveis. 

Nas crianças, segundo dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer), a leucemia é a neoplasia/câncer mais frequente em crianças e adolescentes. E, assim como em outros países desenvolvidos, no Brasil o câncer representa a primeira causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos. 

A leucemia infantil 

A leucemia é o câncer que tem origem na medula óssea, onde se produzem as células do sangue. Partindo da medula, as células leucêmicas circulam no sangue, infiltrando-se nos gânglios linfáticos, no baço, no fígado, no sistema nervoso central, nos testículos e em outros órgãos. 

Existem outras neoplasias malignas da infância, como os neuroblastomas, linfomas e sarcomas. Mas elas têm origem em outros órgãos e podem ter metástases para a medula. Porém, não são leucemias. 

De acordo com o INCA e o Atlas de Mortalidade por Câncer, em 2019 ocorreram 2.554 mortes por leucemia infantil.

O que é a medula óssea?

A medula óssea é o tecido que fica no interior dos ossos, conhecido como tutano. Nesse tecido, as células do sangue (glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas) são produzidas a partir das células-tronco hematopoiéticas.

Como a leucemia se desenvolve em crianças?

As células-tronco se dividem, dando origem a novas células: uma tronco e uma primitiva. A célula primitiva dá origem a células maduras, como os glóbulos brancos, os glóbulos vermelhos e as plaquetas, que atuam na coagulação do sangue. 

A leucemia infantil se desenvolve quando essas células se tornam anormais, se multiplicando rapidamente e falhando em sua função. Assim, elas tomam o lugar das células saudáveis na medula e no sangue. 

Dependendo do tipo de célula-tronco em que tem sua origem, há dois tipos majoritários de leucemia. Na leucemia linfocítica aguda (LLA), as células-tronco linfoides, as quais produzem os glóbulos brancos, se proliferam excessivamente. Além disso, não conseguem se manifestar e lutar contra as infecções. 

Já na leucemia mieloide aguda (LMA), um glóbulo branco chamado mieloblasto torna-se canceroso e passa a se multiplicar rapidamente, substituindo as células saudáveis. As células-tronco mieloides produzem glóbulos vermelhos e brancos.

Pode-se dizer que, dos casos de leucemia infantil, conforme o INCA, 75% são leucemia linfoide aguda e 20%, leucemia mieloide aguda. 

Sintomas da leucemia infantil 

Na leucemia infantil, a doença se instala rapidamente e os sintomas podem variar de acordo com o paciente. 

Pode-se dizer que, de forma recorrente, há febre e infecções, visto que o organismo passa a não ter glóbulos brancos saudáveis suficientes para combatê-las. Também, como não há plaquetas suficientes para a coagulação do sangue, sangramentos no nariz e na gengiva são comuns.

Devido à infiltração de células leucêmicas no baço e no fígado, é comum também dor ou sensação de inchaço abaixo das costelas, que pode ser causada pelo aumento destes órgãos. 

Ademais, são sintomas comuns sangramentos, hematomas, fraqueza, cansaço, dores de cabeça, tontura, dificuldade para respirar, perda de apetite, dor nos ossos, pontos vermelhos na pele e caroços na virilha, nas axilas ou no pescoço, que podem ser azulados, arroxeados ou cor da pele. 

Fatores de risco da leucemia infantil 

Pode-se dizer que, apesar de conhecermos pouco os fatores desencadeantes das leucemias, existem alguns fatores que aumentam o risco de desenvolver câncer. Porém, não significa que, necessariamente, a criança terá o câncer. Há algumas doenças que agravam o risco de desenvolvimento da leucemia infantil, como as que seguem:

  • Síndrome de Wiscott-Aldrich
  • Síndrome de Bloom
  • Síndrome de Klinefelter
  • Síndrome de Schwachman-Diamond
  • Síndrome de Kostmann (neutropenia congênita severa)
  • Síndrome de Down (trissomia do cromossomo 21)
  • Síndrome de Warkany (trissomia do cromossomo 8)
  • Anemia de Fanconi
  • Anemia de Diamond-Blackfan
  • Neurofibromatose
  • Síndrome de Li-Fraumeni

Além disso, crianças cujo irmão gêmeo desenvolveu LLA ou LMA antes dos 6 anos têm entre 20% e 25% de chance de também ter leucemia. Isso pode ocorrer devido a uma mutação intrauterina, que pode ser compartilhada com ambos os fetos durante a gestação. Já os demais irmãos dessa criança com leucemia têm de duas a quatro vezes maiores chances de desenvolver a doença. 

Outro fator de risco é o uso da quimioterapia ou radioterapia para o tratamento de outros cânceres. Crianças que passaram por esse processo podem desenvolver leucemia, comumente a Leucemia Mieloide Aguda (LMA), entre 2 e 10 anos após a terapia.

Como é feito o tratamento da leucemia infantil?

O tratamento da leucemia infantil, assim como de outros cânceres, é feito de acordo com o diagnóstico das características biológicas da neoplasia. Esse tratamento, feito em centro especializado, possui três modalidades principais: quimioterapia, cirurgia e radioterapia. Estes são aplicados de forma racionalizada, para cada tumor. 

Segundo a Dra. Liane Esteves Daudt, especialista em Hematologia, Hemoterapia e Pediatria do Hospital Moinhos de Vento, “Na suspeita da doença, a criança ou o adolescente devem ser encaminhados para confirmação diagnóstica e posterior tratamento em centros especializados pediátricos, onde as taxas de cura são superiores a 80%. A maior parte das crianças atinge esta taxa de cura com protocolos terapêuticos de poliquimioterapia (associação de medicamentos) e cuidados de suporte para evitar as complicações infecciosas e hemorrágicas”.

Transplante de medula óssea

O transplante de medula óssea (TMO) pode ser realizado para aumentar as chances de cura da leucemia em crianças com alto risco de não responder ao tratamento inicial. No caso da leucemia infantil, é feito o transplante de células-tronco alogênico, em que outra pessoa compatível doa as células-tronco. O Hospital Moinhos de Vento possui um Programa de Transplante de Medula Óssea ímpar, que funciona com uma excelente estrutura e mais de 60 profissionais. Este é o único programa, entre os hospitais privados no Rio Grande do Sul, que realiza todos os tipos de transplante em crianças e adultos 

Ainda de acordo com a Dra. Liane, “O TMO é uma modalidade de tratamento para várias doenças hematológicas, oncológicas, imunodeficiências e outros defeitos congênitos do metabolismo, pois promove a substituição da célula-tronco hematopoiética doente. No caso das leucemias infantis, está indicado para consolidar o tratamento de crianças portadoras de doenças de muito alto risco e que não respondem adequadamente ao esquema de poliquimioterapia inicial”.

A médica ainda afirma: “O Hospital Moinhos de Vento realiza todas as modalidades de TMO em crianças: o TMO autólogo, usado para consolidar alguns tumores sólidos; e o TMO alogênico, usado nas demais doenças tanto de doadores familiares quanto de doadores voluntários dos registros nacionais e internacionais”.

Esses transplantes infantis são feitos na Unidade de Internação Pediátrica em ambiente protegido e adequado para segurança e conforto das crianças. A Unidade realizava transplantes de medula óssea autólogo, cujas células-tronco são da própria pessoa, e o alogênico aparentado, quando o doador é um familiar compatível. Porém, em 2018, o Hospital foi autorizado a fazer transplante alogênico não aparentado, em que as células são oriundas de um doador compatível, de fora da família.

Agradeçemos pela sua inscrição!

Prêmios e Certificações

Entrada 1 - Rua Ramiro Barcelos, 910 - Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS, 90035-000
Entrada 2 - Rua Tiradentes, 333
Av. João Wallig, 1800 - 3º andar - Shopping Iguatemi Porto Alegre
Avenida Cristóvão Colombo, 545 - Espaço Comercial P5-1