Conviver com o vírus HIV é diferente de viver com AIDS. O HIV, sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana, ataca principalmente o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. As mais atingidas são as células brancas de defesa, os leucócitos, do tipo linfócito CD4. O vírus se insere dentro do DNA destas células e faz milhões de cópias de si mesmo, rompendo a célula em busca de outras para continuar a infecção. Já a AIDS (da sigla em inglês, síndrome da imunodeficiência adquirida) é o estágio mais avançado desta infecção, porque o vírus, ao destruir as células de defesa, deixa o organismo mais vulnerável a diversas doenças. “De um simples resfriado a infecções mais graves como a tuberculose, o indivíduo nesta fase da doença corre riscos maiores de ficar doente. Outra consequência é o aumento da incidência de outras doenças como câncer, doenças cardiovasculares (ex. infarto agudo do miocárdio) e cerebrovasculares (ex. acidente vascular cerebral), principalmente naqueles pacientes com a doença não controlada e como outros fatores de risco. “O avanço do tratamento do HIV através de novos medicamentos antirretrovirais mais potentes e com menos efeitos colaterais proporcionou uma diminuição importante das doenças oportunistas aumentando a expectativa de vida. Com isto, começaram a surgir problemas relacionados ao envelhecimento comuns a população em geral, mas potencializados pela infecção crônica do HIV.” ressalta Paulo Gewehr, médico infectologista e Coordenador do Núcleo de Vacinas do Hospital Moinhos de Vento. O acompanhamento das condições e doenças associadas ao envelhecimento das pessoas que vivem com HIV atualmente é um dos principais focos no cuidado ambulatorial. Mas nem todo indivíduo que vive com o vírus chega a desenvolver a síndrome. Isso acontece por conta das variações dos sistemas imunológicos de cada pessoa ao combater o HIV. Em alguns casos a infecção evoluirá mais rápido do que em outros, chegando a fase chamada de AIDS. “Quase todos os indivíduos portadores do vírus sem tratamento adequado evoluirão para a síndrome da imunodeficiência adquirida, variando de meses a anos. Mas uma parcela muito pequena consegue controlar a infecção através de características genéticas muito específicas dos seus sistemas de defesa, impedindo que a infecção evolua”, esclarece o profissional. “É importante ressaltar que a pessoa portadora do vírus tem uma vida praticamente normal. Ela deve usar os medicamentos indicados, fazer acompanhamentos clínicos regularmente e manter práticas saudáveis como atividades físicas e alimentação adequada. Além disso, é fundamental o uso de preservativos para evitar a transmissão de infecções sexualmente transmissíveis, como HIV, sífilis, hepatite B, HPV, gonorréia, entre outras”, salienta o médico. Atualmente, o início do tratamento para o HIV é feito imediatamente após o diagnóstico, impedindo que vírus continue atacando o organismo, fazendo que este consiga se reestabelecer com mais rapidez. Quando o indivíduo se encontra com as defesas muito diminuídas, além de tomar os medicamentos antirretrovirais para o tratamento do vírus deve fazer uso de antibióticos para prevenir infecções específicas até que o sistema imunológico se restabeleça. “Hoje, os medicamentos que combatem o vírus HIV são utilizados assim que o diagnóstico é feito. As medicações mais antigas apresentavam vários efeitos colaterais como náuseas, vômitos, dor de cabeça e abdominal, diminuição do apetite, mal-estar, alteração da distribuição da gordura corporal (lipodistrofia) e outros sintomas. Avanços recentes conseguiram reunir três antirretrovirais em um único comprimido facilitando a adesão ao tratamento e a aumentando a comodidade do paciente”, aponta o médico. Com estas evoluções no tratamento, os novos antirretrovirais são mais potentes, têm menos efeitos colaterais e menor número de comprimidos, facilitando a adesão ao tratamento e o controle da doença. Temos disponíveis gratuitamente na rede pública 20 medicamentos diferentes utilizados combinações contendo no mínimo 03 medicações. Já existem mais 07 medicações licenciadas para uso em outros países que podem no futuro ser incorporadas as opções já disponíveis no Brasil. Estudos sobre novas medicações e vacinas para o tratamento do HIV continuam em vários centros de pesquisa. Recentemente, duas estratégias de tratamento preventivo oferecem novas armas no combate a transmissão do HIV, diminuindo de forma importante a transmissão do HIV, a PrEP e a PEP. A profilaxia pré-exposição (PrEP) é uma estratégia de prevenção que utiliza medicamentos antirretrovirais de forma contínua por pessoas não infectadas a fim de reduzir o risco de aquisição do HIV através de relações sexuais. Já a Profilaxia Pós-Exposição (PEP), é uma estratégia de prevenção que utiliza medicamentos antirretrovirais durante 28 dias em pessoas que tiveram risco de contato com o HIV através de relações sexuais desprotegidas ou acidentes de trabalho com exposição a material biológico, com a finalidade de impedir que o HIV se instale no organismo de forma definitiva. Este tratamento deve ser iniciado logo após a situação de risco sendo no prazo máximo de 72 horas. Importante lembrar que apesar da importância destas ferramentas de prevenção, o uso do preservativo é fundamental para a prática de sexo seguro, assim como a avaliação e o acompanhamento médico. Não existe ainda uma cura para o vírus HIV, pois ele consegue se esconder em alguns lugares do organismo chamados de santuários – reservatórios onde o vírus fica protegido da ação do sistema imunológico e dos antirretrovirais -, fugindo da ação das medicações que tentam combatê-lo. Além disso, ele pode apresentar uma infinidade de formas diferentes graças às milhares de mutações que desenvolve ao se multiplicar, dificultando a criação de uma vacina eficaz para todos os tipos de HIV. Mesmo com todas estas informações, alguns pacientes esquecem de tomar seus antirretrovirais regularmente e isso faz com que o HIV fique resistente a eles, passando a multiplicar-se novamente e atacar o sistema imunológico. Portanto o uso correto das medicações, o monitoramento através de exames e o acompanhamento clínico regular são fatores fundamentais para manter a doença controlada e uma boa qualidade de vida.  
Fonte: Paulo Gewehr, médico infectologista e Coordenador do Núcleo de Vacinas do Hospital Moinhos de Vento.

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