Doenças reumáticas, popularmente chamadas de “reumatismos”, consistem em muitos tipos de enfermidades e síndromes que afetam o sistema locomotor. Estas patologias podem prejudicar articulações, ossos, músculos, tendões, ligamentos, cartilagens, pele, olhos, pulmões, coração e rins. Mas será que crianças também podem ser acometidas por estas enfermidades? Para esclarecer o tema, o blog Saúde e Você entrevistou o Dr. Fernando Neubarth, chefe do Serviço de Reumatologia do Hospital Moinhos de Vento.

 

Existem formas de reumatismo que atingem o público infantil? Em caso positivo, até que idade costumam se manifestar?

Dr. Fernando Neubarth - A ideia de que “reumatismo é doença de velho” é um mito. As doenças reumáticas não acometem somente a população adulta e idosa, pois crianças e adolescentes também podem desenvolver casos, muitas vezes, crônicos. A artrite idiopática juvenil é a doença reumática crônica mais frequente. Ela se manifesta antes dos 16 anos de idade, deve ter uma duração maior do que 6 semanas e pode atingir uma ou mais articulações. Há estudos que mostram que podem acometer até 4 em cada 1.000 crianças, no Brasil e em outros países do mundo.

 

É importante lembrar que outras formas de doenças reumáticas, mais comuns nos adultos, também podem apresentar-se na infância, como lúpus e vasculites. Algumas doenças infecciosas, em especial as virais, podem provocar sintomas semelhantes aos das doenças reumatológicas. 

 

Quais são os principais sintomas a que os pais devem ficar atentos? E como não confundi-los com as dores do crescimento?

Dr. Fernando Neubarth - Em geral, a queixa é de dor articular, rigidez matinal, fraqueza e incapacidade de mobilizar uma ou mais articulações. Pode aparecer febre e acometimento de outros órgãos, inflamação nos olhos, aumento do fígado e baço, além de manchas na pele. Muitas vezes isso faz pensar até em outras doenças potencialmente mais graves. Dores do crescimento são bastante comuns e podem confundir inicialmente, mas é importante lembrar que reumatismo também acomete crianças e procurar avaliação sempre que a queixa de dor articular se prolongar.

 

Existem formas de tratar esses pequenos pacientes e diminuir as possíveis sequelas?

Dr. Fernando Neubarth - Felizmente temos cada vez mais recursos para aliviar esses sintomas e controlar as doenças reumáticas. Na criança é fundamental o tratamento adequado para que se minimize a possibilidade de sequelas, permitindo o desenvolvimento normal, que pode ser afetado tanto pela doença quanto pelo tratamento. Geralmente, o período de acometimento da doença permanece por um tempo específico e o bom controle vai propiciar que não restem maiores problemas após essa fase.

 

Quais são os tratamentos recomendados e a que médico a família deve levar a criança?

Dr. Fernando Neubarth - Os tratamentos são vários e dependem de cada caso específico, mas, geralmente, são utilizadas medicações que aliviam os sintomas, a dor, a inflamação e que podem modificar a evolução da doença. Também é necessário desenvolver alguns cuidados com as articulações acometidas, evitando sobrecargas enquanto estão inflamadas, por isso é importante ter orientações adequadas, com suporte multidisciplinar, visando o físico e o emocional, inclusive (e necessariamente) também da família. Todo esse cuidado e planejamento deve ser coordenado pelo pediatra e pelo reumatologista, em especial, o reumatologista pediátrico. O Hospital Moinhos de Vento conta, atualmente, com um ambulatório especializado em doenças reumáticas da infância.

 

Que conselhos o senhor deixaria aos leitores que estão passando por situações similares, neste momento?

Dr. Fernando Neubarth - A mensagem principal é para os pais, responsáveis e familiares:

- fiquem alertas para a possibilidade de uma doença reumática sempre que uma dor articular for prolongada e acompanhada de sintomas como febre, fadiga e dificuldade de movimento;

- saibam a importância de um diagnóstico precoce e que o tratamento adequado será fundamental para diminuir as consequências de um período da doença que, muitas vezes, é passageiro;

- conversem com o médico para orientações em relação à vida escolar da criança, lembrando também o quanto é importante a vida social para o seu desenvolvimento emocional;

- tenham em mente que as doenças reumáticas têm múltiplas causas, ainda não bem definidas, mas que, de maneira nenhuma, podem ser atribuídas à “culpa” dos pais e responsáveis. O bom entendimento disso ajuda a manter a família unida e solidária, fazendo com que esse tempo de acompanhamento seja menos difícil e com melhores desfechos.

 

 

Fonte: Dr. Fernando Neubarth (CRM 13231) é chefe do Serviço de Reumatologia do Hospital Moinhos de Vento.

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