Como saber se é comportamento da idade ou TDAH?

A Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) explica que o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) se caracteriza por dificuldades na área da atenção e no controle dos comportamentos, com sintomas que podem envolver desatenção, hiperatividade e impulsividade. Entretanto, nem sempre é fácil fazer a diferenciação entre o que é um comportamento esperado e natural da idade e quando um diagnóstico deve ser suspeitado. Principalmente em crianças menores de 4 anos, quando há uma imaturidade natural do cérebro, os comportamentos de agitação, inquietação e impulsividade podem ser normais, acalmando com o próprio desenvolvimento. A afirmação é do coordenador do Centro Especializado em Neurodesenvolvimento Infantil (CENI) do Hospital Moinhos de Vento, Dr. Thiago Botter Maio Rocha.


Qual é o perfil de uma pessoa portadora de TDAH?

“Os sintomas podem variar muito em cada pessoa, a depender do sexo e idade. Uma grande parte dos diagnósticos é realizado na infância, onde os sintomas mais percebidos nesse período da vida são os de hiperatividade e/ou impulsividade. Geralmente, a criança é mais agitada, inquieta, apresentando dificuldade em permanecer sentada ou parada em momentos em que se esperava que conseguisse. Também costuma apresentar comportamento impulsivo, muitas vezes agindo sem pensar, com dificuldade em fazer as coisas com calma, o que pode ocasionar problemas na sua convivência com amigos e familiares.”

Outros sintomas que podem ocorrer são uma maior desatenção a detalhes, cometendo erros por descuido, além de esquecimentos e dificuldade em manter o foco ou atenção por um tempo mais duradouro em atividades que exijam esforço mental mais prolongado, relata o Dr. Rocha, psiquiatra da infância e adolescência.

“São crianças mais distraídas, mais dispersas, que, às vezes, estão no ‘mundo da lua’, o que pode interferir no seu desenvolvimento escolar”, complementa. Entretanto, o especialista observa que, para a confirmação diagnóstica, há necessidade que esses sintomas estejam presentes em mais de um ambiente de convivência da criança, além de estarem numa frequência e intensidade acima do que seria esperado para aquela faixa etária. 


Afinal, o que é o TDAH?

Trata-se de um transtorno neurobiológico de causas genéticas, que, frequentemente, acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Segundo a ABDA, em torno de 60% das crianças e adolescentes com TDAH entrarão na fase adulta com alguns dos sinais indicativos da doença, porém, em menor número. 

O tema, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é tão sério que ganhou o dia 13 de julho para sua celebração mundial, a fim de servir de alerta e conscientização sobre a doença, que afeta quase dois milhões de brasileiros. E, desde 2021, a Lei Federal Nº 14.254 garante o desenvolvimento e a manutenção de um programa de acompanhamento integral para alunos com TDAH, dislexia ou outro transtorno de aprendizagem para o seu pleno desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, com auxílio das redes de proteção social existentes.


Como é feito o diagnóstico?

Dr. Thiago Rocha explica que, antes de qualquer diagnóstico, é fundamental avaliar fatores que possam estar influenciando na ocorrência dos comportamentos, como excesso de uso de telas, rotina desorganizada, falta de atividades físicas e ao ar livre, entre outros. Em relação aos sintomas de TDAH, o psiquiatra afirmar que esses já podem ser identificados pelo pediatra, mas que, na maior parte das vezes, o diagnóstico acaba sendo definido após avaliações realizadas por neuropediatra ou psiquiatra da infância e da adolescência. A partir dessa definição, é então planejado um tratamento personalizado para cada criança.


Os casos de TDAH estão aumentando?

Há alguns anos a população vem se perguntando se os números da doença vêm crescendo no mundo. O especialista do Hospital Moinhos de Vento esclarece que esta dúvida vem sendo objeto de muitos estudos científicos que visam responder se os quadros de TDAH estão aumentando.

“Até o momento, estas pesquisas vêm apontando sempre na mesma direção: que a frequência de crianças diagnosticadas com essa doença não tem oscilado ao longo das últimas décadas, se mantendo estável, apesar das diferentes influências sociais e dos estímulos novos que foram sendo criados. Estão no mesmo patamar, independente, por exemplo, de situações socioeconômicas ou étnicas, e em diferentes cenários ao redor do mundo”, justifica. 

A frequência de crianças diagnosticadas com TDAH varia entre 3 a 6% da população. Este quadro clínico é entendido como um transtorno do neurodesenvolvimento, onde há uma alteração do amadurecimento cerebral de algumas áreas. “Isso resulta em dificuldades nas funções de atenção, concentração e do controle inibitório, que é a capacidade de frear ou inibir comportamentos, o que gera maior agitação, impulsividade e, eventualmente, até a dificuldade de uma regulação emocional, do controle das emoções”, esclarece.

Em relação à impressão de que há um aumento no número de casos, o Dr. Thiago Rocha afirma: “Possivelmente, por haver hoje maior disponibilidade de informações sobre esse transtorno, além de maior acesso a relatos de muitas famílias que passam por situações similares, mais crianças estão sendo identificadas de forma mais precoce do que em épocas anteriores”.


Qual é o tratamento adequado?

Uma vez identificados os sintomas a partir de uma avaliação bastante criteriosa e cuidadosa e o diagnóstico de TDAH definido, o próximo passo é um planejamento individualizado para o paciente. “O tratamento para o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade passa, inicialmente, por uma orientação dos pais e familiares sobre esse diagnóstico, para que possam compreender melhor o que é o TDAH e seus sintomas, quais são as principais dificuldades que o portador enfrenta, além de entender quais são as melhores formas para auxiliá-lo, tendo em vista que estes comportamentos, em sua ampla maioria, não são situações em que a criança tem plena condição de controlar sozinha”, salienta o Dr. Thiago Rocha.

Assim, essas abordagens de psicoeducação e a orientação parental são as medidas iniciais fundamentais para qualquer tipo de plano de tratamento de crianças com o diagnóstico de TDAH. Para aquelas que não atingem pleno controle dos seus sintomas, além dessas primeiras orientações, podem receber indicação de um acompanhamento psicoterápico, com enfoque na terapia cognitivo-comportamental, que possui melhores evidências científicas e apontam resultados positivos.

Já aquelas que não têm pleno controle dos seus sintomas e estão tendo prejuízos em função dos seus comportamentos e da dificuldade em contê-los, podem ter a indicação do uso de medicações. “Estas devem sempre ser conversadas com muita transparência com a família, sendo explicados os aspectos positivos, mas também os riscos de efeitos colaterais dessas opções de tratamento, para que possam, junto com o médico assistente responsável, decidir qual é o melhor encaminhamento”, adverte o coordenador.

“A partir de um tratamento adequado, mantendo o apoio dos familiares, terapeutas e, eventualmente, com o uso da medicação, conseguimos perceber que muitas crianças passam a retomar um desenvolvimento mais saudável, mais tranquilo, com a melhora da sua capacidade de interação, do aproveitamento escolar e, muitas vezes, reduzindo bastante a sobrecarga parental, no dia a dia, e com uma melhora da qualidade de vida de todos”, avalia.


Mensagem para as famílias

“Com o tratamento realizado de forma adequada, com profissionais capacitados e com um planejamento de tratamento personalizado, é possível obter uma retomada da qualidade de vida e do desenvolvimento emocional, cognitivo e social mais saudável para esta criança”, conclui, otimista.


Centro Especializado em Neurodesenvolvimento Infantil (CENI)

Se, por acaso, você ficou com alguma dúvida ou tem algum parente com o TDAH, procure o Hospital Moinhos de Vento. Há pouco tempo, a instituição lançou o Centro Especializado em Neurodesenvolvimento Infantil (CENI) focado na avaliação de crianças de até seis anos para qualquer tipo de alteração do seu neurodesenvolvimento, incluindo situações sugestivas do TDAH.


Fonte:

Dr. Thiago Botter Maio Rocha (CRM-RS 31966) é psiquiatra da infância e adolescência e coordena o Centro Especializado em Neurodesenvolvimento Infantil (CENI) do Hospital Moinhos de Vento.

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Prêmios e Certificações

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