Muitos desconhecem as características do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) que, por sua vez, está cercado de dúvidas e informações incorretas. Também conhecido como Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA), consiste em um transtorno neurobiológico, de causas predominantemente genéticas, que se manifesta na infância e perdura por toda a vida do indivíduo. Os principais sintomas que caracterizam o TDAH é a desatenção, inquietude e impulsividade. Para a investigação de suspeitas de novos casos, é realizada uma avaliação clínica com médico especializado no assunto. Em casos positivos, o tratamento empregado pode envolver abordagens psicológica, psicopedagógica e medicamentosa.  

Causas

Estudos científicos mostram que portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento. O que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um grupo de substâncias químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam informação entre as células nervosas (neurônios). Na maioria dos casos, o tratamento do TDAH é feito com medicações, os psicoestimulantes, que atuam no sistema nervoso central. São medicamentos que foram criados em laboratórios entre as décadas de 40 e 50, ou seja, eles têm ao menos 60 anos de uso, o que nos proporciona uma boa experiência sobre estas medicações, seja em termos de reações e efeitos colaterais, como também seus benefícios. Isso significa que o tratamento medicamentoso é bastante seguro e, em geral, tem resultados bastante satisfatórios.  

O TDAH se manifesta na infância e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM), lista 18 sintomas que podem indicar o diagnóstico positivo:

1. Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades. 2. Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas, como conversas ou leituras prolongadas. 3. Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente, parece estar com a cabeça longe, mesmo na ausência de qualquer distração óbvia. 4. Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho. Costuma começar as tarefas, mas rapidamente perde o foco e o rumo. 5. Frequentemente tem dificuldade para gerenciar tarefas sequenciais; apresenta dificuldade em manter materiais e objetos pessoais em ordem; trabalho desorganizado e desleixado; mau gerenciamento do tempo; dificuldade em cumprir prazos. 6. Frequentemente evita, não gosta ou reluta, se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado, como trabalhos escolares ou lições de casa. Em caso de adolescentes mais velhos e adultos, a dificuldade está no preparo de relatórios, preenchimento de formulários ou revisão de trabalhos longos. 7. Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades, como materiais escolares, lápis, livros, instrumentos, carteiras, chaves, documentos, óculos ou celular. 8. Com frequência é facilmente distraído por estímulos externos (para adolescentes mais velhos e adultos, pode incluir pensamentos não relacionados). 9. Com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas, como realizar tarefas e obrigações. No caso de adolescentes e adultos, o desafio está em retornar ligações, pagar contas ou manter horários agendados. 10. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira. 11. Frequentemente levanta da cadeira em situações em que se espera que permaneça sentado. 12. Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é inapropriado. (Em adolescentes ou adultos, pode se limitar a sensações de inquietude). 13. Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente. 14. Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor ligado”. A pessoa não consegue ou se sente desconfortável em ficar parado por muito tempo, como em restaurantes ou reuniões. 15. Frequentemente fala demais. 16. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluída. 17. Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez. 18. Frequentemente interrompe ou se intromete nas conversas, em jogos ou em atividades. A pessoa pode começar a usar as coisas de outras sem pedir ou receber permissão. Com adolescentes e adultos, pode intrometer-se em ou assumir o controle sobre o que outros estão fazendo.   Para ser classificado como TDAH, estes sintomas devem estar presentes o tempo todo, em qualquer ambiente, e precisam causar algum tipo de prejuízo funcional à pessoa, como baixo rendimento escolar ou no trabalho. Uma vez feito o diagnóstico na criança, o ideal é realizar um acompanhamento médico contínuo, que irá avaliar se o tratamento deve ser medicamentoso ou psicoterápico/psicopedagógico. Conforme o paciente cresce, a tendência é de que o déficit de atenção, a hiperatividade e a impulsividade diminuam, chegando até a desaparecer na idade adulta em cerca de metade dos casos.  

Como ajudar?

Pais de crianças diagnosticadas com TDAH podem auxiliá-las a se desenvolverem saudavelmente e minimizar algumas características do transtorno:

1. Estabeleça regras e limites; 2. Estimule a criatividade; 3. Estimule atividades de que gostem, porém, alternando com responsabilidades; 4. Não a sobrecarregue de atividades; 5. Conceda intervalos de descanso no meio de tarefas maçantes; 6. Reforce positivamente o esforço em si, independentemente dos resultados; 7. Fortaleça a autoestima; não faça comparações com outras pessoas; 8. Explique as coisas por partes, curtas e diretas. Fale olhando nos olhos, faça-os repetir as instruções, e principalmente, não dê instruções em ambientes agitados e barulhentos. 9. Busque não ser extremista, não dar punições ou chamadas com tons extremos. 10. Tenha em mente que cada um é cada um. Observe, perceba, entenda aquela pessoa em suas especificidades e tente estimular o melhor que ela pode oferecer, respeitando suas limitações.
Fonte: Associação Brasileira do Déficit de Atenção. Validação: Dr. Jorge Grossman Zaduchliver (CRM 17737), chefe do Serviço de Psiquiatria do Hospital Moinhos de Vento.

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Prêmios e Certificações

Entrada 1 - Rua Ramiro Barcelos, 910 - Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS, 90035-000
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