O final do ano está próximo e este é um momento em que paramos para refletir sobre tudo o que aconteceu e listar o que desejamos para o próximo ano, além de aproveitar as festas na companhia da família e amigos. Mas e se você perdeu um ente querido recentemente? Como superar a dor do luto? Para compreender como lidar com essa fase tão delicada, especialmente nestes dias que podem ser mais emotivos, o blog Saúde e Você entrevistou a Dra. Lorena Caleffi, médica do Serviço de Psiquiatria do Hospital Moinhos de Vento.

 

Como lidar com a perda de um parente ou amigo?

Dra. Lorena Caleffi - Inevitavelmente, entraremos em um período de elaboração dessa perda, chamado de luto. Se, por alguma dificuldade, não for possível viver essa etapa imediatamente posterior à perda, esse luto aparecerá no futuro em uma outra situação, de forma inadequada e deslocada.

 

Nesta fase, é importante chorar?

Dra. Lorena Caleffi - Considerando então que o luto é inescapável, é importante chorar, falar, lembrar, a cada momento que precisar. Não existe um “jeito certo” de viver o luto. Cada pessoa expressará seu sofrimento da melhor maneira que conseguir.

 

É importante falar da saudade?

Dra. Lorena Caleffi - Como em relação à manifestação do choro, falar sobre os sentimentos também é fundamental. É a forma de elaborá-los. Saudade, ou outros sentimentos (até mesmo incômodos) relacionados às lembranças, devem ser expressados. É esse movimento que proporcionará a possibilidade de, com o tempo, os sentimentos encontrarem sua proporção adequada e a pessoa poder seguir sua vida, apesar da perda.

 

Quando esta perda é muito brusca, vale procurar apoio psicológico ou psiquiátrico? Quais são os sintomas de que a pessoa está em sofrimento e precisa de ajuda?

Dra. Lorena Caleffi - Uma avaliação psicológica e/ou psiquiátrica pode ser bem-vinda em uma ocasião como essa, principalmente no caso de crianças e adolescentes. Sintomas depressivos (como perda de interesse e prazer e humor deprimido sem modulação ao longo dos dias, de forma constante) são um alerta para a necessidade de tratamento.

 

Quanto tempo dura este período de luto, na maioria das vezes?

Dra. Lorena Caleffi - Um ano. A pessoa precisa vivenciar todas as datas que marcam o nosso calendário: terá o primeiro Dia das Mães e dos Pais, aniversários e as datas festivas de final de ano, que se aproximam agora.

 

Como o indivíduo pode lidar com estes sentimentos tão confusos e o imenso vazio que esta perda deixa?

Dra. Lorena Caleffi - Do ponto de vista psicodinâmico, a relação que existia com quem faleceu precisa passar por uma transformação. O que antes era uma relação com outra pessoa, passa a ser uma relação internalizada, “consigo mesmo”, com todos os significados que ficam dentro de nós, que eram relacionados a quem faleceu. É um “exercício mental” que, quem passa por uma perda, vai precisar fazer.

Com o tempo, a vida se reorganiza mesmo com a falta do falecido. Surgem novos papéis no contexto familiar, o que pode auxiliar quem passa pelo luto, ao assumir atividades que eram de quem faleceu, como fazer as comemorações de final de ano ou os churrascos de domingo, realizar consertos pequenos de costura ou em casa, entre tantos outros exemplos da intimidade familiar.

 

O que a pessoa "enlutada" pode fazer, no dia a dia, de forma prática, para preencher sua vida? 

Dra. Lorena Caleffi - Talvez o caminho nem seja “preencher a vida”, mas, sim, seguir com sua vida. A ideia de “preencher um vazio” pode ser uma armadilha para não pensar, para não enfrentar o sofrimento, que precisa ser enfrentado.

 

 

Fonte: Dra. Lorena Caleffi (CRM 17211) é médica do Serviço de Psiquiatria do Hospital Moinhos de Vento.

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