Você lembra que em 2021 o comentarista esportivo Caio Ribeiro foi diagnosticado com um câncer linfático, com um nome bem difícil? Era o linfoma de Hodgkin. Por sorte, naquele mesmo ano, o ex-jogador de futebol comemorava o sucesso do tratamento imediato e a vitória sobre a doença. Aliás, segundo a Dra. Erica Lammerhirt Ottoni, médica Hematologista do Centro de Oncologia Hospital Moinhos de Vento, o Linfoma Hodgkin, tem uma peculiaridade extremamente positiva: ele foi o primeiro tipo de câncer a ser curado na história das neoplasias. E o melhor: ainda tem uma alta chance de cura. Mas você sabia que existem outros tipos de linfomas, inclusive com nomenclaturas muito semelhantes? Para esclarecer o tema, o blog Saúde e Você entrevistou a Dra. Erica Ottoni.

 

O que são os linfomas?

Dra. Erica Lammerhirt Ottoni - Os linfomas são neoplasias que se originam nos linfócitos (que são células do sistema imune que costumam circular pelo sangue e também estão presentes nos gânglios linfáticos). Os linfomas, que podem ser divididos em dois grandes grupos: Linfomas Hodgkin e Linfomas Não Hodgkin.

 

Qual é a diferença entre o Linfoma Hodgkin e o Linfoma Não Hodgkin?

Dra. Erica Lammerhirt Ottoni - A diferença entre o Linfoma Hodgkin e o Linfoma Não Hodgkin é que o primeiro foi descrito pelo médico inglês Dr. Thomas Hodgkin. Sendo uma das classes de linfoma. E os Linfomas Não Hodgkin são os que não estão nessa categoria que têm uma célula específica vista pelo especialista (hoje considerado o maior patologista de seu tempo e um pioneiro na medicina preventiva). Dentro de cada grupo temos vários linfomas, portanto, não somente dois tipos de linfoma. Mas saliento: não temos só estes dois tipos de linfomas.

 

Como é possível diferenciar os linfomas?

Dra. Erica Lammerhirt Ottoni - Os linfomas, geralmente, se apresentam de maneira muito semelhante. Conseguimos ver qual é o tipo de linfoma a partir da biópsia que é feita e analisada pelo médico patologista. Com a classificação das características dessas células, ele consegue nos dizer qual é o tipo de linfoma.

 

Quais são os principais sintomas?

Dra. Erica Lammerhirt Ottoni - Os principais sintomas são os aumentos dos gânglios linfáticos (as chamadas adenomegalias), que os pacientes podem apalpar em si próprio ou podem aparecer em exames de imagem. Algumas pessoas também têm sintomas como febre e sudorese noturna, com um suor que lhes obriga a trocar de roupa no meio da noite. Além de emagrecerem geralmente mais de dez por cento do peso corporal usual.

 

Os linfomas têm comportamentos similares?

Dra. Erica Lammerhirt Ottoni - Os linfomas têm comportamentos diferentes. Eles podem ser classificados como agressivos, que têm um crescimento muito rápido. E temos outros com desenvolvimento mais lento, chamados de indolentes.  Os linfomas agressivos têm maior chance de ter cura, porém o paciente normalmente chega em um estágio mais grave e precisa iniciar o tratamento imediatamente.

 

Já os linfomas de crescimento lento, como o Linfoma Folicular, podem ser observados ao longo do tempo e tratados somente quando causam sintomas para o paciente. 

 

O que esperar dos tratamentos dos Linfomas?

Dra. Erica Lammerhirt Ottoni - Os Linfomas Não Hodgkin agressivos, têm uma boa taxa de cura, mas alguns pacientes não conseguem ficar curados no primeiro tratamento e precisam de várias outras intervenções, como Transplante Autólogo ou Alogênico de Medula Óssea e, mais recentemente, terapias como as células CAR T e anticorpos biespecíficos. Estas novas terapias buscam usar o próprio sistema imune para combater o linfoma, as chamadas imunoterapias.

E os linfomas de crescimento lento, como o Linfoma Folicular, acabam não tendo cura, mas o paciente atinge altas respostas com o tratamento e, hoje em dia, a expectativa de vida das pessoas com esses linfomas menos agressivos é praticamente igual à da população que não tem linfomas.

 

Com que idade podem surgir os linfomas de Hodgkin?

Dra. Erica Lammerhirt Ottoni - Os linfomas de Hodgkin costumam acontecer em uma fase mais precoce da vida em adultos jovens; entre vinte e trinta anos de idade. Na segunda onda de ocorrência, acontece em uma fase mais idosa: perto dos setenta anos.

 

A que médico recorrer em caso de suspeita de linfoma?

Dra. Erica Lammerhirt Ottoni - Na suspeita de linfoma, geralmente o médico a ser procurado é o hematologista, que vai conversar com o paciente e entender se aquele aumento dos gânglios linfáticos pode ser decorrente de uma infecção, porque eles costumam aumentar durante processos infecciosos, bacterianos e virais. A localização dos gânglios aumentados ajudam no diagnóstico: no pescoço, geralmente são linfonodos reacionais, nos quais os gânglios aumentam por uma infecção que está ocorrendo.

 

Outras regiões do corpo, como a axilar e a inguinal (nas virilhas), podem ser localizações mais sugestivas de câncer. O médico hematologista é o profissional mais indicado para fazer essa avaliação. Se houver a necessidade de uma biópsia, ele vai encaminhar o paciente para um cirurgião oncológico ou específico daquela área do corpo, para que se faça a retirada daquele gânglio e se envie esse material para o médico patologista, que é o especialista em fazer o diagnóstico por lâminas e microscopia, e a classificação desses linfomas.

 

O que acontece a partir do diagnóstico?

Dra. Erica Lammerhirt Ottoni - A partir do diagnóstico correto, podemos determinar qual é o tipo do linfoma, o prognóstico (ou a chance do paciente ficar curado) e, principalmente, qual é o tratamento adequado para aquele indivíduo.

 

Quais são os tratamentos indicados?

Dra. Erica Lammerhirt Ottoni - Os tratamentos dos linfomas são diversos e dependem de cada tipo. O tratamento do Linfoma Hodgkin tem ficado menos intenso ao longo dos anos. E alguns quimioterápicos têm sido substituídos por imunoterapias ou terapias-alvo. Assim as intervenções têm sido mais leves do que eram antigamente. Às vezes, é preciso complementar a quimioterapia com radioterapia.

 

É possível tratar linfomas com cirurgias?

Dra. Erica Lammerhirt Ottoni - É importante frisar que os linfomas, por serem da natureza dos linfócitos (que são células que circulam no nosso sangue), não podem ser tratados com cirurgia. Na maioria dos linfomas, deve ser feita uma biópsia e, posteriormente, ser aplicada quimioterapia. 

 

Existe alguma novidade no tratamento dos linfomas mais agressivos?

Dra. Erica Lammerhirt Ottoni - Um grande avanço no tratamento para o linfoma difuso de grandes células que não respondem às quimioterapias habituais foi o surgimento da Car T-Cell, que é uma célula geneticamente modificada. Trata-se de uma célula imunológica do próprio paciente “treinada” em laboratório para “atacar” o linfoma. 

Esse tratamento já foi feito aqui no Brasil e recentemente publicado, sendo uma imunoterapia altamente especializada que se mostrou bastante eficaz em levar cura para os pacientes que não respondem ao tratamento convencional de quimioterapia. Além disso, outras modalidades de imunoterapia para linfomas são esperadas para os próximos meses, como os anticorpos Biespecíficos. Esses anticorpos também levam o próprio sistema imune a atacar as células neoplásicas e estarão mais rapidamente disponíveis quando comparados com as células CAR T.

 

De que forma o Hospital Moinhos de Vento pode contribuir com o tratamento de pacientes com linfomas?

Dra. Erica Lammerhirt Ottoni - O Hospital Moinhos de Vento hoje tem um Serviço de Hematologia e Terapia Celular, que conta como Centro de Oncologia especializado na aplicação dessas quimioterapias, uma unidade de internação hematológica e transplante de medula óssea com médicos especialistas e, principalmente, uma equipe de enfermagem, fisioterapia, nutricionistas e psicólogas, altamente qualificada no tratamento e no acompanhamento dos pacientes que têm neoplasias hematológicas, incluindo os linfomas. Como diferencial, ainda contamos com uma equipe de Farmácia, que nos auxilia na revisão e na melhor aplicação da quimioterapia dos pacientes.

 

Fonte: Dra Erica Lammerhirt Ottoni (CRM/RS 31154) médica Hematologista do Centro de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento.

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Prêmios e Certificações

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