Tendências de inovação: do iFood à entrega de medicamentos

Por: Felipe Cezar Cabral*
Há alguns dias eu li uma notícia que me deixou entusiasmado. O iFood recebeu autorização da Anac (Agência Nacional Aviação Civil) para realizar testes experimentais de entregas por meio de drones. Isso mesmo: a era da entrega por drone chega ao Brasil. É impressionante como o momento que estamos vivendo, ainda que seja um período de crise e de perdas - não apenas econômicas, mas infelizmente de vidas - está abrindo espaço para a inovação.
Estamos mudando completamente a realidade de lidar com o cliente e com os nossos competidores, a forma que interpretamos dados e, principalmente, como inovamos e geramos valor. Diariamente vemos nos noticiários casos de pessoas e empresas que estão se reinventando e trilhando novas possibilidades.
Na área da saúde conseguimos avançar com a telemedicina, que tem sido uma eficiente e segura alternativa de atendimento médico. No Hospital Moinhos de Vento, por exemplo, já foram realizadas mais de 45.000 consultas, aliviando o atendimento nas emergências e evitando deslocamentos desnecessários.
>> Se você quer saber mais sobre os avanços e desafios da telemedicina, recomendo a leitura deste outro artigo que escrevi.
Nós estamos vivenciando um período em que os avanços tecnológicos crescem em um ritmo acelerado nos mais diferentes setores. Ainda assim, as mudanças não acontecem do dia para a noite. Os drones do iFood, por exemplo, ainda não vão chegar em nossas casas. Neste primeiro momento, o drone vai atuar na primeira parte da rota, levando os pedidos até os entregadores que farão as entregas finais. O objetivo é trazer mais eficiência para a operação logística. Os primeiros testes vão acontecer em São Paulo, mas se forem bem sucedidos, o iFood já mapeou cerca de 200 cidades no Brasil onde será possível replicar o modelo. Ou seja: é só o começo!!
Mas o que o iFood tem a ver com a área da saúde?
Bom, eu vejo esses primeiros passos do iFood como uma tendência que pode se consolidar no Brasil e abrir caminho para outros setores, como o da saúde. Se os primeiros experimentos com drones no Brasil forem promissores, as chances da ideia se espalhar são bem altas.
Já imaginou drones ajudando a fornecer cuidados de saúde mais eficientes aos pacientes à distância e em locais com infraestrutura precária, com rápida entrega de vacinas, medicamentos e suprimentos?
Se você acha que isso é algo muito distante, assista ao seguinte vídeo:
Instigante, não acha?
No futuro, os drones podem até serem aliados da telemedicina. Imagine drones entregando medicamentos para pacientes que estão sendo atendidos em casa. Ou em atendimentos domiciliares, em casos de coleta de sangue, o material coletado sendo imediatamente enviado por drone para o laboratório. Essas são algumas previsões e tendências compartilhadas no portal Drones in Helthcare.
Mais do que imaginar, podemos acompanhar alguns exemplos reais que aconteceram recentemente, por conta da pandemia do novo coronavírus. Com o isolamento social sendo uma das principais medidas de prevenção, diversas empresas usaram robôs e drones para diminuir o contato entre as pessoas e, consequentemente, o contágio por Covid-19.
Bernard Marr, colunista da Forbes, listou alguns casos. Compartilho aqui o que vem acontecendo no mundo:
● Robôs estão sendo usados para consultar pacientes remotamente. Profissionais da saúde se protegem do contágio e continuam trabalhando para ajudar as pessoas com suspeita de Covid-19. Os robôs podem ser usados para medir a temperatura, a pressão arterial e até os batimentos cardíacos à distância - um baita aliado para uma teleconsulta, não acha?
● Ambientes esterilizados são essenciais para conter uma pandemia, principalmente em hospitais. Com raios ultravioleta, os robôs desinfetam salas e outros espaços. Profissionais da saúde controlavam as máquinas à distância, sem se exporem ao vírus.
● Na China, os drones serviram para mais do que apenas entregas. Essa tecnologia foi usada para transmitir mensagens de áudio para as pessoas em quarentena. Alguns drones até podem “enxergar” a temperatura corporal das pessoas na rua.
Esses fatos são a prova de que não podemos mais deixar de falar sobre inovação, seja qual for a nossa área de atuação e que, em muitas vezes, elas podem ser usadas para alterar a sua atividade e até mudar a direção do seu negócio.
Precisamos falar cada vez mais e incentivar o debate no setor acadêmico. Os futuros profissionais, inclusive profissionais da saúde, precisam estar preparados para a inovação e os avanços tecnológicos, que vão muito além das máquinas. Criar uma jornada digital e entender que dentro dela existem interações físicas é fundamental para sairmos do modelo hospitalocêntrico e definitivamente pensarmos no paciente como centro de toda a nossa atividade.
Precisamos estar preparados para que a digitalização da jornada do paciente seja uma ferramenta valiosa para atender a toda população, e isso precisa começar no ambiente acadêmico e continuar com a atualização constante dos profissionais.
Precisamos nos manter atualizados
A inovação é um caminho sem volta. Se não queremos nos tornar obsoletos, capacitação e atualização são o segredo. Precisamos enxergar as tecnologias e as máquinas como aliadas, e não como substitutas do ser humano. Esse dilema é um clássico da nossa era, mas sou otimista de que o fator humano é um diferencial imbatível. O desafio está em prever as tendências e capacitar as pessoas para que elas possam evoluir com seus empregos ou empresas. Como meu amigo Gilberto Takata da Predict Vision diz: homem + máquina e não homem vs máquina.
Mais do que ficar de olho nas novidades e aprender com elas, é interessante acompanhar de perto também os desafios e limitações dos avanços tecnológicos. O uso e o compartilhamento de dados, bem como a adaptação dos órgãos regulatórios às novas tecnologias, são exemplos disso. Fazer esse acompanhamento nos deixa mais preparados para entender o que precisa ser feito e como podemos contribuir.
Você acompanhou alguma outra notícia sobre inovação que chamou sua atenção? Quais tendências estão no seu radar? Compartilhe comigo nos comentários!
*Coordenador Médico de Saúde Digital no Hospital Moinhos de Vento
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